CRM-MT acusa delegado de abuso de autoridade

 CRM-MT acusa delegado de abuso de autoridade CRM

Um médico recebeu voz de prisão dentro de um hospital particular de Cuiabá após o delegado Pablo Carneiro acusá-lo de exercer ilegalmente a profissão. O profissional, no entanto, é formado, possui registro ativo e atua como residente em anestesiologia na unidade. Ele foi detido durante uma consulta pré-cirúrgica e liberado após prestar depoimento.

A ação do delegado desencadeou uma reação imediata do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT), que anunciou que ingressará com uma representação na Corregedoria da Polícia Civil contra Carneiro. O Conselho também vai oficiar o governador Mauro Mendes e a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), pedindo providências diante do episódio.

O presidente do CRM-MT, Diogo Leite Sampaio, classificou o caso como “absurdo” e disse que se trata de um claro abuso de autoridade.

“É uma violação grave dos direitos e prerrogativas de um médico formado, devidamente inscrito e apto a exercer sua profissão. Ele foi preso por uma alegação absurda e fantasiosa. Foi vítima de violência institucional, e o Conselho irá agir com firmeza”, afirmou.

Segundo relatos, o delegado estava no hospital para uma avaliação pré-cirúrgica. Após o atendimento, deixou o consultório e retornou instantes depois, já dando voz de prisão ao médico. Profissionais da unidade tentaram entender o motivo e foram ameaçados. Carneiro teria dito que “na viatura que estava chegando caberiam mais pessoas”, segundo testemunhas.

Já na delegacia, quando confrontado sobre a inexistência de crime, o delegado tentou alterar a tipificação da ocorrência. A tentativa não avançou após depoimentos de outros médicos e funcionários da unidade, que confirmaram que o atendimento ocorreu dentro da legalidade.

Sampaio reforça que residentes são médicos formados e aptos a prestar atendimento.

“Eles passam por processo seletivo rigoroso, atuam sob supervisão e têm respaldo legal para conduzir consultas e avaliações. Não houve qualquer irregularidade por parte do profissional”, destacou.

PRONTUÁRIOS APREENDIDOS

Além da prisão arbitrária, o delegado recolheu prontuários no consultório, alegando que seriam provas. Para o CRM-MT, o ato configura quebra de sigilo médico — conduta que só poderia ocorrer mediante decisão judicial. O Conselho afirma que representará Carneiro também por essa violação.

Nota da Polícia Civil

A Polícia Civil informa que o profissional foi encaminhado até a delegacia para esclarecimentos.

O conduzido foi ouvido e liberado, bem como testemunhas foram arroladas e serão ouvidas nos próximos dias.

A Delegacia Especializada de Estelionato de Cuiabá instaurou procedimento para apurar os fatos.

 

(COM UNICA NEWS)