VIOLÊNCIA POLÍTICA: Morte de seguidor de Lula em MT não é fato isolado, mas segue "discurso" de ódio

VIOLÊNCIA POLÍTICA: Morte de seguidor de Lula em MT não é fato isolado, mas segue
Redação Não pode ser visto fora de um contexro de insuflação ao ódio ideológico que vem sendo protagonizado pelo candidato da extrema-direita brasileira, Jair Bolsonaro, as ameaças às instituições e sinalizações de que poderá haver golpes. além de mortes que já ocorrem em desfavor de seguidores de Lula. Não se tratam de fatos isolados, mas seguem uma trajetória tresloucada, jamais vista no Brasil nas últimas eleições. Nesse ritmo doentio e alucinado, Bolsonaro segue apostando no caos político e institucional. A quantidade de atos de violência - simbólica e real - na campanha eleitoral deste ano afeta sua qualidade, diferenciando-a de todas as eleições desde a redemocratização. A sucessão de ameaças e agressões se tornou natural por meio da identificação do adversário político como inimigo. Essas são algumas das características verificadas nesta eleição. A condução do debate político por grupos e pessoas radicalizadas culminou em episódios como os recentes assassinatos registrados em Foz do Iguaçu (PR) e em Confresa (MT) - onde o apoiador de Bolsonaro Rafael Silva de Oliveira, de 22 anos, matou o petista Benedito Cardoso dos Santos, de 44 anos, e ainda tentou decapitá-lo. Não se estaria diante de fatos aleatórios, mas de uma escalada do ódio que as instituições não contiveram em seu início. A organização internacional Human Rights Watch repudiou ontem o assassinato em Confresa e afirmou que "todos os candidatos deveriam condenar qualquer ato de violência política" Dando mais "combustivel" à onda raivosa contra pessoas que pensam diferente dele e seus apoiadores, Bolsonaro fala em 'varrer' o PT 'para o lixo' em dia marcado por assassinato de petista e pedidos de pacificação. Bolsonaro não comentou morte de um defensor do ex-presidente Lula por um bolsonarista em Mato Grosso. O presidente Jair Bolsonaro, em discurso de campanha no Tocantins nesta sexta-feira (9), chamou o PT de "praga" e defendeu "varrer" o partido para o "lixo da história". A declaração ocorre em um dia marcado pelo assassinato de um petista por um bolsonarista no interior do Mato Grosso, durante uma briga política. O assassinato gerou manifestações de candidatos à Presidência, que pediram pacificação do ambiente político e eleitoral do país. Bolsonaro, que cumpriu agenda também no Maranhão ao longo do dia, ainda não se pronunciou sobre o caso. Na cidade de Araguatins (TO), o presidente e candidato à reeleição, elegiou medidas defendidas pelo seu governo. Uma delas foi a redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias ou Serviços. Esse foi um dos momentos em que ele atacou o PT, partido de seu adversário na disputa, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Votaram contra essa redução no Senado todos os senadores do PT. Essa praga sempre está contra a população. Esse pessoal não produz nada, só gera desgraça para o povo brasileiro. Com essa nossa reeleição, com a eleição do Dimas aqui paro governo do estado, podem ter certeza, varreremos para o lixo da história esse partido, dito dos trabalhadores, mas na verdade é composto por desocupados", atacou Bolsonaro. O caso de Mato Grosso soma ao assassinato do petista Marcelo Aloizio de Arruda, de 50 anos, em Foz do Iguaçu, no dia 9 de julho. Ele foi morto a tiros por um apoiador do presidente Jair Bolsonaro, Jorge José da Rocha Guaranho. Arruda comemorava o seu aniversário com temática do PT em uma associação esportiva da cidade, quando Guaranho entrou com seu carro no local gritando "Aqui é Bolsonaro". Após discussão, o bolsonarista baleou Arruda, que morreu após ser socorrido. Discussão e morte em Mato Grosso De acordo com a Polícia Civil mato-grossense, Rafael Silva de Oliveira, de 24 anos, matou o colega Benedito Cardoso dos Santos, de 42, durante uma discussão política na cidade de Confresa, a 1.160 km de Cuiabá. Rafael é bolsonarista e Benedito defendia o ex-presidente Lula. Rafael foi preso. Na delegacia, ele disse que deu ao menos 15 facadas na vítima. Segundo a polícia, Rafael ainda usou um machado para tentar decapitar Benedito. Os dois trabalhavam como cortadores de lenha em uma propriedade rural e começaram a discutir após o jantar. “Eles haviam acabado de jantar e fumavam um cigarro juntos, quando começaram a discussão. Os dois estavam sozinhos no barraco onde moravam”, disse o delegado responsável pelo caso, Victor Oliveira, em entrevista ao g1 e à TV Centro América. "O que levou ao crime foi a opinião política divergente. A vítima estava defendendo o Lula, e o autor defendendo o Bolsonaro", completou o delegado. Reação de presidenciáveis Entre os quatro presidenciáveis mais bem colocados nas pesquisas eleitorais, apenas Bolsonaro não se manifestou sobre o caso. Veja o que disseram os demais: Lula (PT) "É com muita tristeza que soube da notícia do assassinato de Benedito Cardoso dos Santos, na zona Rural de Confresa. A intolerância tirou mais uma vida. O Brasil não merece o ódio que se instaurou nesse país. Meus sentimentos à família e amigos de Benedito." Ciro Gomes (PDT) "Mais uma vítima da guerra fratricida, semeada por uma polarização irracional e odienta que pode inundar de sangue o nosso solo. Abaixo a violência política. O Brasil quer paz!" Simone Tebet (MDB) "O presidente, como representante do povo, precisa clamar por paz e união. A incitação ao ódio leva à violência, que faz mais uma vítima. Chega de briga! Chega de divisão! Enquanto eles separam o Brasil, nós vamos uni-lo com amor e coragem!"