O Tribunal do Júri de Sorriso condenou nesta quinta-feira (7) Gilberto Rodrigues dos Anjos, de 34 anos, a 225 anos de prisão em regime fechado pelo assassinato e estupro de Cleci Calvi Cardoso, de 46 anos, e das três filhas dela, Miliane, de 19, Manuela, de 12, e Melissa, de 10. O crime ocorreu em novembro de 2023 e ficou conhecido como a Chacina de Sorriso.

O julgamento, realizado na 1ª Vara Criminal de Sorriso e conduzido pelo juiz Rafael Deprá Panichella, durou cerca de 10 horas. A decisão determinou o início imediato do cumprimento da pena, sem possibilidade de liberdade provisória.

Gilberto foi condenado por estupro, estupro de vulnerável e feminicídio, todos com qualificadoras que aumentaram as penas. No caso de Cleci e Miliane, houve condenação por feminicídio triplamente qualificado e estupro. Para Manuela, feminicídio quadruplicemente qualificado e estupro de vulnerável. Melissa foi vítima de feminicídio com cinco qualificadoras e estupro, resultando na pena mais alta.

Durante os debates, o promotor Luis Fernando Rossi Pipino classificou o caso como emblemático e pediu condenação exemplar. Ele disse que o réu tirou a vida de quatro pessoas e “apagou cada estrelinha daquela casa”, roubando, segundo ele, 229 anos de vida das vítimas. O advogado assistente de acusação, Conrado Pavelski Neto, apresentou aos jurados um vídeo no qual Gilberto confessa os estupros na delegacia e destacou o trabalho da Polícia e da Perícia na investigação.

A defesa, feita pelos defensores públicos Ewerton Júnior Martins Nóbrega e Claudiney Serrou, reconheceu a gravidade dos crimes e não pediu penas mínimas, mas questionou alguns laudos técnicos, sugerindo que determinados abusos poderiam ter ocorrido após a morte das vítimas. A acusação rejeitou essa tese.

O crime ocorreu na madrugada de 24 para 25 de novembro de 2023. Gilberto, que trabalhava em uma obra ao lado da casa, invadiu o imóvel pela janela do lavabo. A mãe e as três filhas foram agredidas, estupradas e mortas. Melissa, a mais nova, foi asfixiada depois de presenciar a cena.

De acordo com a perícia, havia material genético do réu nas vítimas e sinais claros de violência no local. O delegado Bruno França Ferreira afirmou que Gilberto confessou os atos com “tranquilidade assustadora” e tentou apagar vestígios, lavando as mãos e escondendo roupas íntimas das vítimas, que guardava como troféus.

O criminoso foi preso dois dias depois, em 27 de novembro de 2023, e desde então está na Penitenciária Central do Estado, em Cuiabá, onde seguirá cumprindo a pena.