O prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), voltou a causar polêmica ao admitir que pretende terceirizar parte da educação pública da capital. A ideia, segundo ele, é firmar parcerias com a iniciativa privada para que escolas particulares passem a assumir a gestão de unidades do município ou recebam alunos da rede pública por meio de convênios.
Durante entrevista concedida nesta quinta-feira (17), na sede da Câmara Municipal, Abilio afirmou que o projeto deve ser colocado em prática já a partir de 2026. Ele alega que, apesar dos altos investimentos realizados em infraestrutura, folha de pagamento, materiais e uniformes, o resultado obtido pela rede pública tem sido insatisfatório. Disse, inclusive, que há alunos com dificuldades em leitura e em operações matemáticas básicas.
“Vamos abrir vagas na rede privada, vamos avaliar todos os desempenhos aqui do Município e, se houver a oportunidade de terceirizar a educação, também faremos. Contratar pela iniciativa privada quem vai ministrar aulas em Cuiabá”, declarou. Ele explicou ainda que pretende realizar licitações ou parcerias público-privadas (PPPs), permitindo que empresas assumam a gestão de escolas públicas, reformem as estruturas e contratem seus próprios professores.
Além disso, o prefeito anunciou que os profissionais da rede municipal passarão a ser avaliados com mais rigor. Ele afirmou que já determinou à Secretaria de Educação a criação de critérios de desempenho e não descartou a possibilidade de abertura de processos administrativos contra servidores que forem considerados ineficientes ou “façam corpo mole” em sala de aula.
As declarações devem aumentar ainda mais a tensão entre o Executivo e o Sintep-MT, sindicato que representa os trabalhadores da educação. Nos últimos dias, a relação entre o prefeito e a categoria se deteriorou após a tentativa do governo municipal de alterar a forma de pagamento do adicional de um terço de férias durante o recesso do meio do ano. A proposta foi retirada de pauta após pressão de vereadores e protestos da categoria, mas o clima de conflito continua.
A terceirização da educação, embora ainda em fase inicial, representa uma mudança estrutural na forma como a cidade lida com a gestão do ensino público. Caso o modelo avance, Cuiabá pode se tornar uma das primeiras capitais do país a entregar parte da rede escolar à iniciativa privada. O prefeito, por sua vez, tem defendido que o foco deve ser o resultado: “Se a rede privada consegue entregar melhores indicadores, por que não trazer isso para dentro da estrutura pública?”, questionou.
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