Empresa de políticos deixa "rombo" de obras inacabadas da Copa e ainda é “premiada” com recuperação judicial ampliada

Empresa de políticos deixa serviço porco
Redação Um dos  serviços "porco" da Engeglobal, que lesou os cofres públicos   O Grupo Engeglobal, propriedade de uma família tradicional de políticos mato-grossenses, entre eles o ex-deputado Fábio Garcia (Dem), é o que pode se chamar de “sortudo”.  O braço de engenharia e construção civil do grupo, a Engeglobal, após deixar uma herança lamentável de obras inacabadas contratadas junto ao Governo do Estado na gestão do ex-governador Silval Barbosa, a exemplo da malfadada canalização do córrego Mané Pinto, na Avenida 8 de Abril, no bairro do Porto, causando prejuízos aos cofres públicos e transtornos ao tráfego naquela via, acabou sendo blindada por uma recuperação judicial que se estende ao passivo de R$ 591,5 milhões que a empresa deve a um rol enorme de credores.A recuperação judicial garante  à empresa tirar certidões, não sofrer execuções por conta das dívidas e seguir operando normalmente, e ir quitando os débtos com prazos alongados e condições favoráveis.Além desse benefício a uma empresa endividada e relapsa na execuções de contratos, e pelos quais recebeu do governo de Mato Grosso mas entregou os serviços inacabados, soma-se agora mais vantagens para o grupo.A Global Energia Elétrica S/A e Primus Incorporação e Construção , que fazem parte do mesmo conglomerado, também foram beneficiadas pela blindagem da recuperação referente a ações de cobrança e execução movidas por credores. É o que consta em decisão prolatada pela juíza Anglizey Solivan de Oliveira que assumiu recentemente o processo em tramitação na Primeira Vara Cível Especializada em Recuperação Judicial e Falência. Cabe salientar que a referida ação de recuperação estava sob a responsabilidade do juiz Cláudio Roberto Zeni Guimarães, que negou a inclusão das empresas no processo em 23 de novembro de 2018. Agora, com a decisão da magistrada, as empresas podem participar de licitações, bem como firmar todos os atos jurídicos pertinentes a contratos, caso saiam vencedoras em licitações.A partir da decisão, podem concorrer sem a necessidade de apresentação da Certidão Negativa de Débito Tributário, Trabalhista e de distribuição da recuperação judicial.   A Global Energia Elétrica e Primus Incorporação e Construção possuem, respectivamente, dívidas de R$ 2,4 milhões e R$ 1,9 milhões. Quantias bem inferiores à dívida da Engeglobal que se aproxima de R$ 500 milhões DespachoA juíza Anglizey Oliveira declarou suspensas por 180 dias as ações e execuções promovidas contra as empresas que compõe o Grupo Engeglobal por créditos sujeitos aos efeitos da recuperação judicial.Determinou ainda, que as devedoras apresentem, mensalmente, enquanto perdurar a recuperação judicial, contas demonstrativas, sob pena de destituição de seus administradores. Os credores terão prazo de 15 dias corridos para apresentarem suas habilitações ou divergências perante o administrador judicial.“Com o fim de não retardar ainda mais o andamento do feito, deverão as recuperandas trazer aos autos, no prazo de 30 dias corridos, demonstração de sua viabilidade econômica, laudo econômico-financeiro e de avaliação dos bens e ativos, subscrito por profissional legalmente habilitado ou empresa especializada, de todos os litisconsortes ativos”, determina a magistrada.