Ambas as propostas foram realizadas junto a Secretaria da Presidência da República durante a COP 30
Durante a COP 30, realizada em Belém do Pará, o advogado, professor e pesquisador Jefferson Luis Daltro Monteiro da Silva apresentou duas propostas voltadas à valorização do Pantanal e à ampliação do protagonismo de Mato Grosso na agenda climática internacional. As iniciativas defendem a criação do Fundo Global do Pantanal e a candidatura de Cuiabá para sediar a COP 33, em 2028.
Mestre em Estudos de Cultura Contemporânea pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e doutorando em Desenvolvimento Regional pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ), Jefferson Daltro integrou a delegação brasileira na conferência a convite do Governo Federal, após indicação feita por sua instituição acadêmica no Rio Grande do Sul.
Segundo o pesquisador, apesar das críticas à infraestrutura de Belém, a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30) foi realizada com sucesso e apresentou resultados concretos. “A cidade precisou se reinventar para receber milhares de participantes. Quando faltaram leitos, navios transatlânticos foram adaptados como hotéis flutuantes; quando faltou estrutura, o governo mobilizou instalações provisórias. A principal mensagem é que, quando há vontade política, é possível fazer”, afirmou.
A primeira proposta apresentada por Daltro foi a criação do Fundo Global do Pantanal, inspirado no modelo do Fundo Amazônia, que já captou mais de R$ 8 bilhões. De acordo com o pesquisador, os extremos climáticos intensificaram as queimadas no bioma pantaneiro, e os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul precisam de apoio para enfrentar o problema. A proposta prevê um fundo autônomo, com governança própria, com recursos captados destinados exclusivamente ao Pantanal, composto por aportes da União Federal e de países estrangeiros.
Os recursos seriam aplicados em ações de combate e prevenção a incêndios, projetos sociais com comunidades tradicionais, pesquisas científicas, desenvolvimento tecnológico e iniciativas de turismo e desenvolvimento econômico sustentável. “O Pantanal não pode ser tratado apenas como uma subdivisão territorial em um fundo misto, composto por todos os biomas brasileiros. Suas especificidades exigem atenção direta. Estamos falando da maior área úmida alagável continental do planeta e do berço de uma biodiversidade imensa e única. Essa maravilha da natureza está sendo destruída sob os nossos olhos. Há estudos científicos que apontam para um colapso do Pantanal em 2070. Um fundo global para financiar a continuidade da existência de um bioma em risco seria a reação mínima esperada de um Brasil que pretende se consolidar como liderança influente no contexto global do clima”, destacou. A proposta foi protocolada na Secretaria da Presidência da República durante a COP 30.
A segunda iniciativa defende a candidatura de Cuiabá para sediar a COP 33, em 2028. Para o pesquisador, se a COP 30 colocou a Amazônia no centro do debate global, o Pantanal também reúne condições para sediar o evento. Segundo ele, a capital mato-grossense possui infraestrutura adequada, como o Centro de Eventos do Pantanal, a Arena Pantanal e o futuro Parque Novo Mato Grosso, além de avanços em mobilidade urbana, com o término das obras de implantação do BRT no corredor central das cidades de Cuiabá e Várzea Grande.
Daltro lembra que a escolha do país anfitrião depende de manifestação de interesse nacional e de articulação entre governo e sociedade civil. Ele avalia que, havendo vontade política, o Brasil pode sediar novamente uma COP em 2028, desta vez em Cuiabá. “Um evento desse porte não se limita ao debate ambiental. Ele movimenta bilhões de dólares e reposiciona cidades em termos de desenvolvimento, turismo e visibilidade internacional”, afirmou.
Ao avaliar sua participação na COP 30, Jefferson Daltro afirmou que contou com o apoio integral dos representantes do Rio Grande do Sul, que abriram espaço para que pudesse trazer à tona a situação dramática do Pantanal, comparável ao extremo climático que afetou aquele estado com as enchentes de 2025. Para ele, o objetivo foi alcançado com o protocolo da proposta do Fundo Global do Pantanal e o lançamento da candidatura de Cuiabá à COP 33, restando agora a necessidade de ampliar o debate com a sociedade.
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