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“MENTIRAIADA”: Em Cuiabá, Bolsonaro transfere responsabilidades pelos aumentos constantes da gasolina e “demoniza” a coronavac
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04/09/2021 - 07:45
Redação
Durante sua recente passagem por Mato Grosso, em meados do mês passado, o presidente Jair Bolsonaro, para não variar, deixou também um rastro de mentiras. Pelo menos duas falácias deixou “carimbada” por estas bandas.
Na presença do governador Mauro Mendes, que o recebeu com gestos cordiais e amistosos, Bolsonaro, além de faltar com a verdade, foi deselegante com Mauro, no momento em que afirmou que a causa dos constantes aumentos da gasolina é o ICMS – um tributo estadual e que, obviamente, é aplicado em Mato Grosso na venda dos combustíveis.
Vamos aos fatos, antes que a repetição da mentira bolsonarista, que, aliás, vem sendo replicada por seus seguidores nas redes sociais lotadas de “fake News”, passe a ser aceita como “verdade”.
O aumento da gasolina ocorre por uma questão cambial em que a Petrobras cota a gasolina que produz em dólar (hoje supervalorizado), de acordo com sua política de preços lastreada na moeda norte-americana.
Ocorre que nós, brasileiros, é evidente, não ganhamos em dólar, mas em real – uma moeda que já foi forte e atualmente está desvalorizada, crescendo para baixo, igual rabo de égua.
Quanto ao ICMS, no caso mato-grossense (e da maioria dos estados brasileiros) há cerca de uma década permanece com a mesma alíquota com referência à taxação da gasolina. Bolsonaro deveria saber disso e, mais ainda: as unidades federativas não podem prescindir desse tributo, sob pena de quebrarem.
Daí, ser uma baita sacanagem do “mito” querer imputar a Mauro Mendes e aos demais governadores a responsabilidade pelos aumentos constantes no petróleo!
Ele, pra ser justo e verdadeiro, deveria ter dito a seus seguidores - a maioria deles, fanáticos e que o idolatram – que apenas este ano a gasolina já aumentou 51 % nas refinarias da Petrobras. E esses aumentos seguidos não têm nada a ver com o ICMS!
Outra mentira dele em terras mato-grossenses foi em entrevista a uma emissora de rádio de Cuiabá, na qual, fazendo jus à sua fama de “negacionista”, fez questão de demonizar a Coronavac, baseado apenas em suposições, ao afirmar que a vacina produzida pelo Butantã, notável instituição científica e médica de São Paulo, com relevantes serviços prestados ao Brasil na área de saúde, não imuniza as pessoas.
Para ele, o que deve funcionar contra a covid, é cloroquina!
Para o leitor que nos acompanha entender melhor essa “cloroquinada” do capitão, reproduzimos, abaixo, na íntegra, o texto da lavra do jornalista Pablo Rodrigo, publicado originalmente no jornal Folha de S. Paulo:
Confira:
Quem tomou Coronavac está morrendo, diz Bolsonaro, mas realidade é outraPresidente fala de forma equivocada sobre eficácia da vacina contra a Covid-19
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a criticar a vacinação do estado de São Paulo com o imunizante Coronavac. Em entrevista à Rádio Capital Notícia Cuiabá, afirmou, de forma equivocada e sem comprovação científica, que "quem tomou Coronavac está morrendo".
“Olha o que está acontecendo com a Coronavac, ninguém tem coragem de falar. Gente que tomou as duas doses, foi infectada e está morrendo. Por que ela está morrendo? Porque acreditou nas palavras do governador de São Paulo que disse que quem tomasse as duas doses da Coronavac e for infectado jamais morrerá e a pessoa fica em casa, achando que tomou as duas doses e não vai morrer, e acaba morrendo", disse o presidente nesta terça-feira (17).
A declaração do presidente, contudo, não tem base científica. A Coronavac não tem 100% de eficácia contra a Covid-19, assim como acontece com qualquer outra vacina ou tratamento de saúde.
Em geral, sua proteção é maior para impedir quadros graves, hospitalizações e mortes, mas a proteção pode ser consideravelmente menor para a transmissão ou infecção assintomática.
Assim, mesmo indivíduos vacinados podem contrair o vírus, adoecer e morrer, embora em frequência muito menor do que os não vacinados.
Indivíduos mais velhos correm risco maior, já que possuem um sistema imune naturalmente enfraquecido, devido à chamada imunoscenecência.
Outro ponto a ser considerado é a alta taxa de contágio do vírus em determinada região ou a circulação de variantes capazes de fugir ligeiramente do sistema imune, como a delta. Como o Brasil ainda tem uma parcela baixa da população totalmente imunizada e circulação alta do vírus, inevitavelmente mais pessoas se contaminam e morrem, mesmo entre as vacinadas.
O presidente também se defendeu de afirmações de que o governo decidiu tardiamente pela compra de vacinas para o enfrentamento à pandemia. Segundo ele, os imunizantes só foram comprados após estarem disponíveis e com aprovação da Anvisa.
“Quanto às vacinas, o nosso governo tomou todas as providências. Não existia vacina para comprar ano passado, bem como no início do ano não tinha vacina disponível para todo mundo. Tirando os quatro países que produzem vacina, o Brasil está mais à frente. Eu sempre fui contra comprar vacina sem a certificação da Anvisa", disse.
Na mesma entrevista o presidente também voltou a defender o chamado tratamento precoce. Por sua atuação em favor dele, está sendo acusado de charlatanismo e curandeirismo. Esses medicamentos também não têm recomendação da Anvisa para o uso para tratamento da Covid.
“Quando eu falo em tratamento precoce, a grande maioria tomou ivermectina e hidroxicloroquina. Tem outro produto, lógico que não tem comprovação cientifica, a proxalutamida. Busquei uma maneira de atender o povo, junto com médicos. Então, não é que eu sou um charlatão, curandeiro, nem inventei nada. Eu dei uma alternativa”, disse.
Ao contrário de outros medicamentos que Bolsonaro prescreve sem qualquer base científica para lidar com a doença, como a cloroquina e a ivermectina, a proxalutamida ainda não foi descartada como ineficaz nesta pandemia.
Seu uso não teve ainda nenhum estudo publicado em uma revista científica de prestígio. A prática estabeleceu que todo resultado de pesquisa apresentado por cientistas seja revisado por outros especialistas. A rechecagem dos dados feita por pares dá mais solidez ao trabalho.