Atuando junto à instituições de representação do setor, campanha de Lula tem obtido apoios importantes, inclusive financeiros à sua candidatura PAUTA EXTRA Os grandes player do agronegócio em Mato Grosso estão se dividindo para contribuírem financeiramente com as candidaturas de Luiz Inácio Lula da Silva. É a estratégia da cautela que prega “não colocar todos os os ovos em uma única cesta” que está em curso. Capitaneado pela família Maggi, os apoios à candidatura do petista começaram a surgir há mais de um mês. Rapidamente as resistências por parte dos grandes operadores do agro local vem arrefecendo. Nos próximos dias, o candidato a vice, Geraldo Alckmin (PSB), deve participar de uma série de encontros nas regiões Centro-Oeste e Sul, onde o agronegócio tem mais relevância. O próprio ex-presidente Lula também tem se empenhado pessoalmente em tentar reduzir sua rejeição com atores relevantes do setor. Um exemplo dessa quebra de resistência é o proprietário da Petrovina Sementes, uma das dez maiores empresas de sementes de soja do Brasil, com faturamento anual de R$ 500 milhões, Carlos Augustin. O empresário esteve com Lula em 20 de janeiro. Em duas horas de conversa no escritório do advogado do ex-presidente, Cristiano Zanin, em São Paulo, ouviu de Lula que, aos 76 anos e saído da prisão, não retornaria ao Planalto para revanchismo — a promessa foi de um governo de pacificação e de centro. Na sequência, segundo Augustin, o petista perguntou o que poderia fazer para se aproximar. Augustin disse ter saído da reunião sensibilizado. “Foi uma surpresa o que ele disse”, afirmou o empresário. A semente plantada por Lula no início do ano deu frutos recentemente. Há duas semanas, o candidato do PT e Augustin voltaram a se encontrar, desta vez em um hotel em Brasília, onde o ex-presidente recebeu o apoio do senador licenciado Carlos Fávaro (PSD-MT) e do deputado Neri Geller (PP-MT), ligados ao agronegócio. A aliança foi avalizada por outro empresário relevante do setor: Blairo Maggi, ex-ministro da Agricultura e filho da empresária Lucia Maggi, fundadora do Grupo Amaggi, apontada como a mulher mais rica do Brasil pela revista Forbes. No último dia 22, Fávaro, Geller e Augustin se reuniram em São Paulo com Aloizio Mercadante, coordenador do plano de governo petista, para levar sugestões ao setor. Entre as propostas discutidas, estão a conversão de áreas de pastagem em de cultivo e o restabelecimento de ações comerciais sadias com a China — um ponto de insatisfação do agronegócio com Bolsonaro. Por outro lado, entre grandes produtores rurais há ainda a percepção de que Lula, embora adote um discurso moderado em conversas reservadas, mantém discursos considerados contrários aos interesses de empresários do setor mais conservadores. As ações de prospecção de apoios entre os grandes empresários do agronegócio por parte da campanha petista tem privilegiado os contatos direto com lideranças do setor. O diálogo vem se dando no campo institucional em oposição à estratégia de Bolsonaro que atua no varejo. “Temos conversado, e muito, com todos, desde os pequenos agricultores familiares aos grandes player do agronegócio de larga escala. O diálogo é institucional, republicano e baseado em propostas realistas, concretas. A maioria dos nossos interlecutores já compreenderam que a eleição de Lula e Alckmin é um imperativo para que o ambiente de negócios, da economia com um todo, volte à patamares saudáveis”, afirmou Aluizio Mercadante após um dos encontros mantidos com representantes do setor. (Com informações de O Globo)