SOBRE CALOTES: O povo não aprova, mas entende que uma empresa possa até falir, mas não aceita que governo insista na prática de dar “cano” em fornecedores

O povo não aprova, mas entende que uma empresa possa até falir, mas não aceita que governo insista na prática de dar “cano” em fornecedores   São situações diferentes: a sociedade pode não gostar que empresas possam ficar inadimplentes, deixar de honrar seus compromissos e, às vezes, ate falir.     Porém, entende que, dependendo da conjuntura econômica desfavorável, uma empresa venha a “quebrar”, causando prejuízos a seus funcionários e parceiros comerciais.    Também entendem que pessoas comuns, desempregadas ou com suas rendas diminuídas, passem também a ter dificuldades para pagar a conta de luz e de água no final do mês e atrase outros compromissos.   Faz parte do mercado, onde o que não falta é atividade de risco, sobretudo em Mato Grosso, onde o Estado, que tem um peso econômico gigantesco quando comparado com a iniciativa privada, ao invés de ser indutor do desenvolvimento, dando exemplo de pontualidade em seus contratos e, por isso, estimulando a vinda de novos investimentos,  é “useiro e vezeiro” em atrasar pagamentos de seus fornecedores – o que irradia, como que por osmose, uma sequência de desarranjos econômicos nas empresas.    Cujo efeito leva, por sua vez, muitas empresas que negociam com a esfera pública estadual (leia-se Executivo) serem obrigadas também a dar calotes. Quando não quebram de vez e geram desemprego.   Então, não adianta querer fazer comparações com coisas diferentes, pois o povo sabe fazer as devidas separações. Entre quem arrecada impostos crescentes e não tem competência administrativa para gerir seu caixa e dá calotes, daqueles empresários que precisam “ralar” para pagar tributos e manter suas atividades.    Além do mais, órgão público, como se sabe, pode ficar inadimplente que continua desfrutando de prerrogativas, como a de não poder ser executado judicialmente para pagar suas dívidas. O que já não ocorre com empresários suscetíveis de ter títulos, cheques e contratos colocados em execução e, muitas vezes, sofrem sequestros de bens e valores de suas empresas e até pessoais podem ser arrestados.   A sociedade sabe separar o “joio do trigo” e não adianta o Poder Público querer justificar sua inadimplência, argumentando que empresas desse ou daquele (em especial, de adversários políticos) estão “quebradas”.   Ao povo isto não interessa! É uma questão privada entre esses empresários, seus funcionários e eventuais fornecedores.   Além do mais, se o calote empresarial for motivado por má-fé ou negligência de seus donos ou dirigentes, existe sempre a Polícia, o MPE e a Justiça para serem acionados nesses casos.    O que o povo não entende, e também não aprova, é uma instituição pública adquirir bens e serviços e não pagar. Ou pagar seletivamente, deixando a maioria – aliás, composta por pequenas firmas – em sérios apuros e com a própria sobrevivência, a de seus donos e funcionários, ameaçada pelo “calote oficializado” em Mato Grosso.    Segunda dose A oficialização do calote está configurada em recente decreto do Governo do Estado que prevê o parcelament de dívidas com fornecedores, que já há tempos estão sem receber, em 11 vezes. E sem juros ou correções pelas perdas inflacionárias.Em 2015, assim que tomou posse o governador Pedro Taques (PSDB e então no PDT) baixou um decreto semelhante ao de agora, porém com o parcelamento previsto para 18 meses e exigindo que as empresas ainda dessem um desconto de 50% em seus créditos.Na época, a justificativa era a de que o ex-gvernador Sival Batba deixou os cofres públicos “arrombados” e o novo governo precisava buscar o equilíbrio financeiro. Até aí, tudo bem.A sociedade mato-grossense apoiou a medida, muito embora muitas empresas tivessem “quebrado” pela descapitalização a que foram submetidas.Mas, agora, passados quatro anos, de quem é a culpa pela rúina financeira de Mato Grosso, ao ponto de ensejar outra medida postergatória do pagamento dos débitos governamentais?Um doce, para quem dar a resposta!