O economista Vivaldo Lopes analisou o impacto do tarifaço imposto pelos Estados Unidos ao Brasil e afirmou que a medida não tem base comercial, mas política e ideológica. Ele lembrou que o Brasil representa uma fatia mínima das importações norte-americanas.
“Os EUA compram apenas 40 bilhões de dólares do Brasil por ano, irrisório perto dos 3,5 trilhões que importam do mundo. O que incomoda é o avanço da China e dos BRICS, além da presença de gigantes como a JBS em território americano”, afirmou.
Lopes acrescentou que a ascensão do PIX também preocupa o sistema financeiro dos Estados Unidos. “O PIX destrói a indústria do cartão de crédito. É custo zero e mais eficiente. Isso mexe com interesses enormes”, avaliou.
Na visão do economista, o maior temor americano é a ascensão da China, que reduziu drasticamente a distância em relação ao PIB dos Estados Unidos. “Há 40 anos, a China era 30 vezes menor. Hoje já alcança 20 trilhões de dólares contra 30 trilhões da economia americana. É um achatamento histórico que ameaça a hegemonia dos EUA”, disse.
China, Índia e novos mercados
Apesar da força da China como principal parceiro comercial do Brasil, comprando 130 milhões de toneladas de soja por ano, Lopes alertou para os riscos da dependência. Ele defende a diversificação das exportações e a busca por novos acordos bilaterais com Índia, Canadá, México e outros países.
A Índia, segundo ele, deve assumir protagonismo econômico nas próximas décadas, dividindo com a China a liderança dos BRICS e formando um mercado consumidor que soma três bilhões de pessoas.
Economia de Mato Grosso
Lopes também destacou a solidez da economia mato-grossense, que hoje soma 255 bilhões de reais, contra pouco mais de 100 bilhões de Mato Grosso do Sul. Na época da divisão, em 1979, o Sul tinha cinco vezes mais força econômica.
O crescimento do Estado é impulsionado pelo agronegócio e pela consolidação do etanol de milho, com 15 usinas em operação e outras seis em construção. Para o economista, o próximo passo é investir na verticalização da produção.
Ele citou como exemplo a planta da JBS em Diamantino, que abate milhares de bois por dia, mas envia couro in natura para fora. “Poderíamos ter curtumes, fábricas de calçados e até indústria de gelatina no mesmo complexo industrial. Isso geraria mais empregos e renda em Mato Grosso”, concluiu.
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