Líder preso de CV disse que havia plano para matar o juiz Marcos Faleiros em oitiva no Presídio Ferrugem

Líder preso de CV disse que havia plano para matar o juiz Marcos Faleiros em oitiva no Presídio Ferrugem REPRODUÇÃO

Relatório oficial de inspeção do Tribunal de Justiça de Mato Grosso revela que havia um plano para matar o juiz responsável pela inspeção no Presídio Ferrugem, em Sinop. Segundo o documento, o alvo seria o juiz Marcos Faleiros da Silva, que conduzia as oitivas no Fórum de Sinop no âmbito da fiscalização do sistema prisional.

A trama foi relatada durante depoimento de um detento identificado como I. C.S.S., apontado como liderança da facção criminosa Comando Vermelho (CV).

De acordo com o relato registrado no relatório, o plano teria sido encomendado pelo diretor do presídio, Adalberto Dias de Oliveira, com participação do subdiretor Antônio Carlos Negreiros dos Santos. A intenção seria provocar um ataque contra as autoridades presentes na audiência para deslegitimar as denúncias de tortura feitas pelos presos durante a inspeção.

O documento descreve que, no momento da oitiva, o detento apareceu sem algemas nos pés e com algemas de mão colocadas de forma simulada, conseguindo soltá-las facilmente dentro da sala de audiência, em clara quebra dos protocolos de segurança. Ainda segundo o relatório, havia a expectativa de que ele pudesse atacar o juiz e o promotor presentes, o que não se concretizou por decisão do próprio custodiado.

"Segundo o I, o plano foi encomendado pelo diretor Adalberto Dias de Oliveira e teve a participação do subdiretor Antônio Carlos Negreiros dos Santos, considerado seu braço direito no presídio. O custodiado I, afirmou que o objetivo seria deslegitimar os relatos de violência prestados por outros presos durante a inspeção", disse o preso.

Segundo o preso, pela execução do plano ele recebeu a promessa de regalias dentro do presídio, tais como a transferência para Raio Evangélico, onde os reeducandos têm uma autonomia de transitar com certa liberdade dentro dos Raios, além da garantia de vaga de trabalho externo, que é raro no presídio.

Durante seu depoimento, o custodiado I, chamou a atenção do magistrado que conduzia a audiência e do Promotor de Justiça, ao demonstrar que estava sem os marca-passos nos pés (algemas de pés). Em seguida, ao levantar os braços, mostrou que as algemas em seus pulsos estavam abertas, realizando um movimento de rotação com os braços que fez com que as algemas caíssem no chão. O marca-passos (algemas de pés) foram deliberadamente retirados e as algemas de mão foi colocada de forma simulada, para que ele se soltasse e praticasse atentado contra o juiz e o promotor, com a finalidade de tirar a credibilidade dos relatos de tortura apresentados pelos presos e tirar a atenção e foco da inspeção.

A situação foi presenciada por magistrados, promotor de Justiça, defensor público, servidores do Judiciário e representantes de órgãos de direitos humanos, levando a equipe a encerrar os trabalhos e retornar a Cuiabá por razões de segurança.