Médico Paulo Figueiredo lidera luta contra fechamento da Santa Casa de Cuiabá
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06/06/2025 - 10:00
A possível desativação da Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá até setembro deste ano vem gerando apreensão entre autoridades, profissionais da saúde e a população mato-grossense. Com a saída da gestão estadual da unidade e o avanço das obras do novo Hospital Central, cresce a preocupação sobre o futuro do histórico hospital filantrópico, que há mais de dois séculos presta atendimento à capital e ao interior do estado.
O médico Paulo Cesar de Figueiredo, 78 anos, figura emblemática da Santa Casa, lidera uma campanha para evitar o fechamento da instituição. Com mais de 50 anos dedicados à unidade, ele conhece de perto os desafios enfrentados. Paulo também foi presidente da Santa Casa entre 1989 e 1996, cargo ocupado por seu pai, José Monteiro Figueiredo, durante três décadas.
Ele critica a decisão do governo estadual, que desde 2019 assumiu a gestão do hospital por meio de requisição administrativa, sem assumir integralmente as dívidas acumuladas, que já ultrapassam R$ 300 milhões. “Se o Estado não queria manter a Santa Casa, deveria ter permitido que outra instituição, como a fundação dos padres camilianos que manifestou interesse, assumisse o hospital. Em vez disso, o governo requereu os bens e deixou os passivos para trás”, afirma.
Paulo alerta para os impactos da desativação, especialmente para a população do interior, que depende da Santa Casa para tratamentos que os novos hospitais, focados em alta complexidade, não irão cobrir. Ele também aponta o risco de desemprego para os profissionais que atuam na unidade, apesar do possível remanejamento para outras instituições.
Outro ponto de preocupação são os equipamentos, parte dos quais já foi substituída recentemente. “O governo deve deixar os equipamentos no hospital. Se retirá-los, entrarei com ação judicial”, declara.
Atualmente, há movimentações políticas para evitar a desativação. Deputados e entidades buscam diálogo com o governo para preservar a Santa Casa e garantir a continuidade do atendimento à população.
Para o médico Paulo Figueiredo, a luta é difícil, mas necessária. “Como cuiabano e médico da Santa Casa, não posso deixar essa história acabar assim”, conclui.