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Embora governo federal conteste dados, derrubadas na Amazônia cresceram 222% em agosto, diz Inpe
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08/09/2019 - 23:59
DESMATAMENTO100
Redação
O desmatamento na Amazônia aumentou 222% em agosto deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados do Deter, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que dispara alertas de desmatamento para ajudar nas ações do Ibama.Mesmo não sendo destinado à medição direta do desmate, o Deter pode ser usado para apontar tendências de aumento ou queda na destruição da floresta. Com uma maior precisão, É o Prodes, também do Inpe, que determina anualmente as taxas de desmate --que são medidas entre agosto de um ano e julho do seguinte. Em agosto deste ano foram desmatados cerca de 1.698 km² de floresta. No mesmo mês, em 2018, foram 526 km².Nos últimos meses, o desmatamento, quando comparado a anos anteriores, vem crescendo. Os meses de junho e julho, respectivamente, apresentaram crescimento de 90% e 278% no desmate em comparação aos mesmos meses de 2018.Em meio à crescente destruição, o governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) passou a contestar, sem provas, os dados do Inpe. Bolsonaro chegou a afirmar, em julho, que o então diretor do instituto, Ricardo Galvão, poderia estar a "serviço de alguma ONG".Galvão se defendeu do ataque pessoal e passou a defender os dados e a ciência produzida pelo Inpe. As informações sobre desmatamento também foram contestadas, sem maiores justificativas, por outros integrantes do governo, como os ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente), Marcos Pontes (Ciência) e o general Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional).A escalada de ataques do governo às informações fornecidas pelo Deter levou à demissão de Galvão, no início de agosto. Após a demissão, mais uma crise se instalou com o crescimento das queimadas no país. Bolsonaro, novamente sem provas, falou que os incêndios poderiam estar associados a ONGs.O aumento das queimadas --que, junto a outros incêndios na América do Sul, chegaram a escurecer os céus de São Paulo-- atraiu atenção e críticas internacionais, como do presidente francês Emmanuel Macron.Bolsonaro, durante as recentes crises ambientais, passou a atacar as ações de países europeus no Brasil e seus mandatários. Após a Alemanha, pelo aumento no desmatamento, cortar mais de R$ 150 milhões que iriam para projetos de conservação, o presidente brasileiro falou que a chanceler Angela Merkel poderia usar esse dinheiro para reflorestar as matas alemãs.Quando a Noruega anunciou que também interromperia o dinheiro doado via o bilionário Fundo Amazônia --por conta do governo ter extinto os conselhos que geriam o fundo, dessa forma paralisando-o--, Bolsonaro afirmou que o país não tinha nada a oferecer ao Brasil e que os noruegueses matam baleias. Bolsonaro também atacou o mandatário francês e chegou a ofender, via redes sociais, a primeira-dama da França. O presidente brasileiro recusou US$ 20 milhões de dólares (R$ 83 milhões) do G7 para combate às queimadas e chamou a oferta de ajuda de "esmola". Aceitou, contudo, ajuda de Israel, que enviaria material químico para conter o fogo, mas que, no fim, acabou enviando uma delegação com 11 especialistas israelenses em combate a incêndios.Com a crescente crise, Bolsonaro gravou um pronunciamento oficial, em tom protocolar e mostrando-se mais moderado, no qual pediu para que as queimadas não fossem usadas como pretexto para sanções internacionais.Para tentar controlar o fogo que se concentra principalmente em áreas privadas e florestas não destinadas --nas quais qualquer desmatamento e incêndio é ilegal-- na Amazônia, Bolsonaro assinou, no último dia 23, um decreto de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) que autoriza uso das Forças Armadas para combater os incêndios. O decreto tem validade de um mês --vai até 24 de setembro.O governo Bolsonaro, buscando conter o estrago na imagem internacional do Brasil, lançou uma campanha para ser veiculada no exterior. Ao mesmo tempo, no projeto de lei orçamentária para 2020, a administração Bolsonaro travou 38% do orçamento de monitoramento de florestas do Inpe.