As conversações seguem em ritmo acelerado, principalmente quando o assunto diz respeito às eleições gerais de 2026, nas quais estarão em disputa a Presidência da República e sua vice; 27 governos dos Estados; 54 (ou 2/3 do total) vagas no Senado; 513 cargos de deputados federais e 1.059 de deputados estaduais.
Uma reunião, na quarta-feira (23), entre o senador Jayme Campos, o deputado estadual Eduardo Botelho, ambos do União Brasil, e a futura presidente do MDB, deputada estadual Janaina Riva, mantém abertas as possibilidades de eventuais acordos político-eleitorais entre os maiores partidos em Mato Grosso, num cenário que promete ser histórico.
Pela primeira vez, Mato Grosso caminharia para uma eleição ao Governo do Estado em dois turnos - desde 1988, quando foi promulgada a atual Constituição Federal, que instituiu a necessidade de os candidatos ao Executivo, Estadual e Municipais (prefeitos de capitais e das cidades com mais de 200 mil eleitores, necessitam obter 50% dos votos válidos mais um para vencerem no primeiro turno e evitarem uma segunda disputa, para que os eleitos tenham pelo menos metade dos votos daqueles que comparecem às urnas.
Pesquisas de ambos os lados nortearão quais caminhos serão seguidos pelos pré-candidatos e definirão o melhor caminho a ser seguido, pois os atuais grupos políticos estão fragmentados por uma série de decisões adotadas de forma unilateral pelos principais atores do processo eleitoral.
"Foi um café da manhã informal", disse Janaina Riva, que segue forte pleiteando disputar uma das duas vagas para o Senado, mandatos atualmente exercidos pelo próprio Jayme Campos, Wellington Fagundes (PL) e Margareth Buzetti (PSD), suplente do senador licenciado Carlos Fávaro (PSD), ministro da Agricultura.
Janaina, no entanto, não negou que tenham discutido eleições e disse que vê com bons olhos entendimentos com setores do União Brasil, já que sua relação com o governador Mauro Mendes, presidente regional da legenda e setores mais próximos do Executivo nunca estiveram tão em confronto como nos últimos meses, quando ela passou a cobrar tratamento isonômico.
Ela lembrou que, mesmo sendo parlamentar da base governista, tinha seus pedidos tratados com descaso, principalmente pela Casa Civil do Palácio Paiaguás, chefiada pelo deputado federal licenciado Fábio Garcia, que teria declarado a prefeitos e outros políticos que "emendas parlamentares de Janaina Riva não seriam pagas". Ou, pelo menos, não seriam prioridades.
Janaina Riva, que é de família tradicional na política em Mato Grosso - e filha do ex-presidente da Assembleia, José Riva -, tem cautela em tratar de política, pois está mais para centro-direita do que para esquerda ou extrema-direita. Dessa última ala ideológica, por sinal, faz parte seu sogro, o senador bolsonarista Wellington Fagundes, que é préandidato a governador pelo PL.
O senador Jayme Campos assegurou que não tem dificuldades em conversar com nenhum político ou partido. Disse que é um político de centro-direita, mas sem radicalismo, e afirmou que o importante para as pessoas, para os eleitores e eleitoras, são os resultados que os candidatos ou detentores de mandato podem apresentar.
"Estamos discutindo política e debatendo ideais, até porque nos preocupamos com Mato Grosso e sua população. Vejo como importante ouvir o que pensa a população e seus representantes e demonstrar o que já realizamos nestes anos em que estamos cumprindo nosso mandato com senador e já representou R$ 1 bilhão em emendas e convênios destinados para o Governo de Mato Grosso e para suas 142 cidades", disse ele, que disse ver "com bons olhos" a relação tanto com o MDB e, especialmente, com a deputada Janaina Riva.
Ex-presidente da Assembleia Legislativa e candidato a prefeito de Cuiabá em 2024, Eduardo Botelho disse que política é a arte de se debater, discutir e apresentar proposta. Em vista disso, todas as conversas são válidas e não se descartam nomes, nem partidos, apesar da polarização que se demonstrou mais forte nas eleições de 2022 e 2024.
"Somos aliados do MDB e não vamos descartar conversações, pois nossa missão é construir pontes ou reforçar as pontes do passado, para que possamos continuar trabalhando e contribuindo com Mato Grosso. Estamos em uma disputa eleitoral e nosso papel é levar nossas propostas aos eleitores, que decidirão o melhor caminho a ser seguido", afirmou.
Com a porteira fechada pela escolha - segundo ele, pessoal e não partidária, como se fosse possível votar duas vezes como presidente de partido e como pessoa -, o governador Mauro Mende, tem colocado para fora das articulações político-partidárias aliados do passado, como Jaime Campos e Janaina Riva, entre outros.
Ele chegou a declarar que seu compromisso é pessoal com Otaviano Pivetta (Republicanos), seu vice-governador desde 2018, que, conforme destacou, contribuiu para sua eleição e reeleição ao Governo de Mato Grosso. Como se outros aliados não tivessem dado alguma parcela de contribuição.
Não se deve esquecer que, quando disputou o Governo, em 2018, Mauro Mendes, então empresário de sucesso, estava em recuperação judicial. Ou seja, com falência decretada, situação hoje muito diferente.
Jayme Campos, Janaina Riva e Eduardo Botelho decidiram compartilhar pesquisas de intenção de votos que devem ser colocadas em campo para analisar, primeiramente de forma qualitativa, o que o eleitor e a eleitora esperam de seus futuros representantes. Depois, as quantitativas, que irão demonstrar o tamanho de cada candidato e qual será o melhor nome para cada um dos cargos, na disputa em 2026.
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