Mantendo o discurso de um suposto déficit que seria potencialmente prejudicial para a Saúde Pública de Cuiabá, oscilando em torno deR$ 300 milhões - sem contar R$ 1 bilhão que seriam dividas de curto prazo, que pressionam sua gestão -, o prefeito Abílio Brunini (PL) disse, durante a famosa e ininterrupta visita à Câmara Municipal, na quinta-feira (2), que busca soluções para enfrentar as adversidades.
Ele aproveitou para cutucar o ex-prefeito Emanuel Pinheiro (PSD) e alguns vereadores que estavam na legislatura passada e que, mesmo com seu alerta, aprovaram uma Lei Orçamentária Anual (LOA) "superestimada" - com mais receita e, segundo ele, mais despesas previstas, com "furos" na contabilidade municipal -, acusando-o de ter, propositalmente, deixado para justificar as dividas contraídas pela gestão passada, e não honradas.
O problema é que os números contradizem o próprio prefeito. A arrecadação, entre janeiro e agosto, comparando com mês a mês de 2024, aponta para um aumento considerável na atual gestão.
Entre janeiro e agosto de 2024, entraram nos cofres públicos de Cuiabá R$ 2.708.837,000,00. No mesmo período em 2025, foram R$ 3.026.396,000,00, uma diferença a maior para o atual gestor da ordem de R$ 317.559.000,00.
“A receita, neste ano, está maior que a do ano passado, mas as dívidas deixadas pela gestão anterior- e que, inclusive, não foram sequer empenhadas - dificultam a situação. Temos que pegar o orçamento deste ano para empenhar despesas de 2023 e 2024 e utilizar não apenas o orçamento, como também o financeiro. Isso desajust o planejamento que estamos tentando colocar em prática, desde o início deste ano”, reclamou Abílio.
Aliás, o excesso de números apresentados, todos eles divergentes, desde o início da atual gestão, levaram o ex-prefeito Emanuel Pinheiro (PSD) a usar suas mídias sociais para contestar as declarações do sucessor.
Perguntando se o atual prefeito "acha que os cuiabanos são bestas", Emanuel Pinheiro chama a atenção para a "confusão proposital" do prefeito de Cuiabá e de sua equipe, quando a secretária de Saúde afirma que o déficit acumulado é superior R$ 1,7 bilhão (citando informação do site MidiaNews). “Ai vem o prefeito Abílio Brunin e diz que o déficit herdado é de R$ 300 milhões" (apresentando matéria veiculada no site Olhar Direto).
Já em outra matéria do Midianews, o prefeito fala que é de R$ 120 milhões o déficit da Saúde de Cuiabá.
“Vocês podem perceber que o desespero é tão grande para empurrar a culpa... Eles se perdem na própria mentira. Abílio, qual é as de vocês? Vocês estão achando que o povo cuiabano é besta? Até quando vocês vão ficar inventando números e desculpas? Na verdade, o povo cuiabano não agüenta mais essa conversa fiada”, escreveu o ex-prefeito - que, na reeleição em 2020, derrotou o hoje sucessor.
Na Câmara Municipal, na quinta-feira, Abílio lembrou que alertou os vereadores para não votarem a proposta da LOA de Emanuel Pinheiro, pois ela estava superestimada, tanto nas receitas como nas despesas, e que isto causa um desequilíbrio de R$ 500 milhões - um novo valor, na salada de números e insinuações.
O prefeito afirmu que, superestimar as despesas, Emanuel Pinheiro desequilibrou as finanças de 2025.
“Avisei a eles que a proposta era superestimada, tanto nas receitas como nas despesas, para justificar os erros do então gestor”, disse Abílio, sem se lembrar que tanto as receitas como as despesas são estimativas que podem ou não se confirmar, e que a receita está diretamente ligada à despesa. Então, basta gastar o que se arrecada.
Outra questão é que Abílio Brunini foi eleito em 27 de outubro de 2024 e assumiu em 10 de janeiro. Portanto, foram 65 dias que medidas poderiam ter sido adotadas, como a retirada da LOA de apreciação e a mudança, como foi feito em 2012, pelo então prefeito eleito por Cuiabá, o hoje governador Mauro Mendes (União).
Em tempo: Mauro assumiu a Prefeitura de Cuiabá no lugar do empresário Chico Galindo (então PTB) e alegou, logo nos primeiros dias, que tinha recebido a Prefeitura com quase R$ 1 bilhão em dividas.
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