MST completa 30 anos com Feira Estadual da Reforma Agrária na UFMT

 MST completa 30 anos com Feira Estadual da Reforma Agrária na UFMT Foto: Sofia Soisbelo/ SÃO PAULO

Começa hoje (14.08) e vai até sábado(16) na UFMT,  a Feira Estadual da Reforma Agrária, em Cuiabá (MT)  que marca os 30 anos de história, resistência e luta do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no estado.

A programação inclui comercialização de alimentos e produtos oriundos de acampamentos e assentamentos rurais distribuídos por todo o Mato Grosso, além de apresentações culturais, oficinas, rodas de conversa e outras atividades de cunho cultural e pedagógico, reforçando a importância do movimento no estado.

30 ANOS DE HISTÓRIA

O MST-MT compõe a rede de filiadas do Fórum Popular Socioambiental de Mato Grosso (Formad) há quase uma década. Além da defesa de bandeiras de luta de extrema relevância para a construção de uma sociedade mais igualitária e justa, o MST também é sinônimo de coletividade e resistência frente a ataques, ameaças e conflitos agrários em todo o estado. Em três décadas, o movimento conquistou 47 assentamentos ocupados, garantindo a moradia, trabalho e militância de mais de 5,2 mil famílias.

O secretário-executivo do Formad, Herman Oliveira, destaca ainda que é uma vitória do MST de Mato Grosso a existência de um dos maiores assentamentos pela reforma agrária da América Latina. Localizado próximo a Tangará da Serra, região sudoeste do estado, o Assentamento Antônio Conselheiro possui mais de 38 mil hectares, sendo resultado de esforços e mobilização do movimento. Além da produção de arroz, café, leite e carne, a área também abriga duas escolas para a alfabetização e educação de jovens e adultos da comunidade.

“Mesmo com tantos alcances pelo trabalho do MST em Mato Grosso, ainda há muito que avançar, principalmente quando falamos na garantia real de soberania alimentar nesses territórios. Não podemos deixar de reconhecer também o corajoso enfrentamento do movimento em um estado como Mato Grosso que já disputou e ainda disputa o ranking de violência no campo, conflitos e mortes de lideranças. É um estado extremamente hostil com o segmento do campo, de lutadoras e lutadores de maneira geral. Que o movimento comemore muitos anos de luta pela frente e que um dia alcancemos a justiça socioambiental que tanto almejamos em Mato Grosso e em todo o Brasil. Viva o MST!”.

A Feira Estadual da Reforma Agrária do MST-MT, acontece de 14 a 16 de agosto, na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). São esperadas centenas de famílias assentadas e acampadas, trabalhadores urbanos, estudantes, artistas e militantes de todo o estado, reafirmando que a terra é para produzir vida, cultura e dignidade Mais que um espaço de comercialização de alimentos e produtos, a Feira é um espaço cultural e pedagógico, que expressa a força coletiva construída ao longo de três décadas no estado.

De acordo com a organização “são 30 anos cultivando a arte de lutar e sonhar, materializada no cuidado com a terra, com as sementes, com a água, com os bens comuns da natureza e na construção de novas relações entre as pessoas e delas com a natureza, numa perspectiva de construção da emancipação humana. Portanto, celebrar três décadas é reafirmar compromissos de seguir produzindo alimentos saudáveis, lutar pela terra e pela reforma agrária popular, aprofundando o cuidado com os bens comuns, construindo um novo modelo de produção baseado na agroecologia e projetando a soberania alimentar e popular, para a autonomia e a libertação dos povos.

Programação

Com o tema “30 anos cultivando a arte de lutar e sonhar”, o evento começa na quinta-feira (14), a partir das 8h com um café camponês servido com frutas, sucos, leite e alimentos produzidos pela agricultura familiar. Na sexta-feira (15), é a vez do lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar pela manhã. No período da tarde acontece a mesa Conjuntura Nacional, com a presença de lideranças do MST de outros estados. No sábado (16), para fechar a programação, será realizado o ato político marcando os 30 anos do movimento em Mato Grosso. Durante todos os dias, a feira de alimentos e produtos segue permanente, das 9h às 21h.

E defendendo que a luta também é cultural, a programação conta com apresentações artísticas gratuitas todos os dias. Na quinta-feira (14), sobem ao palco a partir das 18h as cantoras Gê Lacerda e Katrina Ferrari e o grupo de maracatu Buriti Nagô. Na sexta-feira (15), os shows ficam por conta do Grupo de Siriri e Cururu Raízes Cuiabana (11h) e da Banda Calorosa (20h), além do DJ Ahgave. No último dia, se apresentam a partir das 19h as bandas Kabbalah e o grupo feminino de samba Sasminina, fechando o evento.(COM FORMAD)