Mortes por Covid-19 cresceram 65% em dezembro no Brasil

Mortes por Covid-19 cresceram 65% em dezembro no Brasil
CNN Vinte e uma mil, oitocentas e vinte e nove pessoas morreram de Covid-19 no Brasil em dezembro de 2020. O saldo do último mês do ano passado confirma o que especialistas já alertavam: a pandemia voltou a se agravar no país. O número de mortes no mês de dezembro é 65% maior do que as 13.236 vítimas confirmadas oficialmente em novembro. É um número ainda maior do que os 15,9 mil óbitos de outubro e, por pouco, não supera as 22.571 mortes confirmadas em setembro. A CNN compilou os dados dos boletins diários do Ministério da Saúde, que a cada 24 horas centraliza e divulga as atualizações de novos casos e novas mortes informadas no dia anterior. O pior mês da pandemia continua sendo julho, quando 32.881 pessoas morreram em decorrência da Covid-19.  Nas últimas semanas do ano, o Brasil voltou a viver um aumento na ocupação dos leitos de UTI e também a ver um recrudescimento nas medidas de isolamento social. Em São Paulo, o governador João Doria (PSDB) determinou a volta de todo o estado para a Fase Vermelha do plano de reabertura – na qual só serviços essenciais podem funcionar – durante os finais de semana de 25 a 27 de dezembro e de 1º a 3 de janeiro. Em situação mais delicada, a região da cidade de Presidente Prudente voltou definitivamente ao lockdown, nos critérios do governo paulista. No Amazonas, uma decisão judicial levou o governador Wilson Lima (PSC) a fechar todos os serviços não-essenciais por um período de 15 dias, também para conter a disseminação da Covid-19. VacinaAté a noite de segunda-feira (4), o Brasil ainda não havia apresentado data oficial para iniciar a vacinação contra a doença do novo coronavírus nem vacina aprovada para uso emergencial ou registrada. A imunização contra a Covid-19 é considerada a principal forma de conter uma agressiva segunda onda da doença. Segundo a analista da CNN Thaís Arbex, o Ministério da Saúde trabalha com um cenário otimista em que possa iniciar a imunização no dia 23 de janeiro. Isso seria possível caso seja bem-sucedido o plano de importar 10 milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca produzidas na Índia.  O Governo de São Paulo já anunciou para 25 de janeiro, aniversário da cidade de São Paulo, o início de um plano estadual de imunização, que contempla a Coronavac, vacina do Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac. Até o momento, 47 países já iniciaram a vacinação contra a Covid-19. Os últimos a entrarem na lista foram Islândia, Singapura, Irlanda, Belarus e a Argentina (que deu início à aplicação da Sputinik V na população). LockdownO início de uma vacinação, no entanto, não está dispensando, em outros países, a necessidade de reforço das medidas de distanciamento social. O Reino Unido, que já está imunizando a população, entrou em lockdown a partir da 0h desta terça-feira (5) por decisão do primeiro-ministro Boris Johnson, que citou uma variante do novo coronavírus surgida no país – e já encontrada no Brasil – que poderia se disseminar até 70% mais rápido. "Nós temos agora uma nova variante do vírus, e tem sido frustrante e alarmante a velocidade com que essa variante se espalha. Cientistas confirmaram que a nova cepa é entre 60% a 70% mais transmissível", explicou Johnson. Rapidez com que chega aos pulmões pode tornar nova cepa mais contagiosa A variante do novo coronavírus identificada no Reino Unido e em mais 36 países até esta terça-feira (5), deixou o mundo em estado de alerta. Enquanto os países correm contra o tempo para vacinar os cidadãos, parte da comunidade científica se preocupa em responder se a nova cepa do coronavírus tem maior transmissibilidade e o que pode torná-la mais contagiosa. “Todos os indícios apontam que sim [ela é mais transmissível]. O NERVTAG apontou que essa variante representava 20% dos casos em novembro e passou para 70% em dezembro na Inglaterra. E isso mesmo durante as medidas restritivas", explica o imunologista e professor universitário Eduardo Nolasco, se referindo a uma nota publicada pelo Grupo Consultivo de Ameaças de Vírus Respiratórios Novos e Emergentes (NERVTAG) em 19 de dezembro. A maior transmissibilidade da variante se dá pelo acesso mais rápido que ela tem aos pulmões. “Essa nova mutação se liga com maior rapidez à proteína ECA2, que está presente em abundância em nosso pulmão. Por isso o vírus chega mais rápido e com mais potência ao nosso organismo", pontua o imunologista. A publicação dos cientistas também alerta que não existem ainda indícios de que a variante seja mais mortal do que a versão anterior do vírus. "Não há nenhuma evidência atual que sugira que a nova cepa cause uma taxa de mortalidade mais alta ou que afete vacinas e tratamentos, embora um trabalho urgente esteja em andamento para confirmar isso", pontua o documento. A vacina pode combater a variante?“Sim. Os anticorpos induzidos pela vacina atuam bloqueando [no novo coronavírus] a proteína que ele usa para entrar na célula [a proteína S]. E estimula também a produção de células T, que atacam as nossas células que já foram infectadas. Com base nisso, a vacinação também é um mecanismo eficiente contra esta nova cepa", comenta Nolasco. O próprio Reino Unido foi um dos primeiros países a iniciar a vacinação. Além dos britânicos, mais 47 nações em todo o mundo já começaram o processo de imunização. Novo lockdown na InglaterraNa tentativa de combater a proliferação da variante do novo coronavírus, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson, decretou lockdown em todo país nessa segunda-feira (4). Dentre as medidas adotadas, estão o fechamento de escolas e orientações para que os britânicos trabalhem no sistema home office. “Agora nós precisamos fazer tudo o que é possível para parar essa variante”, disse Johnson. Nova cepa no BrasilDe acordo com a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo (SES-SP), foram confirmados nessa segunda-feira (4) os dois primeiros casos da variante inglesa do vírus no Brasil. Uma mulher de 25 anos e um homem de 34 anos, ambos moradores de São Paulo, testaram positivo para a nova cepa, segundo investigações do Laboratório Estratégico do Instituto Adolfo Lutz. Ambos se infectaram após contato com viajantes que vieram do território britânico. Os dois pacientes seguem em observação.