FORA DO G7: Bolsonaro não é "perseguido" pelos poderosos do mundo; ele faz o jogo dos muitos ricos, o que atrapalha são suas bravatas antidemocráticas

FORA DO G7: Bolsonaro não é  alvorada
Por Mário Marques de Almeida O fato do Brasil ser escanteado, mais uma vez, de um fórum da importância global do G7, composto por nações ricas e democráticas, desenvolvidas econômica e socialmente, significa exatamente isso: o atual governante brasileiro é visto e tratado como um pária nesse contexto ocidental – região do planeta em que nos situamos geograficamente. Diante disso, cabe a pergunta: por que ocorre esse isolamento? Os seguidores de Bolsonaro, radicalizados pelo fanatismo, talvez não tenham uma resposta lógica e partam para alegação de que o líder deles seria “injustiçado”, “perseguido pelos poderosos”, etc e tal. No entanto, internamente, as políticas econômicas do bolsonarismo são de favorecer o grande capital rentista, interno e principalmente externo, em detrimento da grande maioria da população brasileira que enfrenta desemprego, inflação alta, carestia jamais vista nos preços dos alimentos e paga a terceira gasolina mais cara do mundo, justamente porque Bolsonaro não quer cotar os combustíveis em real e insiste na Paridade Internacional de Preços que beneficia banqueiros e acionistas bilionários da Petrobras. Talvez, a resposta para isolar Bolsonaro de um universo civilizado de nações prósperas, resida no fato que essas potências são avessas à bravatas e ameaças antidemocráticas semelhantes as que o Brasil está sendo obrigado a conviver por influência de milicianos. Para entender mais, leia texto abaixo: Jamil Chade / Uol   Alemanha, que preside grupo em 2022, optou por convidar Senegal, África do Sul, Índia e Indonésia França e Reino Unido, em cúpulas passadas, já tinham deixado Bolsonaro de fora  O governo da Alemanha anunciou nesta segunda-feira que vai convidar quatro países em desenvolvimento para a Cúpula do G7, que irá ocorrer em junho Mas, assim como ocorreu em 2021 e em 2019, o Brasil foi esnobado. Se Jair Bolsonaro não for reeleito, ele terá passado os quatro anos de sua gestão sem ter sido convidado uma só vez ao evento das principais economias do mundo.   Para este ano, Berlim preside o G7 e optou por convidar ao evento os governos do Senegal, África do Sul, Índia e Indonésia. A lista dos convidados foi anunciada pelo porta-voz do governo Steffen Hebestreit.   Conhecido como o grupo das economias desenvolvidas, o G7 é formado por EUA, Itália, França, Japão, Canadá, Reino Unido e Alemanha. Mas tem já sido uma praxe dos líderes desses países ampliar a reunião para também ouvir as perspectivas de países em desenvolvimento.   O Brasil, que por anos foi um dos países mais presentes ao evento, passou a ser preterido. Em 2021, na cúpula que foi sediada pelo governo britânico, o G7 estendeu o convite para Índia, Coreia do Sul e Austrália.   Em 2019, na França, o presidente Emmanuel Macron também fez convites a parceiros e emergentes durante a cúpula do G7. Mas, uma vez mais, o Brasil ficou de fora. Paris optou por chamar Chile, Egito, África do Sul, Senegal, Índia e Ruanda.   Em 2020, Bolsonaro anunciou que Donald Trump o havia convidado para a cúpula, que seria organizada nos EUA. Mas a pandemia e a derrota eleitoral do republicano obrigaram a Casa Branca a reconsiderar o evento. Dentro do governo brasileiro, as esperanças eram elevadas de que Trump incluiria o Brasil em uma nova aliança para repensar o mundo, no período pós pandemia.   Em abril de 2020, numa reunião ministerial, o então chanceler Ernesto Araújo chegou a comentar que apostava numa redefinição do sistema internacional diante da covid-19 e indicava que haveria uma possibilidade real de que o Brasil fizesse parte de uma espécie de novo diretório mundial, ao lado dos EUA.   No G7, se a ausência da China ocorre por uma questão estratégica e geopolítica, a situação do Brasil é interpretada no meio diplomático como um sinal da perda de prestígio internacional do país e de resistência por parte dos países ricos em aceitar a presença de Bolsonaro na mesa de negociações.   A primeira real participação do Brasil nos eventos das economias desenvolvidas ocorreu em 2003, quando o então presidente Jacques Chirac convidou o país e outros emergentes para a cúpula em Evian e que, naquele momento, era conhecida como G8. O Brasil fez parte dos eventos de 2005, na Escócia.   Em 2006, Angela Merkel uma vez mais convidou o Brasil para a cúpula que ela organizava, algo que se repetiu no ano seguinte no Japão e em 2008