Prefeituras podem estar deixando de atender demandas prioritárias da população para gastar verbas públicas com shows caros

Prefeituras podem estar deixando de atender demandas prioritárias da população para gastar verbas públicas com shows caros festa
*Redação Municípios que muitas vezes deixam de investir em áreas mais prioritárias da população, vêm sendo alvo de críticas e de questionamentos de órgãos de fiscalização e controle, a exemplo do Ministério Público, por gastarem verbas públicas vultosas com a contratação de shows de artistas sertanejos famosos, que cobram cachês elevados. Os casos de gestões, inclusive de comunidades pobres, se multiplicam pelo país afora, envolvendo gastos milionários para bancar cantores e bandas de renome em detrimento de contrato de artistas locais ou regionais, que cobram bem menos pelas apresentações.  Nesse sentido, visando coibir possíveis irregularidades nessas contratações, o procurador-geral de Justiça de Mato Grosso, José Antônio Borges Pereira, determinou, na quarta-feira (1º), por meio de despacho, o registro de Notícia de Fato para apurar em que circunstâncias prefeituras de Mato Grosso contrataram artistas, entre cantores de música sertaneja e de outros gêneros musicais, para se apresentarem em eventos públicos, boa parte comemorativos de aniversários de emancipação política das cidades, com recursos públicos. Em seu despacho, o procurador-geral anexa links de matérias divulgadas em veículos de comunicação, noticiando a realização dos shows e os valores pagos pelas prefeituras. “Circulam, em veículos de imprensa nacional e local, notícias sobre atrações artísticas musicais contratadas para eventos em municípios mato-grossenses, segundo indicam, custeados com recursos públicos”, afirma José Antônio Borges Pereira. “Diante do exposto, a considerar o dever institucional do Ministério Público de tutelar pelo patrimônio público e pela moralidade administrativa, determino: i) o registro do presente despacho avulso, acompanhado das citadas notícias, como Notícia de Fato no Sistema Integrado do Ministério Público – SIMP”, acrescentou. No mesmo despacho, o chefe do MPMT determina “a remessa de cópia integral do procedimento gerado a todos os promotores de Justiça que detenham atribuição na defesa do patrimônio público e da probidade administrativa nas comarcas citadas (...), para conhecimento e providências que entenderem pertinentes no âmbito de suas respectivas áreas de atuação”. De acordo com notícia publicada na imprensa, os municípios que teriam custeado a realização de eventos com verbas públicas são Gaúcha do Norte, Porto Alegre do Norte, Figueirópolis D’Oeste, Sorriso, Nortelândia, Salto do Céu, Alto Taquari, Novo São Joaquim, Nova Mutum, Sapezal, Canarana, Acorizal, Brasnorte, Água Boa, São José do Xingu, Vera, Barra do Garças, Juína, Querência, Bom Jesus do Araguaia, Santa Carmem, Matupá, Nova Canaã do Norte e Novo Horizonte do Norte. No caso do município de Sorriso (420 km ao Norte de Cuiabá), que também teria patrocinado eventos musicais, o encaminhamento foi feito à 1ª Promotoria de Justiça Cível da comarca. A polêmica em torno dessas contratações teve início após uma declaração do cantor Zé Neto, da dupla com Cristiano, durante show em Sorriso, em maio passado.   Ele criticou a cantora Anitta e a Lei Rouanet, de incentivo à cultura.  No caso do show em Sorriso, a dupla Zé Neto e Cristiano recebeu R$ 400 mil.  Logo depois, internautas passaram a fazer buscas sobre valores de cachês pagos por prefeituras e órgãos públicos para artistas que se apresentam em shows municipais pelo Brasil. Depois, o sertanejo Gusttavo Lima entrou na mira do Ministério Público, por causa de dois contratos milionários firmados com prefeituras de Roraima e Minas Gerais. Um levantamento do site O Antagonista mostra que não foram casos isolados.Só neste ano, o artista vendeu seu show para pelo menos cinco cidades, embolsando R$ 4,3 milhões. • Com informações do Diário de Cuiabá.