Reprodução PT
O presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Edinho Silva, recuou da sinalização de lançar o ex-governador Pedro Taques (PSB) como possível nome da esquerda para a disputa ao Senado em Mato Grosso nas eleições de 2026. A mudança de tom ocorreu após reação negativa de lideranças e da militância petista no estado, que avaliaram a fala como precipitada e desconectada do cenário local.
A declaração inicial foi feita durante um encontro partidário realizado em Cuiabá no último domingo, 14 de dezembro, e gerou desconforto imediato dentro da Federação Brasil da Esperança, formada por PT, PV e PCdoB. Diante do mal-estar, Edinho passou a adotar um discurso mais cauteloso e afirmou que qualquer definição sobre a chapa majoritária será construída de forma coletiva, respeitando as instâncias partidárias e a liderança do ministro da Agricultura e senador Carlos Fávaro (PSD).
Ao tentar conter o desgaste, o dirigente nacional reforçou que não haverá imposição de nomes e que o processo eleitoral em Mato Grosso passará, necessariamente, pelo diálogo com Fávaro, principal liderança do campo lulista no estado. A avaliação interna é de que o presidente do PT foi mal-informado sobre a conjuntura local e acabou antecipando um debate que ainda não amadureceu nas bases.
A reação mais contundente partiu do deputado estadual Lúdio Cabral (PT), que classificou como infeliz a declaração de Edinho Silva. Segundo o parlamentar, não existe qualquer decisão tomada sobre a composição da chapa ao Senado e qualquer discussão sobre a segunda vaga precisa passar pelo entendimento com Fávaro. Para Lúdio, o ministro concentra legitimidade política e eleitoral no campo da esquerda em Mato Grosso.
O deputado também foi direto ao rejeitar o nome de Pedro Taques, afirmando que se trata de um projeto político superado. Lúdio defendeu que o campo progressista olhe para o futuro e aposte na renovação, inclusive com a possibilidade de candidaturas femininas, dentro ou fora do PT, para a segunda vaga ao Senado.
O próprio Carlos Fávaro tratou de esfriar as especulações envolvendo uma possível dobradinha com Taques. Questionado, o ministro afirmou que a definição cabe às federações e partidos, mas lembrou que o ex-governador não teve bom desempenho nas últimas eleições. Fávaro também destacou que o PSD tem autonomia para disputar todos os cargos em 2026, inclusive de forma independente.
Nos bastidores, o recuo de Edinho Silva é visto como um freio necessário após a reação da militância e das lideranças locais. A leitura predominante é de que a tentativa de antecipar nomes sem diálogo gerou um desgaste desnecessário e reforçou que, em Mato Grosso, nenhuma decisão sobre a disputa ao Senado passará sem o aval de Carlos Fávaro e das instâncias partidárias.
O episódio sinaliza ainda que o campo da esquerda deve priorizar a construção coletiva e a renovação política, deixando claro que projetos considerados superados dificilmente terão espaço na chapa de 2026.
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