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LIÇÃO DE MT: Reflorestamento do entorno do Parque do Xingu reúne produtores rurais, ambientalistas e índios
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09/03/2021 - 00:56
XINGU
Redação
Serve de lição e exemplo para o restante do país e do mundo a parceria desenvolvida em Mato Grosso, que reúne agricultores, ambientalistas e indígenas para reflorestar fazendas próximas ao parque do Xingu.
Território de preservação ambiental que sofreu fortes impactos, nas últimas décadas, ameaçando a sobrevivência desse ecossistema e, pior, das populações nativas que ali vivem, em função do avanço das atividades agropecuárias naquela região.
O projeto aponta que é possível a convivência entre culturas, como a indígena, que sobrevive do extrativismo, da caça e da pesca em suas reservas, com setores do capitalismo que praticam a exploração de áreas para a produção de alimentos ou mineração em escala empresarial.
Conforme aponta reportagem do Globo Rural, o trabalho desenvolvido em Mato Grosso tem o objetivo de reflorestar 300 mil hectares de matas ciliares. E, em 12 anos de projeto, 4 mil hectares já conseguiram ser recuperados. Em média o instituto refloresta 150 hectares por ano.
O trabalho de iniciativa do Instituto Socioambiental (ISA) foi realizado no entorno do parque indígena do Xingu e demonstra como é possível conciliar a agricultura de ponta, a sobrevivência dos índios e a preservação da natureza.
Mais do que os resultados da quantidade de hectares em processo de reflorestamento, vale o exemplo da parceria que conseguiu unir, graças a persistência de seus idealizadores, três segmentos sociais imbuídos no mesmo ideal de produzir d forma sustentável e com respeito ao meio ambiente.
Como começou
Quando o ISA promoveu o Encontro das Nascentes do Xingu, em Canarana (MT), em outubro de 2004, reuniu de maneira inédita grandes e pequenos produtores rurais, indígenas, agricultores familiares, pesquisadores, acadêmicos e representantes da sociedade civil.
Surgiu desse evento a Campanha Y Ikatu Xingu, cuja proposta era recuperar e preservar as nascentes e matas ciliares do Rio Xingu, um movimento de responsabilidade social compartilhada, ou seja, com o comprometimento de todos os atores envolvidos.
O encontro promovido pelo ISA e parceiros vinha atender a uma demanda dos índios, que estavam notando alterações na água do Xingu e afluentes, consequência do desmatamento nas nascentes, que ficam fora do PIX. O esforço de recuperação do entorno partiu das etnias Aweti, Ikpeng, Kaiabi, Kalapalo, Kisêdjê, Kamaiurá, Kuikuro, Matipu, Mehinaku, Nafukuá, Trumai, Waurá e Yudjá que habitam o Parque Nacional do Xingu.
Abrir o diálogo, construir a campanha, não foi tarefa fácil, mas agora, quase dez anos depois é possível constatar os bons resultados obtidos com as iniciativas executadas por meio de arranjos institucionais entre parceiros tão diferentes e concluir que valeu e vale a pena o esforço. Entre elas destacam-se o Projeto Aroeira e o Carbono Socioambiental do Xingu, constituindo-se em um processo inédito e ousado numa região com predominância da soja e da pecuária.