Doze anos após, “Escândalo da Maçonaria” em MT volta à tona nas manchetes com decisão que anula aposentadoria compulsória de juiz
Doze anos após, “Escândalo da Maçonaria” em MT volta à tona nas manchetes com decisão que anula aposentadoria compulsória de juiz
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28/03/2022 - 09:40
MARTELO200
Redação
Doze anos após ser aposentado compulsoriamente pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça), em consequência do processo conhecido como “Escândalo da Maçonaria, o juiz Antônio Horácio da Silva Neto terá que ser reintegrado imediatamente aos quadros do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, por determinação do STF.
A decisão é do ministro do Supremo Tribunal Federal, Kássio Nunes, e foi publicada na manhã desta segunda-feira (28), no Diário Oficial da Justiça.
Com a revogação da pena de aposentadoria compulsória do juiz, imposta em 2010 pelo CNJ, cria-se uma situação jurídica no mínimo polêmica, segundo advogados, no sentido que outros 9 magistrados que foram condenados no mesmo processo, possam também retornar à ativa.
A expectativa nos meios jurídicos é de que ações venham tramitar pleiteando o mesmo benefício.
“Do exposto, defiro em parte o pedido de tutela de urgência, tão somente para desconstituir a pena de aposentadoria compulsória aplicada ao impetrante e determinar sua imediata reintegração ao quadro de magistrados do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso”, diz trecho do despacho.
Desdobramento
A União e o Ministério Público Federal (MPF) tem 5 dias para se manifestar sobre a decisão. O prazo passa a contar a partir desta segunda-feira (28), quando foi publicada a decisão.
Entenda o caso
O grupo de magistrados foi acusado de desviar R$ 1,5 milhão do Tribunal de Justiça para beneficiar uma cooperativa de crédito ligada à Maçonaria.
Os crimes ocorreram em 2007 e, na época, as investigações apontaram que os juízes utilizaram verbas do TJMT para cobrir um rombo na cooperativa ligada à Maçonaria.
Em convênio firmado com o banco Sicoob, segundo a denúncia, a Loja Maçônica Grande Oriente do Estado de Mato Grosso (GOEMT) teve prejuízos superiores de mais de R$ 1 milhão. De acordo com informações, o "rombo” da instituição maçônica teria sido coberto com o suposto pagamento atrasados de juízes que, na sequência, repassavam os créditos à maçonaria.
Em 2019, a defesa do juiz Antônio Horácio entrou com recurso pedindo a anulação da sua condenação no âmbito administrativo em razão de sua absolvição na esfera penal dos supostos crimes. Os defensores alegavam que o magistrado já tinha sido absolvido em inquérito do Ministério Público de Mato Grosso (MP-MT) arquivado em 2015 pelo órgão.
Lista
Foram condenados pelo CNJ, na ocasião, o ex-presidente do Tribunal de Justiça, José Ferreira Leite, os desembargadores José Tadeu Cury e Mariano Alonso Ribeiro Travassos, além dos juízes Marcelo Souza de Barros, Irênio Lima Fernandes, Marcos Aurélio dos Reis Ferreira, Juanita Cruz da Silva Clait Duarte, Maria Cristina de Oliveira Simões e Graciema Ribeiro Caravellas, juntamente com Antônio Horácio da Silva Neto.
A decisão pode criar precedentes para que os outros magistrados condenados no episódio retornem ao Judiciário, através da extensão da decisão.