Caminhoneiro de MT lidera grupo de transportadores autônomos que na noite deste domingo foram ao Planalto com pauta maior de reivindicações
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27/05/2018 - 20:47
baitaca
Redação
Gilson Baitaca - experiente no comando de outras paralisações de condutores de cargas -, representante do Movimento de Transportes de Grãos de Mato Grosso é um dos líderes do grupo de pelo menos 15 caminhoneiros autônomos de vários Estados que chegaram ao Palácio do Planalto na noite deste domingo, 27, para, segundo eles, se reunirem com o presidente Michel Temer a quem querem apresentar uma pauta de reivindicações.
Quem é
Baitaca se notabilizou a partir do movimento iniciado em Lucas do Rio Verde (360 Km ao Norte de Cuiabá), em torno de um churrasco de confraternização de caminhoneiros, e que se espraiou por todo o Brasil, em protesto contra os baixos precos de fretes ofertados pela trades (grandes grupos empresariais) que comercializam grãos, notadamente soja.
Esse movimento, ocorrido em 2015, mostrou a força de mobilização de condutores autônomos de cargas desvinculados de sindicatos e federações e unidos por grupos e associações informais, surgidas espontaneamente ou induzidas pelas redes sociais através da internet.
Militância Política
Devido a notoriedade adquirida com a paralisação de 3 anos atrás que teve o epicentro em Lucas e se espalhou por outras regiões brasileiras, Gilson Baitaca saiu candidato a vereador naquele município, em 2016,mas, contrariando expectativas, não se elegeu e ficou na suplência.
No Planalto
Na ida à Brasília, neste domingo (26), Gilson e o grupo do qual é um dos expoentes reforçaram a pauta já apresentada na quinta-feira - com pedido de medida provisória para uma nova política de remuneração do frete e um decreto presidencial para zerar o PIS/Cofins - e também novos pedidos - como garantir 30% do transporte da carga dos Correios para motoristas autônomos. O encontro não estava previsto na agenda do presidente da República. "Nossa pauta é mais gorda que a apresentada antes", disse Gilson, representante do Movimento de Transportes de Grãos, de Mato Grosso. O encontro tem ainda, além de MT, representantes autônomos de Estados como Rio Grande do Sul, Goiás, Rio de Janeiro, São Paulo e entorno do Distrito Federal. Ao chegar ao Planalto, os motoristas disseram que a audiência com Temer foi agendada, mas não informaram por quem. Na reunião, caminhoneiros pediram mais assertividade nas medidas prometidas pelo governo. Para a nova política para o frete, por exemplo, o governo se comprometeu a adotar uma nova tabela de referência em 1º de junho e atualizações trimestrais pela Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT). O grupo pediu que a mudança seja feita por MP e comece a vigorar imediatamente. O grupo também voltou a pedir a isenção da PIS/Cofins para o diesel por decreto presidencial. Gilson Baitaca, que atua como espécie de porta-voz do grupo, defendeu que os motoristas só voltarão a circular com medidas concretas publicadas e não simples promessas. "Queremos efetividade de ação. Nada de promessas. Só aceitamos medidas publicadas no Diário Oficial", disse Fábio Roque, transportador autônomo do Rio Grande do Sul. "Fomos convidados pelo governo. O movimento é soberano e estamos aqui para resolver. Não adianta acordo verbal. Só com as reivindicações publicadas no DO", emendou Gilson. Além de reforçar a pauta de quinta-feira ou pedir agilidade ao acordo já firmado, o grupo também trouxe novos pedidos ao governo. Um dos pedidos será a oferta de 30% da carga movimentada pelos Correios aos motoristas autônomos. O mesmo pedido foi feito para o transporte da Petrobras e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O acordo firmado na quinta-feira prevê que o governo oferecerá 30% do transporte da Conab, mas não garantiu o mesmo para a Petrobras e sequer menciona os Correios. Aos jornalistas, alguns dos motoristas citaram que estavam no encontro realizado na última sexta-feira, mas não assinaram o documento firmado por outras entidades e o próprio governo. Segundo os autônomos que chegaram ao Planalto neste domingo, o grupo dialoga com as estradas e sabe com detalhe os pedidos dos caminhoneiros que estão parados nas rodovias. Após a frustração com o acordo firmado na quinta-feira com líderes nacionais e que foi completamente ignorado pelas estradas, o Palácio do Planalto decidiu abrir diálogo com coordenadores regionais e específicos do movimento para tentar resolver o problema que já está no sétimo dia e ameaça se estender por tempo indeterminado. A ação foca especialmente os motoristas que estão à frente dos pontos de protesto com maior resistência ou considerados estratégicos pelo gabinete de monitoramento criado pelo governo federal.