“Furor antiambentalista” de Bolsonaro provoca aumento no desmatamento e ameaça acordo com UE; fato prejudica agronegócio de MT
|
19/07/2019 - 23:59
desmatamento
Redação
O tão festejado acordo entre o Brasil e demais países do Mercosul com a União Européia, que abriu novas perspectivas de mercados, pode encontrar dificuldades na sua implementação efetiva devido ao crescimento elevado do desmatamento. A notícia é ruim para a economia como um todo e, particularmente, para o setor de agronegócios, em especial para Mato Grosso, um dos maiores produtores de grãos e de carnes da região.
Na visão de empresários e técnicos, o setor agropecuário evoluiu bastante no Estado e já adota tecnologias e práticas que consorciam a preservação ambiental com a produção em escala. razão pela qual o segmento, que predomina na economia de Mato Grosso e é voltado basicamente para a exportação, vê com preocupação qualquer tipo de ameaça à expansão de novos mercados.
O obstáculo adicional ao entendimento comercial internacional entre os dois blocos pode ter como raiz o desmonte deliberado de órgãos federais de fiscalização e controle ambientais qur vem sendo implementado pelo novo governo brasileiro, e tem contribuido para estimular a invasão de reservas e parques nacionais, especialmente na região amazônica, refletindo no crescimento do desmatamento. Fato que gera preocupação. não só em parcelas mais conscientes da sociedade brasileira e, principalmente, entre consumidores de países mais desenvolvidos, a exemplo dos europeus.
E o que é pior, sinalizando através de ações e discursos dos novos mandatários do Brasil que a destruição de florestas deverá aumentar numa dimensão nunca antes vista no país.
Essa “nova” política onde a derrubada indiscriminada de árvores cresceu na primeira metade de julho e superou a taxa do mês inteiro no ano passado, ameaçando o acordo comercial do Mercosul com a União Europeia.
Mais de 1 mil quilômetros quadrados de matas foram derrubados na primeira quinzena de julho, o que representa 68% a mais em relação a todo o mês de julho de 2018, segundo dados preliminares de satélite do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
O desmatamento visto até o momento em julho é o maior de qualquer mês desde agosto de 2016, e ocorre após aumentos importantes na comparação anual ocorridos em maio e junho.
A Amazônia abriga a maior floresta tropical do mundo, e cientistas consideram sua proteção essencial no combate à mudança climática.
Ambientalistas dizem que o aumento do desmatamento no Brasil é resultado das políticas do presidente Jair Bolsonaro e de sua “bandeira” fortemente anti-ambientalista.
Acordo
No mês passado o Mercosul, bloco formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, firmou um acordo comercial com a UE que inclui compromissos ambientais.
O pacto já enfrenta uma batalha para ser ratificado por países membros do bloco europeu, cujos agricultores temem a competição do poderoso setor agrícola brasileiro, que afirmam estar sujeito a regras ambientais menos rígidas do que as europeias.
O Parlamento da Irlanda e o ministro da Agricultura da Itália pediram que o acordo seja rejeitado.
Partidos verdes e agricultores europeus podem capitalizar a elevação do desmatamento no Brasil para reforçar seus argumentos contra a ratificação do acordo comercial, disse um diplomata europeu radicado no Brasil.
"Acho que é munição para eles usarem, especialmente os agricultores, mesmo que não se importem com a Amazônia", disse o diplomata, sob condição de anonimato, uma vez que não tinha permissão para falar com a mídia.
Se o acordo for ratificado, os membros da UE terão procedimentos formais de disputa para apresentar queixas se considerarem que o Brasil está violando uma cláusula que exige que se "implante medidas para combater a extração ilegal de madeira e o comércio relacionado", de acordo com o texto do acordo publicado pela UE na sexta-feira.
Os dados do governo sobre o desmatamento deste mês são preliminares, e os números finais da medição dos 12 meses transcorridos até o final de julho ainda serão divulgados. Segundo o Inpe, um aumento nos dados preliminares quase sempre indica um aumento nas cifras anuais.