EIS A QUESTÃO: Cobrar impostos do agronegócio ou não? Sobre o tema, leia a opinião de Wilson Santos

EIS A QUESTÃO: Cobrar impostos do agronegócio ou não?  Sobre o tema, leia a opinião de Wilson Santos Wilson Santos
Redação Em artigo, o deputado estadual Wison santos (PSDB) indaga sobre o fato de Mato Grosso ser um dos maiores produtores de grãos e carnes do país, mas não se beneficiar dessa imensa produção em termos de arrecadação direta de impostos.   Santos defende a taxação do agronegócio, um tema que vem suscitando debate entre os setores da sociedade que querem ver o agronegocio contribuindo com os cofres públicos, a exemplo do que fazem todas as demais atividades econômicas, e do outro lado as entidades representativas da classe produtora rural que desejam continuar se beneficiando da desoneração (não pagar tributos).   Leia o texto, cuja íntegra segue abaixo, e faça também suas conclusões. O assunto é relevante, além de abrangente e interessar à população mato-grossense como um todo:   TAXAÇÃO DO AGRONEGÓCIO   Wison Santos   Por que o modelo de desenvolvimento econômico e social de Mato Grosso, implantado nas últimas décadas, não beneficia a todos? Quem são os grandes beneficiados com a produção primária do Estado? Até quando MT vai manter sua economia baseada no latifúndio, na produção de produtos primários,  baratos e pouca geração de empregos no campo? Desde 2000 o índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Mato Grosso, está estagnado na 11ª posição no ranking dos estados brasileiros. O Brasil é o quarto produtor mundial de alimentos, mesmo assim o número de famílias que vivem na miséria é alarmante. Em Mato Grosso, essa realidade não é diferente.Dados do Ministério da Agricultura apontam que Mato Grosso é o estado que mais exportou produtos do Agro em 2018, ultrapassando SP, MG, RS e PR.Até julho deste ano, o estado exportou em dólares mais de 10 bilhões, o que daria na moeda nacional em torno de 40 bilhões de reais. E sabe o que isso representou para os cofres do estado? Quase nada! Essa gigantesca produção exportada não paga imposto, pois, está isenta via Lei Kandir. É isso que precisamos debater. Enquanto poucos vivem em “ilhas de riqueza”, 160 mil mato-grossenses estão desempregados, quase 10 % da população ativa para o trabalho. Segundo o Instituto MT de Economia Agropecuária, a produção de soja é lanterna em geração de emprego pois, só gasta com salários 2,76 % do custo total para produção. No último dia 29 de novembro, a Assembleia Legislativa realizou uma Audiência Pública e iniciou o debate sobre a “Taxação do Agronegócio” em Mato Grosso. O evento contou com a participação maciça do Agro, com a presença do Presidente Normando Coral (Famato), Rui Prado (ex – presidente Famato), Jorge Pires (presidente Acrimat), representantes da Aprosoja, Sindicatos Rurais, 15 Deputados Estaduais eleitos e reeleitos, entre outros, onde foi oportunizado a todos explanações de forma democrática e respeitosa. A Audiência Pública da “Taxação do Agronegócio” foi apenas o pontapé inicial, de um tema que desde 2015, venho pautando no Parlamento Estadual.Na linha de defesa de um Estado mais justo e humanizado,  entendo que o caminho a seguir é a diversificação da nossa economia, priorizando a INDUSTRIALIZAÇÃO.Segue comparação entre produtos primários e industrializados, segundo o Ministério de Indústria e Comércio ( 2008/09):  Comparação entre produtos primários e industrializados: PRODUTO PREÇO EM DOLAR GANHO COM VALOR AGREGADO Soja em grãos       398          + 320% Óleo de soja refinado    1.271   Milho em  grãos       200          + 840%  Óleo de milho refinado    1.675   Frango “in natura”    2.127          + 225% Frango industrializado    4.798   Leite condensado    1.780          + 230%  Manteiga    4.065                                                                                   Fonte: Secex/Mdic 2008/2009 No rumo da Industrialização nosso Estado reúne, como nunca, todos os elementos necessários: matéria-prima abundante (algodão, couro, madeira, milho, soja etc.); Energia de sobra; mão-de-obra farta a ser capacitada;  linhas de financiamentos aos industriais ( SUDAM, FCO e BNDES)  e ainda “ de japa”, acabamos de eleger um Governador-Industrial. Assim como em 2016 o Agro veio à mesa das discursões e acabou apoiando a criação do FETHAB II, rogo para que novamente as lideranças desse importante setor produtivo não virem as costas para este debate, inclusive, informo que a Argentina acaba de tributar novamente seus produtos primários para exportação. Na tarefa de construir um Estado justo e humanizado é preciso fazer o dever de casa, reduzindo o tamanho do aparelho estatal, não para um Estado-mínimo mas, um  Estado necessário; combater diuturnamente a corrupção e melhorar intensamente a eficiência na oferta de serviços de qualidade à população. Plagiando o imortal e herói Mato-Grossense Dom Aquino Correa:                                                                       “Ouve, pois, nossas juras   solenesde  fazermos em   paz  e união  teuprogresso imortal como a fênix queainda timbra  o teu  nobre   Brasão”Wilson Santos é professor e exerce mandato de Deputado Estadual.