João Fonseca sente a pressão e cai na estreia do Rio Open: ‘Não consegui jogar meu jogo’

João Fonseca sente a pressão e cai na estreia do Rio Open: ‘Não consegui jogar meu jogo’
Em menos de um ano como tenista profissional, João Fonseca acumulou bons resultados e ganhou o carinho da torcida brasileira, que ansiava por um grande nome no circuito masculino desde a aposentadoria de Gustavo Kuerten, em 2008. Por já ser número 1 do Brasil aos 18 anos, João chegou ao Rio Open como o centro das atenções. Os holofotes, porém, trouxeram um peso com o qual o jovem não conseguiu lidar na primeira rodada da competição carioca, como ele mesmo admitiu em entrevista após a derrota para Alexandre Muller. – Eu sabia que o nervosismo ia bater, que eu precisaria enfrentar o medo de jogar com tanta gente. Tentei com todas as minhas forças encarar o momento e não consegui. Faz parte de qualquer esporte. É seguir aprendendo para melhorar no futuro. Estou triste pela derrota, mas, pensando pelo lado positivo, é experiência para as próximas vezes – disse João, antes de completar: – (Minha maior frustração) É saber que eu teria que enfrentar o nervosismo e não consegui. Não joguei meu jogo, com meu jeito alegre e feliz. Não consegui jogar com o público, ser eu dentro de quadra. Número 68 do mundo (perderá posições na atualização da próxima semana), João ascendeu no ranking justamente pelo acúmulo de bons resultados, que começou no Rio Open do ano passado, quando alcançou as quartas de final. Desde então, o brasileiro estreou em chaves principais de Grand Slams (Australian Open) com vitória sobre top 10 do mundo. Ainda conquistou títulos de Challengers, do Next Gen ATP Finals e do ATP 250 de Buenos Aires. No torneio argentino, finalizado no último domingo (16), João enfrentou uma dura sequência e lidou com dores. Um incômodo no abdome exigiu trabalho com fisioterapia em Buenos Aires, por exemplo. Mas o tenista garantiu que problemas físicos e cansaço não influenciaram na derrota para Muller, 60º do ranking mundial: – Eu estava 100% fisicamente. Tive duas boas noites de sono (depois do ATP de Buenos Aires), descansei bem. Estava zerado de dor também. Hoje não teve nada a ver com o físico, foi mais a parte mental. Depois da eliminação no Rio Open, João já começa a projetar os próximos passos da carreira. A queda para Muller ainda deve doer, mas o caminho é longo e reserva grandes emoções. – (Após o jogo contra Muller) Eu tive uma conversa com o meu treinador. Falei o que sentia. De hoje para amanhã, vou ficar triste, bravo comigo mesmo, mas é só o começo. Um dia depois do outro. Amanhã é descansar, e, na quinta, voltar aos treinos. Tênis é assim. Você pode perder mais do que ganhar. É seguir trabalhando para melhorar não só como atleta, mas também como pessoa. E o que não faltou no Rio Open foi incentivo para que João siga em frente. A torcida brasileira lotou as arquibancadas da Quadra Guga Kuerten e aplaudiu o tenista brasileiro mesmo depois da derrota. O comportamento dos torcedores mostra que João já é uma realidade do tênis e do esporte brasileiro em geral. Mesmo muito novo, o tenista carrega a responsabilidade de quem tem um número considerável de fãs. – É uma honra. Estamos na profissão para ajudar outras pessoas, inspirá-las a jogar tênis e estar mais presentes no esporte. Ajudar o Brasil a ser um país do esporte novamente. Tento conseguir isso de alguma forma, mas só tenho a agradecer todo o apoio do povo brasileiro. Triste por não fazer mais um jogo com o melhor público do mundo, mas é seguir trabalhando para que eu tenha outros momentos como esse nos próximos anos.