Enquanto o povo brasileiro “se lasca” para abastecer, lucro da Petrobrás é o maior entre petroleiras mundiais; Bolsonaro esbraveja, mas não usa “caneta” para enquadrar a estatal

Enquanto o povo brasileiro “se lasca” para abastecer, lucro da Petrobrás é o maior entre petroleiras mundiais; Bolsonaro esbraveja, mas não usa “caneta” para enquadrar a estatal plataforma
Redação Resultado da política adotada pelo governo federal na cotação dos preços dos combustíveis, que tem o dólar e o mercado internacional como parâmetros - e não a moeda brasileira, o real, como era antes nos governos de Lula e Dilma -, a gasolina, diesel e outros derivados do petróleo dispararam no Brasil. Esses constantes aumentos impactaram em muitos outros produtos que não são originados diretamente do petróleo, mas tiveram os preços majorados, principalmente em função dos custos do frete, entre outros insumos – gerando um efeito em cadeia que, por sua vez, contribuiu para o empobrecimento da população brasileira lançando milhões de pessoas na miséria, legiões sem condições de comprar alimentos ou que reduziram drasticamente seu consumo. O próprio Jair Bolsonaro esbraveja contra os lucros astronômicos da Petrobras, que contrasta - mais do que isso, é um vergonhoso escárnio diante das dificuldades crescentes de quem paga, aqui no País, um dos combustíveis mais caros do mundo. No entanto, o presidente da República faz uma espécie de jogo de cena: reclama muito, mas não usa a sua famosa “caneta Bic” para mandar a estatal voltar a cotar os combustíveis em real. Poder constitucional ele tem para fazer isso, o que falta é vontade política para contrariar grandes interesses que ganham fortunas, cada vez que a gasolina sobe de preço. Afinal, o Brasil, presidido por ele, é o maior acionista da Petrobras que tem também suas ações em mãos de terceiros, entre os quais banqueiros que administram fundos de pensão nos EUA e grandes investidores, internos e externos e cujos lucros crescem na mesma medida que o Tesouro nacional embolsa os lucros gigantescos da estatal. Apenas no primeiro trimestre deste ano de 2022, esses privilegiados vão receber R$ 48,5 bilhões de dividendos gerados pelas ações que possuem da empresa. Resumo: Ao invés de ficar ameaçando intervir no resultado das eleições e dar sinalizações golpistas, que desde já apontam que serão adversas a ele, Bolsonaro deveria interferir na política de preços da Petrobras, obrigando-a a cotar os combustíveis por valores da moeda brasileira, reduzindo as margens acintosas de lucros de seus acionistas e fazendo com que esses recursos passem a beneficiar de forma direta aqueles que abastecem seus veículos, pagando um preço justo pelo combustível. Ou seja, de acordo com a realidade econômica e financeira do Brasil. Esses montantes de lucros, entre janeiro de 2019 (início do governo Bolsonaro) e março deste ano, injetaram nos cofres federais R$ 447 bilhões, levando-se em conta, além dos dividendos, os impostos e os royalties pagos. Os números constam dos relatórios fiscais da companhia. A Petrobras foi a petroleira que registrou, em dólares, o maior lucro líquido no primeiro trimestre no mundo. Segundo levantamento feito pela empresa de informações financeiras Economática, o lucro da Petrobras, de US$ 9,405 bilhões, foi quase o dobro dos US$ 5,480 bilhões registrados pela americana ExxonMobil, a maior petroleira do mundo em valor de mercado. Entre as dez maiores companhias que já divulgaram resultados, o lucro da Petrobras foi maior do que o registrado por petroleiras que faturaram mais, como Chevron, BP, PetroChina, CNOOC e Eni Spa - a anglo-holandesa Shell ainda não divulgou o balanço. A maior receita do mundo ficou com a PetroChina, que faturou US$ 122,929 bilhões no primeiro trimestre. Mesmo assim, a chinesa teve lucro líquido de US$ 6,161 bilhões, segundo os dados da Economática.