Ondas de calor intenso em MT não é fato isolado e refletem começo do “fim da vida” trazido pelo aquecimento global

Ondas de calor intenso  em  MT não é fato isolado e refletem começo do “fim da vida” trazido pelo aquecimento global
Por Mário Marques de Almeida Calorão intenso que tem se abatido sobre Cuiabá e cidades mato-grossenses, principalmente na região Norte do Estado e em áreas próximas à fronteira com a Bolívia, onde os termômetros chegam atingir 45ºC e até mais, não é um fenômeno climático negativo típico desta parte do planeta, mas se insere em ciclo abrangente de destruição na Terra cuja aceleração do chamado efeito estufa é o princípio do fim da vida no planeta. O que pode levar a que o aquecimento global cresça 1,5ºC rapidamente, tornando a existência da vida humana, das espécies e da flora insuportáveis. A caminho da extinção, caso essa calamidade não seja contida desde já. A questão se torna mais preocupante quando cientistas de várias partes do mundo alertam que o mês de novembro está sendo visto como o mais quente da história da Terra e não encontra paralelo em retrospectiva que inclui os meses anteriores de 2023, também medido como o de maior aquecimento do planeta - avaliação histórica que considera o período pré-industrial. Emissões de CO2 na atmosfera, resultantes da utilização de carvão, gás e petróleo, além do efeito de queimadas como as recorrentes no Pantanal e em outros biomas, em todo o mundo para aquecimento, iluminação e transportes, deverão atingir novo recorde em 2023. Novo relatório anual de referência, apresentado nesta terça-feira (5) na conferência da ONU sobre o clima (COP28), diz que o limite do aquecimento global estabelecido pelos líderes mundiais no Acordo de Paris em 2015 poderá ser ultrapassado em apenas sete anos. Cientistas do Global Carbon Projet alertaram para o fato de ser inevitável que o limiar de 1,5ºC para o aquecimento global seja ultrapassado "de forma consistente” e para a possibilidade de que isso aconteça dentro de apenas sete anos. O cenário é mais pessimista do que o traçado no ano passado, que estimava que esse limite seria atingido em nove anos. "Parece inevitável que ultrapassemos a meta de 1,5°C do Acordo de Paris", alertou Pierre Friedlingstein, diretor do relatório. Segundo o estudo de referência, as emissões de CO2 na atmosfera, resultantes da utilização de carvão, gás e petróleo em todo o mundo para aquecimento, iluminação e transportes, deverão atingir novo recorde em 2023, com 40,9 mil milhões de toneladas (GtCO2)."Se toda a gente começar a emitir tanto quanto um americano, não vamos conseguir sair dessa situação" e caminharemos "para um aquecimento de 4°C", alertou o físico francês Philippe Ciais. Apesar dos esforços feitos por 26 países para reduzir as emissões de combustíveis fósseis, que representam 28% das emissões globais, principalmente a União Europeia (- 7,4%) e os Estados Unidos (-3%), isso não é suficiente, de acordo com o estudo. Uma vez que as emissões de CO2 deverão aumentar em nível mundial, especialmente na Índia (+ 8,2%) e na China (+ 4%). 'Temos de agir agora' "Os líderes reunidos na COP28 terão de chegar a acordo sobre uma redução rápida das emissões de combustíveis fósseis, mesmo para manter o objetivo de 2°C", defendeu o professor e climatologista britânico Pierre Friedlingste. Segundo ele, "as medidas para reduzir as emissões de carbono provenientes de combustíveis fósseis continuam a ser dolorosamente lentas" e "o tempo que nos resta até ao limiar de +1,5°C está diminuindo rapidamente, por isso temos de agir agora". Futuro do planeta No momento em que se discute precisamente o futuro dos combustíveis fósseis na 28ª Conferência do Clima da ONU, foi publicada nesta terça-feira a última versão do projeto de texto final que deixa diversas opções em cima da mesa, mostrando a divergência de opiniões sobre o assunto e as negociações intensas entre os países. Desde a “eliminação gradual, ordenada e justa dos combustíveis”, todas as opções estão em aberto no sexto dia da COP28. Esse texto-chave, em que figuram em 24 páginas as diferentes opções dos cerca de 200 países que negociam em Dubai, será a base de discussão com vistas à adoção de um documento final em 12 de dezembro. Ele pode ser a primeira “revisão global” do Acordo de Paris de 2015, em que poderá ficar decidido um afastamento dos combustíveis fósseis ou ser evitada mais uma vez a questão. (com RTP)