Mundo Quarta-feira, 23 de Abril de 2025, 05:00 - A | A

Quarta-feira, 23 de Abril de 2025, 05h:00 - A | A

LUTO

Terra Santa chora Francisco: "Líder da paz"

Da Assessoria

Na Terra Santa, o Papa Francisco não é apenas o líder espiritual dos católicos. Para as pessoas, ele é o líder mundial que mais trabalhou pelo fim da guerra, pelo reconhecimento da dignidade e da independência do povo palestino, pela clara rejeição do antissemitismo e por uma coexistência de respeito mútuo e paz entre os dois povos. Por isso, a tristeza e o luto tomam conta das ruas de Jerusalém nestas horas entre todos os homens de boa vontade, sejam eles cristãos, muçulmanos, judeus.

Pizzaballa: Gaza, um dos símbolos do seu pontificado

“É um momento difícil”, explica o patriarca Latino de Jerusalém, cardeal Pierbattista Pizzaballa, numa mensagem de vídeo publicada no site do Patriarcado, na qual o cardeal relembra o seu primeiro encontro com o Papa Francisco, ocorrido em Buenos Aires, “exatamente vinte anos atrás”, quando Pizzaballa havia se tornado recentemente Custódio da Terra Santa. Já naquele primeiro encontro, o então cardeal Bergoglio demonstrou ser "um personagem fora dos padrões, como depois demonstrou ser, como todo o seu pontificado". O patriarca então destaca o que estava mais próximo do coração de Francisco, com Gaza que se tornou símbolo, e depois os pobres, a guerra, a paz, "temas muito importantes para ele, aos quais eera muito próximo e pelos quais ele dedicou muito", expressando-se fora dos protocolos "com grande clareza", o que ele "acreditava ser não apenas o centro de seu pontificado, mas a necessidade para a vida do mundo". Gaza “é, em certo sentido, um símbolo, um dos símbolos do seu pontificado. Os pobres, os últimos, a rejeição da guerra, a necessidade de paz, junto com outro tema típico do seu pontificado: o diálogo, o encontro entre diferentes culturas, entre diferentes religiões, cada um permanecendo o que é”. Pizzaballa convida a rezar pelo Papa, assim como pela Igreja, "na esperança de que o Senhor continue acompanhando os caminhos da Igreja, unidos no luto pela morte desta grande figura, na unidade, na esperança do Senhor ressuscitado.

Padre Patton: Ele nunca perdeu a esperança

“Quando me tornei Custódio da Terra Santa”, conta o padre Francesco Patton, “eu o encontrei pela primeira vez e, apertando minha mão, ele brincou sobre meu sobrenome, dizendo: ‘Patton? Pensei que você fosse ianque, mas é da região do Trivêneto’. Havia sempre uma piada irônica em sua fala. Ele sempre teve essa extraordinária capacidade de captar o lado humorístico das situações e, portanto, de atenuá-las. Depois, nos encontramos novamente e jantamos juntos durante sua visita a Chipre. Fiquei impressionado com sua simplicidade e sua liberdade. Juntos, gravamos um vídeo para os jovens da Terra Santa, no qual ele lhes pedia que nunca perdessem a esperança. Essa esperança que tem sido o elemento importante das muitas ações que ele realizou em favor da paz durante esses dezenove meses de guerra em Gaza.”

Padre Faltas: sua paixão pelos desfavorecidos

Também foram tocantes as palavras do vigário da custódia, padre Ibrahim Faltas, que, por seu compromisso humanitário em prol das crianças palestinas, teve a oportunidade de se encontrar com o Papa Francisco com frequência: “Tenho um número infinito de lembranças. Também nos encontramos recentemente, antes de sua internação no Hospital Gemelli. Depois, do hospital, ele me enviou uma bela carta de agradecimento pela minha viagem à Síria, poucos dias após a mudança de regime, na qual me encontrei com o presidente al-Shara, pedindo-lhe garantias para a população cristã na Síria. Nesta terra, nunca esqueceremos o Papa Francisco, sua paixão pelos pobres, pelas crianças, pelos últimos. E, acima de tudo, pelos muitos que sofrem em Gaza. Suas últimas palavras em público foram para esta terra sofredora que clama por paz. Para mim, o Papa Francisco foi como um pai, ele me guiou como um pai.”

Francisco, líder mundial pela paz

Em Belém, ainda se lembram de sua visita em 2014. Ronny Tabash cantou para ele na Praça da Manjedoura: “Ele nos deu grande esperança. Ele fez com que todos nós não nos sentíssemos mais sozinhos. Aqui, todos, cristãos e muçulmanos, choram por ele hoje. Perdemos um amigo.” Uma grande manifestação pela paz será realizada nos dias 8 e 9 de maio, promovida, com a coordenação de todas as associações pacifistas, pelos dois jovens Maoz (israelense) e Aziz (palestino), que foram abraçados pelo Papa Francisco no ano passado durante sua visita a Verona. “Estou em lágrimas”, diz Maoz: “Gostaríamos muito que o Papa Francisco tivesse participado com uma mensagem a este grande evento pela paz, ao qual muitas associações católicas já aderiram. Francisco foi realmente o único grande líder mundial pela paz. Toda a humanidade já sente a sua ausência. Uma ausência sentida por todos aqueles que acreditam na compaixão, no diálogo, na justiça, na reconciliação e no grande poder das relações humanas. Foi uma grande honra para mim e para Aziz tê-lo conhecido.”

Comente esta notícia