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MIXARIA: Um dos pastores acusados de lavar dinheiro grosso do MEC investiu apenas R$ 100 mil para abrir faculdade, mas negociam verbas da Educação a peso de ouro
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24/03/2022 - 22:22
Redação
O pastor Gilmar Santos (na foto, à esquerda jumto com Bolsonaro). um dos supostos lobistas que atuavam em um esquema que recolhia propinas de prefeitos para facilitar a liberação de recursos junto ao Ministério da Educação (MEC), investiu R$ 100 mil para abrir uma faculdade de cursos em teologia, informa uma reportagem do jornal O Globo.
Segundo a publicação, a faculdade Instituto Teológico Cristo para Todos (ITCT) foi aberta no último dia 8 deste mês, duas semanas antes de as denúncias virem à tona.
Ao lado do pastor Arilton Moura, Gilmar aparece em encontros em Brasília e em eventos religiosos em cidades do Brasil que revelam a proximidade dos pastores com o presidente Jair Bolsonaro (PL), seu filho senador Flávio Bolsonaro (PL) e com o ministro da Educação, Milton Ribeiro.
Arilton, inclusive, foi citado pelo prefeito Gilberto Braga (PSDB), de Luís Domingues (MA), como ponte para a liberação de recursos junto ao MEC. De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, o pastor cobrava R$ 15 mil apenas para abrir protocolos de demanda no ministério. Depois que a demanda fosse atendida, outro valor era solicitado, o que poderia variar de caso a caso. "Para mim, como a minha região era área de mineração, ele pediu 1 quilo de ouro”, revelou.
MEC
Nas redes sociais, Gilmar Santos aparece como diretor da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil e da faculdade ITCT. O curso, com duração de um ano, cobra R$ 69,90 por mês de seus alunos. O endereço da ITCT, segundo O Globo, é o mesmo da igreja no nome do pastor e de outras empresas que também estão no seu nome.
A ITCT, assim como toda instituição de ensino superior, precisa do registro do MEC para funcionar. Há uma série de exigências que a pasta faz para que a instituição possa ter esse registro. O jornal entrou em contato com o ministério para saber a respeito do registro do ITCT, mas ainda não houve resposta.
Já o pastor Gilmar negou que tenha atuado como lobista dentro do Ministério da Educação e que tenha influência em relação ao chefe da pasta, ministro Milton Ribeiro.
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A educação inclusiva do Brasil afunda com o Ministério da Educação, na corrupção, no fundamentalismo e no esquema da pasta que cobra propina para liberar recursos às prefeituras, pede barras de ouro como pagamento e ainda faz 'venda casada' de bíblias a R$ 50 por unidade.
Em dezembro de 2021, a Comissão Externa da Câmara de Acompanhamento do Ministério da Educação (CEXMEC) divulgou relatório que mostrou o abandono do Programa Escola Acessível. De acordo com o documento, o MEC (gestão 2019/2022) cumpriu apenas 12% da meta estipulada. A previsão era de investimentos em 60 mil escolas, mas somente 7.265 receberam recursos. Além disso, a pasta não apresentou orçamentos nos anos de 2020 e 2021.
A comissão destacou que o MEC concentrou esforços na PNEE 2020, a 'Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida', instituída pelo Decreto Federal nº 10.502, de 30 de setembro de 2020, que foi considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e suspensa.
O ministério descumpriu a determinação do Supremo e organizou, no dia 8 de fevereiro de 2021, um evento online, conduzido pelo secretário executivo da pasta, Victor Godoy Veiga, para divulgar a técnicos e gestores educacionais as diretrizes da PNEE.
"Então, a PNEE de 2008 traz um cenário que, talvez, a gente consiga alcançar lá em 2080, 2070, 2060, mas hoje a realidade é que nós estamos colocando dentro da sala de aula alunos no ensino regular, que não têm um único benefício de aprendizado. As escolas estão tendo que contratar profissionais especializados para ficar cuidando daquela criança para ela não atrapalhar a aula dos demais alunos", declarou Victor Godoy Veiga.
No ano passado, o MEC preparou um substitutivo para o projeto de lei que enviou ao Congresso em 2019 sobre o homeschooling. O Conselho Nacional de Educação e o Conselho de Secretários Estaduais de Educação se posicionaram contra.
Grupos religiosos estão de olho nas concessões desse formato. Milton Ribeiro, que é pastor e comanda a Primeira Igreja Presbiteriana de Santos, chegou a afirmar que os estudantes não precisam da escola para socializar porque podem fazer isso na igreja. Qual igreja?
Em setembro de 2021, o ministro participou de uma sessão da Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) do Senado para explicar declarações capacitistas sobre estudantes com deficiência e também sobre o acesso ao ensino superior.
Para defender a PNEE 2020, Ribeiro disse que o "inclusivismo" prejudica os alunos e que estudantes com deficiência atrapalham o aprendizado dos colegas sem deficiência.
O trator do MEC usa a boiada que passa para carregar barras de ouro e a grana das cidades brasileiras. E conta a fábula da inclusão.