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VIÉS POLÍTICO: Bolsonaristas associam mais o presidente à religiosidade e armas que a questões de educação, saúde, emprego ou transporte
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20/05/2019 - 14:04
INTERNET MÓVEL
Mário Marques de AlmeidaSabendo do sentimento de religiosidade beirando ao fanatismo que desperta na grande maioria de seus seguidores, pouco sensíveis às demandas macroecômicas e político-administrativas, o presidente Jair Bolsonaro, via postagem nas mídias sociais, continua “surfando” nessa onda em busca de manter o apoio e a popularidade que o ajudaram a chegar na presidência da República.É nesse cenário que se insere o post feito pelo presidente, no qual ele replica a fala de um pastor afirmando que “Jair Bolsonaro foi escolhido por Deus para governar o Brasil”.De acordo com a visão do pastor, nascido no Congo e que faz pregações na França, pelo fato de ter sido “eleito pelo Criador”, Bolsonaro não pode ser alvo de críticas e nem enfrentar oposição. Ou seja, de acordo com pastor, o presidente precisa estar acima do enfrentamento e dificuldades inerentes aos governantes.É incrível e parece até “fake news” que o presidente da República de um país das dimensões do Brasil, tenha se utilizado de suas redes sociais para reproduzir a “profecia” do pastor.Diante disso tudo, desse caldo de cultura entre fanatismo religioso e a política, que provou não ter dado certo em outras partes do mundo, a dúvida que surge é a seguinte: Até onde Bolsonaro vai conseguir manter fiéis suas bases eleitorais apenas com apelos bíblicos e religiosos ou decretos para armar a população?Para mostrar a dimensão da visão de religiosidade de grandes segmentos bolsonaristas sobre a figura do “mito”, cabe também a pergunta: até quando essa idolatria vai durar em um quadro de crise econômica a caminho da estagnação do país? Para melhor ilustrar nossos internautas, reproduzimos abaixo, na íntegra matéria da Agência Estado que aponta, com dados cientificamente levantados, a extensão do que pode ser fanatismo mesclado à adoração política.
Confira o texto:No dia 6 de setembro de 2018, Aline entrou em sua página do Twitter, indignada com os comentários que lia sobre a facada que o então candidato à Presidência Jair Bolsonaro tinha acabado de levar, durante um ato de campanha que fazia em Juiz de Fora (MG). "Você que tá comemorando a facada no Bolsonaro, só digo uma coisa, que Deus perdoe sua alma", escreveu. As 17 palavras usadas em sua frase não incluíam qualquer menção a termos ligados à saúde ou à segurança do presidente. O contexto, basicamente, era religioso. A jovem Aline não era a única que faria clamores divinos pela internet. Naquele dia e nos que se seguiriam, dezenas de milhares de postagens similares invadiriam as redes sociais, envolvendo citações de fé e o nome de Bolsonaro. As publicações chamaram a atenção da AP/Exata, empresa de inteligência em comunicação digital, que decidiu pesquisar quais são as palavras mais usadas por pessoas nas redes sociais, quando estas citações envolvem o nome "Bolsonaro". O levantamento se baseou em 2,287 milhões de tuítes, todos geolocalizados em 145 cidades, em todos os Estados do País. O trabalho foi feito em dois períodos: pré-eleitoral, entre 1.º de maio de 2018 e 3 de outubro de 2018; e pós-eleitoral, de janeiro a 9 de abril deste ano. O resultado revela que, em publicações com o termo "Bolsonaro", palavras ligadas à religião sempre estiveram à frente de assuntos centrais em qualquer campanha eleitoral ou programa de governo, como educação, saúde, emprego ou transporte. O único termo que, nas citações que envolvem Bolsonaro, chega a fazer frente a menções religiosas é armas. Os dados apontam que, em 2019, de cada 100 tuítes analisados que continham a palavra Bolsonaro, quatro também traziam citações a Deus, Jesus ou Cristo. Entre os mais citados também apareceu Satanás, como fez questão de mencionar, em sua postagem de 13 de março, o usuário do Twitter Beto Silva. "Satanás e seus asseclas amam a mentira. O problema é que a mentira nunca prevalece sobre a verdade. Resumindo: eles continuarão fracassando e Bolsonaro continuará cavalgando no lombo deles." Para Sergio Denicoli, diretor da AP/Exata, os dados explicam o fato de a religião ter sido incorporada à política do governo. "O governo Bolsonaro é reativo em relação ao que acontece nas redes sociais, é plenamente sensível ao que se passa nelas." Ao comparar as citações religiosas mais associadas ao nome de Bolsonaro, o levantamento apontou que algumas palavras apareciam com grande frequência antes das eleições, mas que depois perderam muito espaço. Foi o caso de termos como Bíblia, Inri, mandamento, pecador, pecadores e cristianismo. Por outro lado, após as eleições, surgiram termos religiosos novos, como Abraão, crucificação, divino, Gênesis, Jacó, salmos e satanás. "De maneira geral, o aparecimento de satanás na lista remete a uma radicalização do discurso, no que diz respeito ao fato de que há uma relação entre o termo "Bolsonaro" e a ideia de que ele é um presidente que luta contra satanás'", diz Denicoli. Já o surgimento dos termos como "Abraão", "Gênesis" e "Jacó" são reflexos da aproximação do presidente com Israel e sua viagem ao País. "É no livro de Gênesis que esta a base bíblica que sustenta o apoio dos evangélicos a Israel", comenta Denicoli.(Com Agência Estado)