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Queimadas no Pantanal poluem o ar em Cuiabá e região e aumentam problemas respiratórios
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02/08/2020 - 05:09
Redação
A Capital mato-grossense, o seu entorno e demais cidades vizinhas, como se não bastasse o aumento da Covid-19, também enfrentam o crescimento de casos de problemas respiratórios em função das queimadas que atingem o Pantanal e cujo epicentro, em Mato Grosso, e o município de Poconé, na região da Baixada Cuiabana e distante 104 Kms de Cuiabá.
Os grandes focos de incêndio em Poconé rumam na direção da Transpantaneira. A estrada, além de rota turística atende diversas comunidades rurais na região. O fogo ameaça destruir pontes de madeira, o que pode obstruir a passagem nessa via.
Os incêndios no bioma pantaneiro estão centrados em Corumbá-MS e Poconé. Os dois municípios lideram focos de calor registrados desde o início do ano, segundo o Inpe
O número de focos de calor no Pantanal saltou 201% este ano, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.
Apenas em Poconé, principal cidade do chamado Pantanal Norte, calcula-se que cerca de 60 mil hectares já foram destruidas pelo fogo.
“É uma área onde existem propriedades rurais com atividades e algumas sem atividades. E isso eleva a dificuldade, porque naquelas fazendas que não exercem atividades acabam não promovendo os preventivos mínimos, como a construção de aceiros. E também não tem ali um maquinário, um caminhão de água, uma estrutura mínima para minimizar ali a progressão do incêndio. A gente não tem ainda uma estimativa da quantidade de fazendas atingidas, mas são todas áreas privadas na região”, explica Flávio Gledson, Tenente Coronel do Corpo de Bombeiros e comandante do Batalhão de Emergências Ambientais.
Nesta época, o tempo quente somado aos ventos fortes e ao volume de matéria-orgânica seca, aumentam as chances de grandes incêndios no bioma. Só que este ano, a estiagem prolongada tornou o risco ainda maior. É o que afirma o Coronel Paulo Barroso, secretário-executivo do Comitê Estadual de Gestão do Fogo, da Secretaria de Meio Ambiente de Mato Grosso. “Esse ano a maior parte dos meses do ano choveu bem menos que nos últimos 30 anos, causando essa situação de seca severa, facilitando ocorrência e a propagação de incêndios florestais em nosso estado”.
De janeiro até aqui foram registrados 4.203 focos de calor no pantanal em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O salto de 201% na comparação com o mesmo período do ano passado, vai na contramão do que ocorreu em outros biomas, como a Amazônia e o Cerrado, onde a quantidade de incêndios diminuiu 9% e 5% respectivamente, segundo o Inpe. Só no município de Poconé foram 797 focos de calor este ano, quase a metade (390) registrada no mês de julho. Quem produz na região, está apreensivo. “Nós estamos preocupados, tem produtor que vai ficar sem pasto, o gado tá correndo, fauna e flora ficam ameaçados. Precisamos que autoridades competentes estejam juntas com a gente”, aponta o produtor Arlindo Moraes, em declaração ao site Canal Rural..
Esta preocupação é revertida em ações preventivas. O papel do produtor no combate aos incêndios no Pantanal, é mais do que estratégico segundo os Bombeiros. “Talvez seja o papel mais importante neste cenário, porque o trabalho de incêndio florestal é um trabalho de um ano todo. E uma das fases principais é o trabalho preventivo. Construção de aceiros, provisão de formas de detecção do incêndio, deixar uma estrutura mínima de captação de água para resposta aos incêndios… tudo isso colabora para que quando o incêndio se inicie, haja alguma forma de combatê-lo mais rapidamente para extingui-lo. O produtor também pode ajudar fazendo comunicação rápida aos Bombeiros e denunciando aqueles que fazem uso do fogo de forma irregular neste período”, reforça o Tenente Coronel Gledson.
Vale reforçar que as ações preventivas também envolvem planejamento. Em Cáceres, município vizinho à Poconé, o Sindicato Rural tem se mobilizado para intensificar as orientações aos produtores e ampliar a estrutura de combate aos incêndios na região. Um dos caminhos é o estabelecimento de parcerias com com outras instituições. Como explica no vídeo abaixo o produtor rural e diretor do Sindicato Rural, Fernando Aburaya.
Em meio à esta soma de esforços, as autoridades ainda investigam a origem do incêndio que está consumindo milhares de hectares no Pantanal mato-grossense. A certeza, por enquanto, é que o fogo não foi causado por quem produz de forma consciente no bioma. “O fogo para ele é um inimigo, traz prejuízos. A gente sabe que não é o produtor sério quem promove os incêndios. O que a gente sabe é que mesmo assim, há ainda, infelizmente, a ação de algumas pessoas no sentido de querer limpar uma pequena área e acaba fazendo uso do fogo de forma irregular, criminosa e errada. E é isso – em geral – que promove o incêndio, e não o produtor rural”, afirma o comandante do Batalhão de Emergências Ambientais.
Com informações do Canal Rural