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BRIGA DE MÁFIAS: Arcanjo extorquiu e pôs para correr bicheiro de Rondônia, mas teve que “engolir” a concorrência de um outro “capo” de MT
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29/05/2019 - 11:59
Arcanjo
RedaçãoA organização criminosa comandada pelo bicheiro João Arcanjo, além da lavagem de dinheiro proveniente do jogo do bicho, adotava a prática de sequestrar e extorquir concorrentes. A revelação é do delegado Luiz Henrique Damasceno, da Polícia Judiciária Civil (PJC), feita em coletiva à imprensa, na manhã de hoje, para explicar detalhes da Operação Mantus, desencadeada nesta quarta-feira e que já culminou com a prisão do bicheiro João Arcanjo Ribeiro, o “Comendador”, do genro deste, Giovani Zen, e de um rival de ambos na exploração do jogo do bicho, o também contraventor e agiota Frederico Muller Coutinho, Segundo o delegado, capangas de Arcanjo seBRIGAquestraram e extorquiram um contraventor de Rondônia que pretendia concorrer com o “Comendador”, instalando o jogo na cidade de Juara (695 km de Cuiabá). O fato ocorreu em fevereiro.No melhor estilo de como age a máfia, os capangas de Arcanjo, após sequestrar o homem, retiraram dele as máquinas para operacionalizar a jogatina, e ele foi posto para correr da cidade. Pelo “modus operandi” de Arcanjo, nota-se que contraventores de outros Estados, a exemplo de Rondônia, não se instalaram em Mato Grosso, mas o “Comendador, no entanto, teve que engolir a concorrência atrevida imposta por Frederico Muller Coutinho, dublê de empresário e bicheiro,As investigações agora miram para saber a extensão da disputa por espaços entre os dois “capos” mato-grossenses: Arcanjo e Coutinho.Confira mais detalhes da Operação Mantus:Polícia Civil cumpre 63 mandados contra duas organizações atuantes em jogos de azar em MTAs investigações descortinaram duas organizações criminosas que comandam o jogo do bicho em MT, e que movimentaram em um ano, mais de R$ 20 milhõesA Polícia Civil, por meio da Delegacia Especializada de Fazenda e Crimes Contra a Administração Pública (Defaz) e da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), deflagrou, na manhã desta quarta-feira (29.05), a operação “Mantus”, com o escopo de prender duas organizações criminosas envolvidas com lavagem de dinheiro e com a contravenção penal denominada “Jogo do Bicho”.A operação visa dar cumprimento a 63 mandados judiciais, sendo 33 de prisão preventiva e 30 de busca e apreensão domiciliar, expedidos pelo juiz da 7ª Vara Criminal da Comarca de Cuiabá, Jorge Luiz Tadeu.As ordens judiciais são cumpridas em Cuiabá, Várzea Grande e em mais 5 cidades do interior do Estado. Um dos alvos foi preso no aeroporto de Guarulhos com apoio da Polícia Federal. Os detalhes da operação serão passados em coletiva de imprensa, realizada nesta quarta-feira (29), às 09h30, no auditório da Diretoria Geral da Polícia Civil.As investigações iniciaram em agosto de 2017, conseguindo descortinar duas organizações criminosas que comandam o jogo do bicho no Estado de Mato Grosso, e que movimentaram em um ano, apenas em contas bancárias, mais de R$ 20 milhões. Uma das organizações é liderada por João Arcanjo Ribeiro e seu genro Giovanni Zem Rodrigues, já a outra é liderada por Frederico Muller Coutinho.João Arcanjo Ribeiro, conhecido como “Comendador”, é acusado de liderar o crime organizado em Mato Grosso, nas décadas de 80 e 90, sendo o maior “bicheiro” do Estado, além de estar envolvido com a sonegação de milhares de Reais em impostos, entre outros crimes.No ano de 2002, Arcanjo foi alvo da operação da Polícia Federal, Arca de Noé, em que teve o mandado de prisão preventiva expedido pelos crimes de contravenção penal, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e homicídio. A prisão do bicheiro foi cumprida em abril de 2003 no Uruguai. Arcanjo conseguiu a progressão de pena do regime fechado para o semiaberto em fevereiro de 2018, após 15 anos preso.O empresário Frederico Müller Coutinho é um dos delatores da Operação Sodoma, que investigou fraudes que resultaram na prisão do ex-governador Silval Barbosa. Müller trocava cheques no esquema e chegou a passar dinheiro para o então braço direito do ex-governador. Os cheques teriam sido emitidos como parte de um suposto acordo de pagamento de propina ao grupo político do ex-governador.Durante as investigações, foi identificada uma acirrada disputa de espaço pelas organizações, havendo situações de extorsão mediante sequestro praticada com o objetivo de manter o controle da jogatina em algumas cidades.Os investigadores também identificaram remessas de valores para o exterior, com o recolhimento de impostos para não levantar suspeitas das autoridades. Foram decretados os bloqueios de contas e investimentos em nome dos investigados, bem como houve o sequestro de ao menos três prédios vinculados aos crimes investigados.Os suspeitos vão responder pelo crime de organização criminosa, lavagem de dinheiro, contravenção penal do jogo do bicho e extorsão mediante sequestro, cujas penas somadas ultrapassam 30 anos.O delegado titular da Gerência de Combate ao Crime Organizado, Flávio Stringueta, cita a integração entre a GCCO e a Defaz como um dos pontos principais para o êxito das investigações. “Em especial, dos Núcleos de Inteligência, que desempenharam um trabalho de excelência, sob a coordenação do delegado Luiz Henrique Damasceno”, destacou.Para o delegado, Luiz Henrique Damasceno, um dos coordenadores das investigações, a ação demonstra o trabalho qualificado da Polícia Civil. que por meio do uso do Laboratório de Dinheiro, visou atacar principalmente o aspecto financeiro das organizações criminosas.A operação coordenada pela Diretoria de Atividades Especiais, conta com o apoio da Diretoria Metropolitana, Diretoria do Interior, além do auxílio do Laboratório de Lavagem de Dinheiro da Polícia Civil na coleta dos dados, que foram trabalhados pelas equipes que atuaram diretamente no Inquérito Policial.O nome Mantus: Na mitologia etrusca, Manto (em latim: Mantus) é o deus do mundo dos mortos no vale do rio Pó. Manto também é conhecido como o Deus do azar, onde chamava atenção de suas vítimas através de jogos, roubando assim suas almas.