BELICOSOS: "Coincidência ou não", Putin invade Ucrânia e pôs fogo na crise após a visita de Bolsonaro
BELICOSOS: "Coincidência ou não", Putin invade Ucrânia e pôs fogo na crise após a visita de Bolsonaro
|
22/02/2022 - 11:15
Tales FariaChefe da Sucursal de Brasília do UOL
Essa expressão, "coincidência ou não", foi muito usada pelo presidente Jair Bolsonaro e seus seguidores durante a visita do mandatário brasileiro à Rússia, na semana passada.
Bolsonaro insistiu em relacionar seu encontro com o presidente Vladimir Putin ao anúncio da suposta retirada de tropas da fronteira com a Ucrânia. Vangloriou-se de que "coincidência ou não", o anúncio foi feito pelo Kremlin quando ele estava chegando no espaço aéreo russo.
Como se Putin estivesse retirando as tropas em homenagem ao encontro com o brasileiro.
Mas o que se viu depois é que as tropas não foram retiradas. Pior, nessa segunda-feira, 22, Putin anunciou o "reconhecimento imediato" da independência de duas repúblicas rebeldes na Ucrânia.
O presidente russo mandou mais tropas para a fronteira com os dois países recém declarados independentes, elevando sensivelmente a temperatura da crise com a Ucrânia, os EUA e a Europa Ocidental, que não reconhecem os separatistas como uma nação à parte da Ucrânia.
"Coincidência ou não", a crise pegou fogo na semana seguinte ao encontro dos presidentes da Russia e do Brasil.
É claro que uma coisa nada tem a ver com a outra. Como não tinha antes, se houvesse a tal retirada de tropas. Mas o que será que Bolsonaro tem a dizer sobre essa "coincidência"?
Num primeiro momento, ao contrário de vários outros países, o presidente brasileiro determinou que o Itamaraty evite condenar diretamente o chefe de estado russo. O Brasil não fez e dificilmente poderá fazer qualquer tipo de referências a eventuais sanções contra Moscou.
A porta-voz da Casa Branca já havia declarado publicamente, na semana passada, que o Brasil parece estar "do outro lado", ou seja, contra os EUA na crise com a Rússia.
Coincidência ou não, nossa diplomacia ficou de pés e mãos amarradas e perdida em meio à crise.
Os diplomatas brasileiros estão, agora, cruzando os dedos para o Brasil não passar a ser tratado pelos EUA como uma nação adversária.