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Nível das águas do rio Paraguai melhora um pouco, mas para normalisar ainda precisa chover muito nas cabeceiras em MT
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25/10/2021 - 17:16
Redação
Vai ser preciso rolar muita água proveniente de chuvas, que ainda não são abundantes, a partir das cabeceiras do rio Paraguai, nas regiões da Serra dos Parecis, Poconé e Cáceres, em Mato Grosso, para que o lendário curso de água – o maior que corta a planície pantaneira – volte ao seu nível normal, ou seja, o anterior aos dois últimos anos de forte seca que afetou drasticamente o bioma úmido e já fragilizado pelo acúmulo de detritos que saem das áreas habitadas e com grandes lavouras situadas no seu entorno.
Conforme o boletim do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), nesta segunda-feira, o nível registrado na régua de Ladário (cidade vizinha à Corumbá, naquele Estado) é de -48 cm, ou seja, 12 cm mais alto que a mínima verificada no ano — que bateu a marca de 3º nível mais baixo da história do rio.
Porém, o nível continua muito baixo. Para se ter uma ideia, o Rio Paraguai entra em alerta de estiagem quando atinge a marca de 52 cm (positivo), ou seja, ainda precisa subir 1 metro para entrar no nível considerado normal.
Para que isso ocorra, ainda tem que chover muito — e em locais estratégicos — para reabastecer o grandioso rio.
O biólogo José Milton Longo explica que as chuvas devem ocorrer nas regiões da “Serra dos Pareceres, Poconé e na região de Cáceres”, que são locais que vão distribuir essa água por todo o bioma.
Previsão não anima
Boletim do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) prevê chuvas abaixo da média ao longo do verão para grande parte do Pantanal, Cerrado e Caatinga — justamente as regiões já afetadas pela estiagem neste ano. Esta diminuição das chuvas pode ter como explicação a volta do fenômeno La Niña.
Segundo a NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration), dos EUA, após um período de relativo equilíbrio atmosférico desde o início do ano, o La Niña se intensificará nas próximas semanas e não deve perder força até o outono de 2022, diminuindo as chuvas na América do Sul justamente no período chuvoso, responsável pela recarga de rios e aquíferos.
Consequências para o meio ambiente
A situação preocupa, principalmente, por estarmos a um mês do início da Piracema, período de reprodução dos peixes. "Não vai ter cheia, não vão se formar baías e lagoas, necessárias para a reprodução de peixes", explica o biólogo José Milton Longo.
Para a coordenadora da sala de situação dos rios de MS, a fiscal ambiental do Imasul, Elizabeth Arndt, os prejuízos da seca devem se prolongar por muito tempo. "Causa prejuízos ao estoque pesqueiro, à dinâmica do Pantanal, da cheia, da decoada... É um limiar bem preocupante por conta disso, se não chove, a cadeia alimentar acaba prejudicada. Isso tudo em decorrência do que pode vir a acontecer. Nossos estoques pesqueiros podem ficar reduzidos para os próximos anos", declarou.
A seca de 2021 aliada ao cenário do ano passado agravou a situação, conforme o gerente de previsões hidrológicas do Paraguai, Max Pastén. “A seca afetou gravemente os níveis dos rios e isso causou uma queda acentuada porque nestes dois anos, 2020 e 2021, o recorde mínimo histórico foi quebrado”, disse.
Ele explicou que a queda se deve ao forte impacto da estiagem que começou a se fazer sentir no ano passado e que, em 2021, se agravou. O especialista acrescentou ainda que o setor mais afetado é o de navegação e não descartou que em alguns pontos comece a se restringir a passagem de navios.