INVASÃO DA UCRÂNIA: Para "provar" a seguidores que não está isolado no mundo, Bolsonaro colou em Putin e fragiliza Brasil perante democracias ocidentais

INVASÃO DA UCRÂNIA: Para
Mário Marques de Almeida As manchetes dos principais órgãos de Imprensa do Brasil e do mundo informam, nesta quinta-feira (24) sobre os ataques de tropas russas a cidades ucranianas, consumando assim o início da invasão da Ucrânia. O Brasil, que não teria nada a ver com esse conflito naquela parte distante do mundo, repentinamente se vê no "olho" desse furacão graças à ignorância e incompetência de Jair Bolsonaro que, se afastando da atuação tradicional da política internacional brasileira, que é de não envolvimento em disputas entre outras nações, mantendo neutralidade nessas contendas alheias, rompeu com essa tradição diplomática civilizada e visitou o presidente Putin, autocrata que governa a Russia, no momento mais inadequado: quando o líder russo já ameaçava invadir a Ucrânia e havia deslocado grandes contingentes de tropas para a fronteira entre os dois países. Na sua ida ao Kremlin, na semana passada, Bolsonaro expressou "solidariedade" a Putin. A visita do presidente brasileiro a Moscou às vésperas de uma guerra da Rússia contra uma nação vizinha, foi repudiada veementemente pelos Estados Unidos e a União Européia, entre outros países do Ocidente. Bolsonaro e uma numerosa delegação fizeram essa inoportuna "visita" em um dos momentos mais obscuros da história, remetendo ao que pode ser uma das maiores tragédias bélicas da humanidade. Para piorar a situação e causar vexame mundial, se expondo pessoalmente e exponto o Brasil ao rídiculo, Jair Bolsonaro induziu suas bases fanáticas a propalarem versões fantasiosas de que ele teria demovido a Rússia de atacar a Ucrânia. Acreditem, se quiser! Encerro por aqui. Entenda melhor o caso, lendo matéria do jornalista Jamil Chade, um dos mais respeitados analistas de política internacional: Jamil Chade / Colunista do UOLA decisão de Jair Bolsonaro (PL) entrará para a história da diplomacia presidencial brasileira como um dos maiores equívocos cometidos por um chefe-de-estado. Os ataques conduzidos por Vladimir Putin contra a Ucrânia expõem o Palácio do Planalto e, na avaliação de negociadores estrangeiros, isolam ainda mais Bolsonaro entre o bloco de democraciHá uma semana, Bolsonaro desafiou militares brasileiros, uma ala do Itamaraty e a pressão do governo dos EUA e optou por manter sua viagem ao Kremlin. Encurralado e disposto a mostrar que seu governo não iria ceder às pressões de Joe Biden, ele manteve a missão, Mas bastou um deslize de sua parte, anunciando "solidariedade" aos russos, para que a viagem se transformasse em uma dor de cabeça para a chancelaria. A coluna apurou que, nos bastidores, a crise ucraniana foi mencionada apenas "marginalmente" na conversa de mais de uma hora entre Bolsonaro e Putin. Mas foi a ausência de um apelo forte do brasileiro para que o russo aderisse a um pacto de não agressão que chamou a atenção internacional. Oficialmente, a União Europeia não comenta a viagem de Bolsonaro, enquanto fontes diplomáticas brasileiras apontam que Bruxelas deixou a crítica explícita ser feita pelo governo de Joe Biden. A Otan também se recusou a tecer um comentário oficial. Mas nos altos círculos diplomáticos da Europa, o sentimento é de que Bolsonaro foi "ridicularizado", principalmente depois de usar a viagem para vender a ideia de que ele convenceu Putin a retirar tropas da região. Para um embaixador na ONU de uma das maiores economias da UE, a viagem de Bolsonaro e seu comportamento em Moscou mostrou que o brasileiro "nutre uma simpatia maior por autocratas como Putin e Xi Jinping que por líderes europeus".No governo brasileiro, o argumento é de que Bolsonaro tentou ser recebido pela Europa Ocidental. Mas teve as portas fechadas, inclusive por Boris Johnson, no Reino Unido. Para outro negociador europeu, isso não é motivo para, então, sair em busca de líderes autoritários como chancela de seu reconhecimento internacional. "Essa viagem foi um enorme tiro no pé. Mas, no fundo, quem é que fica hoje surpreendido pelas ações de Bolsonaro?", afirmou um embaixador do bloco europeu. Ávido por mostrar ao seu eleitorado que não estava isolado, Bolsonaro conseguiu aprofundar seu status de pária internacional. De acordo com negociadores em Paris, o Itamaraty imediatamente iniciou um processo de esclarecimento da postura brasileira e, na noite de quarta-feira, chegou a declarar na ONU que um ataque era "inaceitável". Mas, ao longo dos últimos dias, a chancelaria tem evitado usar a palavra "condenação" e muito menos citar Putin em seus discursos, apenas indicando que todos os atores precisam ter suas preocupações ouvidas. "Não sabemos qual a política externa do Brasil. A do Itamaraty, que parece estar em uma insurreição interna, ou a do presidente", acusou um embaixador estrangeiro.