Pesquisadores da UFMT e da Universidade de Nottingham fazem levantamento das taxas de carbono capturadas e mantidas no solo da região do Pantanal
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18/03/2025 - 05:14
Em Mato Grosso, pesquisadores da UFMT, dos Campi Araguaia e Cuiabá, em colaboração com a Universidade de Nottingham, na Inglaterra estão fazendo um levantamento para ver as taxas de carbono capturadas e mantidas no solo da região do Pantanal.
Segundo o Professor Doutor Sérgio Roberto de Paulo, Secretário de Relações Internacionais e docente do Programa de Pós-Graduação em Física Ambiental da UFMT, o Pantanal foi escolhido por ser uma das zonas úmidas tropicais mais importantes do Brasil e por abrigar uma diversidade de vegetação, que varia de florestas a lagos, pastagens e áreas de gado, consolidando-se como um hotspot global de biodiversidade e carbono.
Ele que é Professor Assistente em "O Ciências Ambientais" da Universidade de Nottingham, na Inglaterra, destaca que o projeto, conduzido em colaboração científica entre a UFMT e outras instituições, visa fornecer novas estimativas sobre o armazenamento de carbono em solos e vegetação em diversos tipos de ecossistemas e regimes de gestão no Pantanal. “Nosso projeto busca entender como usar diversos tipos de dados, tanto amostragem de solo em locais remotos, usando tecnologia de varredura a laser terrestre para rapidamente criar modelos 3D da estrutura florestal, quanto novas ferramentas em química orgânica para analisar a química funcional do carbono armazenado. Juntos, esses dados podem nos mostrar o quão vulnerável o Pantanal e seu carbono podem ser às mudanças climáticas ou ambientais.” O projeto será conduzido ao longo de três anos, quantificando a quantidade de carbono estocada no solo e estimando, através de escaneamento LIDAR, o carbono presente na vegetação.
Nicholas Girkin ressalta ainda que o projeto busca compreender a extensão e a vulnerabilidade do armazenamento de carbono no Pantanal, um dos maiores sistemas de áreas úmidas tropicais do mundo. Embora seja uma área vasta, ainda existem lacunas significativas no entendimento das distintas partes do ecossistema, especialmente no que diz respeito à quantidade de carbono armazenado.
O Professor Doutor Milton Moraes, do Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical da UFMT, explica como se deu esta parceria. “Fiz o pós-doutorado na Inglaterra em 2023, quando houve interesse de instituições britânicas em estudar o Pantanal. Conectei-me com pesquisadores da UFMT que já investigam a região, incluindo o programa de Pós-Graduação em Física Ambiental, que também está conosco nesta pesquisa. Estamos iniciando nossa primeira parceria com recursos do governo da Inglaterra e celebrando um convênio oficial que visa dar continuidade a esses estudos”, revelou.
Girkin, que visitou a Base Avançada do Pantanal em 2023 para conhecer a estrutura, salientou a importância estratégica da Base para as pesquisas na região. “O Pantanal é vasto e pode ser logisticamente desafiador acessar os locais de amostragem necessários. Para estudar a dinâmica vegetal ou o sequestro de carbono no solo, precisamos de estações de pesquisa disponíveis como esta, que nos permitem criar postos de monitoramento dedicados para abrigar pesquisadores e investigar esses processos a longo prazo”. E completou: “As instalações únicas que a Universidade Federal de Mato Grosso possui são essenciais para nosso projeto, na medida em que possibilitam o acesso a diferentes exemplos do sistema de áreas úmidas no Pantanal e iniciam medições de longo prazo, sem a necessidade de recorrer a terceiros”.