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Gilson Baitaca não se elegeu vereador em Lucas do Rio Verde, mas lidera caminhoneiros em MT e fala “grosso” com Temer e seus ministros
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28/05/2018 - 06:56
BAITACA2
Por Mário Marques de Almeida
Na cédula de identidade, na carteira de motorista e no título de eleitor ele tem imprimido o nome de batismo e que consta na certidão de nascimento: Gilson Pedro Pelicioni, mais conhecido como Gilson Baitaca. Foi com este último que ele registrou sua candidatura a vereador, pelo PSB, nas eleições de 2016, em Lucas do Rio Verde (360 Km ao Norte de Cuiabá) e não se elegeu na cidade onde mora e exerce as atividades de empresário do setor de transportes e dublê de político. Não é propriamente um barão do setor de cargas rodoviárias, desses que possuem centenas de carretas e pegaram carona na paralisação dos caminhoneiros (legítima, por sinal) e fizeram locaute (greve de patrões, que é ilegal), mas sim um pequeno empresário do segmento de transportes. Embora não tenha sido bem sucedido nas urnas e, através do voto popular ser eleito (ficou na suplência) um dos representantes na Câmara Municipal da sociedade onde ele vive, Baitaca, em compensação, se faz ouvir quando se trata de mobilizar ou participar, na condição de liderança, de manifestações de caminhoneiros! Entre os quais proprietários de um ou mais veículos ou simples motoristas que não têm sequer um caminhão velho para chamar de seu.Sejam iguais as que surgiram, a partir de conversas em um churraco de beira de rodovia. Lá na mesma Lucas do Rio Verde, no ano de 2015, ganhou contornos de movimento nacional se espalhando pelo Brasil e, pela primeira vez, trouxe para os focos da mídia e deu notoriedade ao nome de Gilson Baitaca - o principal protagonista dessa manifestação nascida informalmente, sem a diretriz de entidades formais, a exemplo de sindicatos, federações ou confederações do setor. Foi o primeiro tratamento de choque que os pequenos transportadores de cargas deram no Brasil! Mas a lição, como se vê agora, está sendo assimilada a um custo muito alto por toda a sociedade brasileira, penalizada por uma crise raramente vista no país de desabastecimento de gêneros alimentícios, remédios, combustíveis, além de carestia nos preços de produtos que estão escassos e quase provoca um colapso total na economia dependente quase que exclusivamente de transportes rodoviários, pela falta de outras alternativas mais econômicas para deslocamento de mercadorias.Multiplicada pela força das redes sociais e pelo boca a boca dos caminhoneiros, essa primeira greve dos motoristas desembocou nesta de agora, que completa uma semana, e lá atrás gerou centenas de Baitacas pelo país – líderes locais.Os mesmos que, na noite deste domingo (26), o presidente Michel Temer e seus principais ministros, deixando as pompas e liturgias dos cargos no acostamento palaciano, tiveram que receber no Palácio do Planalto. Não só recebê-los, como foram obrigados a ceder às exigências do grupo, do qual participava Gilson Baitaca, representando os condutores autônomos de cargas de Mato Grosso. Antes, porém, do “amém” aos carreteiros em greve, suas excelências ouviram um “buzinaço” de caminhões que, feito as trombetas do Egito, como que anunciavam a chegada deles ao palácio.Se foi proposital ou não a “buzinação”, o fato é que serviu de prelúdio para o que aconteceria a seguir com os governantes acuados tendo que acatar uma pauta recheada de cobranças de um setor que mostrou força de “frear” o país e sua economia durante essa semana recém-passada. E cujos danos terão desdobramentos e ainda vão perdurar por mais tempo, haja vista que será o Tesouro Nacional – ou seja, os contribuintes – quem vão pagar as supostas perdas da Petrobras com o rebaixamento do preço do óleo diesel e desoneração de taxas e tributos incidentes sobre esse insumo – o que acarretará, por sua vez, redução nos repasses de receitas para os Estados e municípios.Temer e seus ministros atenderam pelo menos 15 Baitacas de várias regiões brasileiras, e seguiram à risca o que estes exigiram: acionando o Diário Oficial na madrugada de ontem e em edição extraodinária, que circula nesta segunda-feira, traz mais benefícios aos transportadores de cargas do que aqueles que o governo federal estava disposto a conceder, inicialmente.Os gráficos da Imprensa Nacional tiveram que ser mobilizados às pressas porque o grupo de grevistas, conforme as palavras do próprio Gilson Baitaca, “não acredita” em promessas e acordos com governantes tratados apenas na base da palavra – no que estão cobertos de razão, em se tratando de Brasil – e quer ver o “preto no branco", o compromisso estampado nas páginas do DO.Tudo isso, sem que Michel Temer e seus ministros tenham dormido com a certeza - e muito menos “nosotros” aqui na planície pantaneira - de que os condutores vão acionar os motores de seus caminhões e voltar ao trabalho, a partir de hoje.De qualquer forma, o dia promete!Mário Marques de Almeida é jornalista