Comunidade indígena no Amapá está há um mês sem energia elétrica

Comunidade indígena no Amapá está há um mês sem energia elétrica REPRODUÇÃO

Indígenas do povo Palikur, da aldeia Kumenê, em Oiapoque (AP), denunciam o descaso do governo do estado do Amapá após passarem mais de um mês sem energia elétrica. Em resposta à falta de solução, a comunidade prepara uma ação para reivindicar atenção às suas demandas. Além da interrupção do fornecimento de luz, a aldeia, localizada na Reserva Uaçá, a 590 quilômetros de Macapá, cobra melhorias na precária rede elétrica, a reforma da escola local e a manutenção da estrada de acesso.


O vice-cacique Henrique Batista responsabiliza a infraestrutura da rede elétrica improvisada pela constante falta de energia. Segundo ele, o gerador da comunidade quebrou pela segunda vez em um curto período, deixando a aldeia no escuro. A causa do problema, de acordo com o líder indígena, é antiga. A rede elétrica da comunidade foi instalada há mais de 30 anos e desde então nunca foi feito um melhoramento. “Mesmo quando o motor funcionava, a energia chegava de forma fraca nas casas”, desabafou Batista.


No dia 2 de setembro, a comunidade divulgou um vídeo cobrando do governo do Estado a solução para os problemas estruturais da comunidade. Desde essa data, foi tentado uma aproximação com o governo para discutir e encontrar uma solução, mas segundo Henrique Batista, novamente só ficou na promessa e nada foi feito.

 

Escola precária

 

A estrutura escolar também é motivo de preocupação. O diretor da Escola Indígena Estadual Manuel Iaparra, Azarias Iaparra, denunciou que a promessa de reforma não foi cumprida. A sede da escola, segundo ele, está em estado de abandono, com o teto desabando. Apenas quatro salas de aula restaram, obrigando a redução do horário de estudo para alunos do ensino fundamental e médio. “Os alunos não têm espaço adequado para estudarem”, afirmou Iaparra.


A precariedade da escola impacta diretamente a rotina de 727 alunos. Segundo o diretor Azarias Iaparra, a falta de estrutura forçou a redução da carga horária para estudantes do primeiro ao quinto ano. “Eles também precisaram ser remanejados para uma escola em uma comunidade próxima”, informou Iaparra, reforçando a gravidade do problema na rotina de ensino e aprendizagem.

 

 

Outra demanda do povo Palikur é a manutenção do ramal de acesso à aldeia, uma estrada de 25 quilômetros que interliga a comunidade. Segundo Henrique, houve uma tratativa com o secretário de transporte do município de Oiapoque para que fosse feito a manutenção da estrada, mas nunca as máquinas chegaram para realizar o serviço.


Henrique diz que um novo prazo foi estipulado para que o governo do estado possa trazer uma solução para os problemas que a comunidade enfrenta. Na segunda, 22 de setembro, o povo Palikur da Aldeia Kumenê pretende realizar um ato na rodovia BR 156, rodovia que interliga a cidade de Oiapoque, para chamar a atenção das autoridades.


A Agência Urutau entrou em contato com a Secretaria dos Povos Indígenas do Amapá em busca de um posicionamento sobre as denúncias, mas não obteve retorno até o momento da publicação.