NÚMEROS DA BÁRBARIE: Negacionismo e atraso político levaram a Covid-19 matar no Brasil quatro vezes mais do que média mundial

 NÚMEROS DA BÁRBARIE:  Negacionismo e atraso político levaram a Covid-19 matar no Brasil quatro vezes mais do que média mundial enterros
Por Mário Marques de Almeida ANÁLISE:  Dados trazidos a público por uma instituição científica centenária da maior respeitabilidade do porte da Fiocruz, com uma gama enorme de serviços prestados na área de pesquisa médica, os números que apontam o caos que se abateu na saúde pública brasileira e se agravou na gestão bolsonarista, deixam evidente que o fato da avalanche de mortandade no Brasil, com óbitos derivados da Covid-19 serem quatro vezes maior do que a média mundial, só podem ser explicados como resultado direto do negacionismo e das campanhas sisitemáticas antivacinas. Ou seja, originadas de movimentos orquestrados e difundidos por setores atrasados da sociedade, enraizados em nichos da extrema-direita, raivosa e ignorante que vêm disseminando fake News por meio das quais combatem a imunização das pessoas, mesmo que isso possa custar milhares e milhões de vida expostas ao contágio do Coronavírus, suas sequelas e letalidade. Esses setores fascistas, cegados pelo ódio deixam de reconhecer que vacinas foram e são feitas para salvar vidas e podem não ser 100% seguras, mas têm eficácia comprovada suficiente para combater a pandemia e à medida que a imunização avançar, os vírus podem ser controlados e até extintos, assim como aconteceu com tantas outras doenças que desapareceram ou deixaram de ser tão letais, graças aos imunizantes. Feita a observação, leia agora, linhas abaixo, matéria da Agência Estado que trata do assunto: A mortalidade por covid-19 no Brasil equivaleu a quatro vezes a média mundial por milhão de habitantes: 2.932 mortes contra 720. O País teve 6,7% dos registros da doença no planeta, mas concentrou 11% das mortes. Os números estão no Boletim do Observatório Covid-19 Fiocruz, divulgado nesta quarta-feira, 9. O documento faz um balanço dos dois anos da pandemia. Na análise dos pesquisadores, a alta mortalidade registrada no País, resultou "em uma calamidade que afetou diretamente a saúde e as condições de vida de milhões de brasileiros". A desigualdade social, o acesso desigual a médicos e hospitais, a falta de coordenação das ações de enfrentamento da doença por parte do governo federal e a demora na aquisição de vacinas são apontadas pelo relatório como as principais causas da alta mortalidade. A análise apresenta uma perspectiva da evolução da pandemia desde a descoberta do vírus até os dias atuais. Baseia-se em estudos feitos pela Fiocruz ao longo desse tempo e sintetiza a dimensão do impacto da doença. Foram 388 milhões de casos em todo o mundo, 26 milhões deles no Brasil (6,7% do total). O número de mortes chegou a 5,7 milhões em todo o planeta, mais de 630 mil deles no País (11% do total). Além de impactar a saúde da população e sobrecarregar os serviços de saúde, a pandemia resultou em uma combinação de efeitos sociais e econômicos que agravam as desigualdades estruturais da sociedade. De acordo com o boletim, a doença afetou mais gravemente a camada mais vulnerável da população e as regiões mais pobres. Covid-19 matou mais os mais pobres; há bolsões de baixa imunização no Norte, Nordeste e Centro-Oeste O problema se repete na vacinação. Enquanto as regiões Sul e Sudeste apresentam alto porcentual de imunização, algumas áreas das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste ainda apresentam bolsões de baixa imunização. "Esses bolsões ficam em lugares de menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), com populações mais jovens, menos escolarizadas, baixa renda e residentes de cidades de pequeno porte", avaliam os cientistas. "Para estes locais, o fim da pandemia parece mais distante que para grandes centros como o Rio de Janeiro e São Paulo, que já apresentam elevada cobertura vacinal com duas doses." O documento ressalta que a atual situação ainda é preocupante por causa da alta taxa de disseminação da variante Ômicron, ainda que os casos de internação e mortalidade estejam mais baixos por conta da vacinação. "O monitoramento da nova variante, associado ao estudo genético de suas mutações, sugere rápido crescimento do número de casos por conta de sua capacidade de disseminação, até 70 vezes maior do que a da Delta, segundo alguns estudos", aponta a Fiocruz. Segundo a fundação, é preciso acelerar a vacinação e manter as medidas não farmacológicas, como distanciamento físico e uso de máscaras. É precipitado considerar covid-19 uma endemia, não uma pandemia, afirma Fiocruz De acordo com o boletim, no caso do Brasil, seria precipitado suspender medidas de controle e adotar uma transição do estado de pandemia para endemia. "A classificação da doença como endêmica representaria a incorporação de práticas sociais e assistenciais na rotina do cidadão e dos serviços de saúde e só poderia ser pensada após drástica redução da transmissão pelas novas variantes e por meio de campanha mundial de vacinação", sustenta o boletim.