A novela sobre o futuro da Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá pode estar perto de um desfecho. A unidade, que acumula dívidas trabalhistas e fracassou no primeiro leilão, entrou na mira de uma articulação política que envolve o Governo do Estado, a Prefeitura da Capital e a Assembleia Legislativa. O caminho defendido é a compra do prédio histórico por 25 milhões de reais, valor muito abaixo do que a Justiça do Trabalho estipulou inicialmente.

A proposta foi levantada pelo presidente do Tribunal de Contas, Sérgio Ricardo. Para ele, não há como sustentar a avaliação de 78 milhões de reais, reduzida para 39 milhões após a ausência de interessados no leilão de agosto. Segundo o conselheiro, o imóvel não alcançará esse preço e a saída mais realista é a negociação direta com o poder público.

O presidente da Assembleia, Max Russi, avalizou a ideia e declarou que o Legislativo apoiará a operação. Ele disse que não se trata de gasto absurdo, mas de investimento necessário para manter viva uma estrutura de saúde que já foi referência em Cuiabá. O prefeito Abílio Brunini também já havia sinalizado interesse em municipalizar a unidade, mas deixou claro que só participaria se o valor chegasse à casa dos 25 milhões, patamar que agora começa a ganhar força nas conversas de bastidor.

O prédio foi colocado à venda pelo Tribunal Regional do Trabalho para quitar dívidas que somam 48 milhões de reais com ex-funcionários. Como a tentativa inicial não atraiu compradores, uma nova data de leilão será marcada com lance mínimo de 39 milhões. A expectativa, no entanto, é de que prevaleça a pressão política para fechar a conta em torno dos 25 milhões, viabilizando a aquisição pelo Estado e pelo Município.

Mais do que uma transação imobiliária, o debate é um embate político. A manutenção da Santa Casa como hospital público representa a preservação de um patrimônio histórico e a retomada de um espaço estratégico para a saúde em Mato Grosso. A decisão, agora, dependerá da costura entre Executivo estadual, Prefeitura e Assembleia, que terão de transformar promessa em ação concreta.