CAUSA E EFEITO PERVERSO: Maconha mais cara nas “bocas de fumo” reflete no aumento da onda de furtos e roubos. Qual a saída?
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21/04/2018 - 22:23
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Por Mário Marques de Almeida
Combate às drogas no atacado, tornam a maconha mais escassa e cara nas “bocas de fumo” - causando o efeito perverso de aumentar a onda de roubos e furtos por parte de viciados com baixo poder aquisitivo. Esse fato remete ao adágio: “Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”... Qual a saída?
A erradicação de grandes plantações de maconha no Paraguai, o que vem ocorrendo através de operações conjuntas da Polícia Federal brasileira em parceria com a polícia e o exército do país vizinho, além de apreensões crescentes de carregamentos da droga já prensada e pronta para ser consumida, é um fato positivo.
Essas operações diminuem o estoque do entorpecente tornando-o mais escasso, porém, por mais eficazes que sejam essas repressões, não conseguem fazer com que as drogas deixem de existir. Apenas encarecem o seu preço, de acordo com a lógica da oferta e procura, nos pontos varejistas – as chamadas “bocas de fumo” e a venda por traficantes “formiguinhas”, que atuam nas ruas e vão atrás de “clientes”, levando pequenas porções.
Esse combate ao tráfico no atacado e em suas origens de produção, a exemplo do que está ocorrendo no Paraguai, é necessário e deve ser estimulado cada vez mais, o único reparo é no sentido de que essas operações precisam ser coordenadas com ações mais intensas e eficientes na parte de baixo desse “mercado” de drogas. Ou seja, na sua grande base consumidora e com tendência de se expandir.
A medida que se defende, ao contrário da liberação geral e descontrolada do uso da maconha, é no sentido de prevenir e evitar que viciados com baixo poder aquisitivo e tendências para práticas nocivas à sociedade inflem os já alarmantes índices de criminalidade, partindo do princípio que estes dependentes químicos podem passar a roubar e furtar mais com o objetivo de adquirir dinheiro ou objetos de valor, para trocar pelos “baseados” encarecidos e outras substâncias, até mais inacessíveis pelo alto custo.
Nesse contexto perverso, só a repressão não basta, daí a necessidade de se encontrar saídas mais inteligentes, como as que preconizam a doação pelo poder público de porções de drogas para viciados previamente cadastrados que assim deixam de movimentar a roda infernal do tráfico, movida a lucros bilionários.
O raciocínio, aliás, já colocado em prática e com sucesso em outros países, é de que, sem enormes contingentes de consumidores para comprar os tóxicos – considerando que os viciados receberão de graça -, obviamente, traficantes deixarão de ganhar dinheiro e serem estimulados pela ganância a viciar crianças e adolescentes, com vistas a transformá-los em compradores dessa mercadoria maligna.
Zerando o fator lucro, a tendência é o tráfico ir se exaurindo.
Pode ser uma saída, salvo outra solução mais prática e inteligente. Pois do jeito que está, apenas combater o tráfico, seja em minúscula ou grande escala, por mais recursos e homens que aloquem nos aparatos de segurança pública, é igual tentar enxugar gelo...