Esquema que roubava dinheiro do Detran começou com Silval e veio até meados de 2018, relata desembargador

Esquema que roubava dinheiro do Detran começou com Silval e veio até meados de 2018, relata desembargador detran
RedaçãoEm votação apertada, por 9 votos favoráveis e 8 contra, o Pleno do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) decidiu, nesta quinta-feira (23), conceder liberdade ao deputado Mauro Savi (DEM), ao ex-secretário Paulo Taques, a seu irmão Pedro Jorge Taques, ambos advogados, e aos empresários Claudemir Pereira dos Santos e Roque Anildo Reinheimer. Todos eles são investigados na Operação Bônus-Bereré que apura fraudes no Departamento Estadual de Trânsito (Detran-MT). O esquema, segubndo a denúncia, teria desviado cerca de R$ 30 milhões dos cofres da autarquia.Um outro acusado de participação no esquema, o empresário Jose kobori, foi solto há cerca de 10 dias, por determinação do ministro José Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF). Eles estavam presos desde 9 de maio deste  ano e caberá ao desembargador José Zuquim, do TJMT, determinar as medidas protetivas, como uso de tornozeleiras, por exemlo, aos agora pronunciados réus que responderão ao processo soltos.No mesmo julgamento, o Pleno aceitou por unanimidade a denúncia contra os acusados, incluindo o empresário José Kobori, que já estava em liberdade. Eles se tornam réus na ação penal oriunda da Operação Bônus, 2ª fase da Operação Bereré, deflagrada pelo Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e pelo Núcleo de Ações de Competência Originária (Naco-Criminal).O relator da ação, desembargador José Zuquim, detalhou o envolvimento de cada um dos denunciados nas fraudes.Segundo ele, os desvios começaram em 2009, com a FDL Fidúcia – atual EIG Mercados -  vencedora de ama licitação para prestação de serviços junto ao Detran de Mato Grosso. “Mauro Savi era o dono do Detran e Teodoro Lopes, o Dóia (então presidente do órgão) era o representante dele na autarquia. Mauro Savi deu ordem para Doia que a FDL Fidúcia seria a vencedora da licitação”, afirmou Zuquim.Posteriormente, de acordo com o desembargador, passou a participar do esquema a empresa Santos Treinamento, que seria de “fachada” e tinha como objetivo “lavar” as propinas pagas pela EiG e distribuida aos participantes do grupo que controlava o Detran à época do então governador Silval Barbosa e tinha como líder principal o deputado Mauro Savi, espécie de “donatário” da repartição de trânsito que tem uma arrecadação milionária, com orçamento maior que muitas secretarias de Estado.Por essa “lavanderia” chamada de Santos Treinamento passaram cerca de R$ 30 milhões – dinheiro surrupiado do Detran.Entre os principais beneficiados, além de Savi, estava o ex-governador Silval Barbosa e o ex-deputado federal Pedro Henry Neto.NOVOS DONOSÉ aquela velha história; “Rei morto, Rei posto” e, com relação à roubalheira no Detran, mudaram apenas os donos, segundo apurou as investigações. Em 2014, com a eleição do novo Governo, houve alteração nos nomes de beneficiários, alem da forma de pagamento da propina. Com isso, a empresa Santos Treinamento deixou o esquema e o principal beneficiário passou a ser o advogado Paulo Taques, que viria a assumir a Casa Civil do Estado na gestão do primo, o atual governador Pedro Taques. E quem passou a intermedias as propinas passou a ser o executivo da EIG Mercados, José Kobori.“A propina a Paulo Taques era paga por meio de bônus concedido a José Kobori, executivo da EIG. Em dezembro de 2014, ele recebeu R$ 1,4 milhão e outros R$ 1,2 milhão foram pagos em 10 parcelas ao longo de 2016”, explica Zuquim.O desembargador destacou ainda que a organização criada para desviar recursos do Detran se manteve ativa entre 2009 e meados de 2018, ou seja, por mais de 8 anos.   Pedidos ce revogação  Após a votação do recebimento da denúncia, o Pleno passou a analisar os pedidos de revogação de prisão. Relator do caso, José Zuquim não queria colocar a soltura dos réus em votação, alegando que poderia fazer esta análise de forma monocrática. Todavia, foi voto vencido pelos demais membros.O relator, então, votou pela manutenção da prisão dos acusados de participar das fraudes. Segundo ele, desde a deflagração da operação Bônus, a situação fática dos réus não mudou. “A situação é a mesma. Não houve mudança nos fatos, exceto a intervenção no Detran. Expus em outro voto que caso houvesse o rompimento do contrato e não apenas a intervenção, não haveria razão para as prisões dos irmãos Taques. Não há nada novo que mude a situação do caso”, assinalou.