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PGC indicia 33 por lavagem, extorsão e jogo do bicho; desembargador nega liminar para soltar genro de Arcanjo
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07/06/2019 - 20:03
REDAÇÃOA Polícia Civil concluiu o inquérito da Operação Mantus, nesta sexta-feira (7), com o indiciamento de 33 pessoas por envolvimento com o esquema de jogo do bicho em Mato Grosso. Todos foram indiciados pelos crimes de organização criminosa, extorsão, extorsão mediante sequestro, lavagem de dinheiro e contravenção penal do jogo do bicho.
Quase mil páginas compõem o inquérito policial da operação “Mantus”, e encaminhado ao Ministério Publico Estadual com o indiciamento de integrantes de duas organizações criminosas investigadas em crimes de lavagem de dinheiro oriundo da contravenção penal do “jogo do bicho”.Em pouco mais de 1 ano, os dois grupos criminosos movimentaram mais de R$ 20 milhões em contas bancárias. Uma das organizações é liderada por João Arcanjo Ribeiro e seu genro Giovanni Zem Rodrigues. A segunda é chefiada por Frederico Muller Coutinho. Eles estão presos em cumprimento de mandados de prisão preventiva.
Os três e mais 30 pessoas foram indiciadas por crimes de organização criminosa, extorsão, extorsão mediante sequestro, lavagem de dinheiro e contravenção penal do jogo do bicho.As investigações foram comandadas pela Delegacia Especializada de Fazenda e Crimes Contra a Administração Pública (Defaz) e da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), ambas unidades da Diretoria de Atividades Especiais da Polícia Civil de Mato Grosso.
Liminar negada
Por outro lado, o desembargador Rui Ramos Ribeiro, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), negou pedido de liminar em habeas corpus impetrado pela defesa do empresário Giovanni Zem Rodrigues e manteve a prisão do investigado que é genro do bicheiro João Arcanjo Ribeiro e foi preso na Operação Mantus deflagrada no dia 29 de maio. Zem é acusado de chefiar, junto com o sogro, a organização criminosa Colibri que atua na exploração do jogo do bicho em Mato Grosso desde a década de 80. Arcanjo também foi preso na operação deflagrada pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e Delegacia Fazendária (Defaz).A decisão contrária foi proferida na tarde desta sexta-feira (7) pelo relator do habeas corpus que tramita na Terceira Câmara Criminal de Tribunal de Justiça. O magistrado afirmou existir indícios e elementos que apontam Giovanni como integrante e chefe do esquema. Também reforçou que as organizações criminosas se valem de práticas violentas observando que a preventiva do empresário se faz necessária para evitar a reiteração delitiva, ou seja, o cometimento de novos crimes. Indiciados Os 33 indiciados são apontados como integrantes de duas organizações criminosas, identificadas pela Polícia como "Colibri" e "FMC Ello".De acordo com as investigações, em pouco mais de 1 ano, os dois grupos criminosos - que disputavam território em Mato Grosso - movimentaram mais de R$ 20 milhões em contas bancárias.
Como líderes da organização Colibri, a polícia aponta o bicheiro João Arcanjo Ribeiro e o genro dele, Giovanni Zem Rodrigues - ambos detidos na Penitenciária Central do Estado. Já a FMC Ello é chefiada por Frederico Muller Coutinho, segundo as investigações. Este último encontra-se preso no Centro de Custódia da Capital. A desarticulação dessas organizações representa a contenção de um acirramento que já estava acontecendo com sequestro e extorsões, relacionado ao jogo do bicho, que não paraAs investigações foram comandadas pela Delegacia Especializada de Fazenda e Crimes Contra a Administração Pública (Defaz) e da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO).InvestigaçõesAs investigações iniciaram em agosto de 2017, com denúncia de um colaborador, indicando a existência do domínio do jogo do bicho por parte de Frederico Muller Coutinho. Mas durante a apuração constatou-se que havia mais de uma organização, e que está se mantinha sob a liderança do ex-comendador e seu genro.“A desarticulação dessas organizações representa a contenção de um acirramento que já estava acontecendo com sequestro e extorsões, relacionado ao jogo do bicho, que não para. A parte da lavagem de capitais foi mais complicada, pois necessita identificar de onde vem o recurso e sua destinação”, relatou Damasceno. O delegado titular do GCCO, Flávio Henrique Stringueta, asseverou que mesmo que o inquérito seja concluído as investigações irão continuar.“As investigações continuarão para tentar encontrar mais bens e atacar a parte econômica das organizações criminosas”, disse.InterrogatórioJoão Arcanjo Ribeiro foi interrogado na quinta-feira (6), na sede da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO). Sob forte esquema de segurança ele foi retirado do Raio 5 da Penitenciária Central do Estado (PCE) até a GCCO, onde por mais de três horas foi questionado sobre diversos pontos da investigação.Quando preso, na operação, o bicheiro teve apreendido em sua casa R$ 201 mil, dinheiro que alegou estar declarado em seu imposto de renda e ser mantido no imóvel para despesas diárias.Durante seu interrogatório, Arcanjo negou todos os questionamentos que lhe imputariam alguma responsabilidade criminal, como documentos apreendidos que o vinculam ao jogo do bicho.Polícia apreendeu mais de R$ 300 mil em espécie durante a operaçãoPRÁTICA ANTIGADocumentos apreendidos agora na Operação Manutus coincidem com os de uma outra grande apreensão ocorrida em 12 de julho de 2018, pela GCCO, no Bairro Jardim Campos Elíseos, em Cuiabá. Foram 12 máquinas eletrônicas de apostas apreendidas, várias bobinas, tabelas do jogo do bicho, e outros matériais de aposta. Na ocasião duas pessoas foram detidas.O delegado responsável pelas investigações, Luiz Henrique Damasceno, lembrou também que nessa ocasião foi encontrado na minicentral um documento de arrecadação (Darf) da fazenda São João, de propriedade da João Arcanjo Ribeiro.“Demonstrando desde então vínculo do funcionário Marcelo Honorato com Arcanjo e Giovanni Zem. Também foram descobertos remessas de dinheiro para o Uruguai, cerca de R$ 500 mil nos últimos 5 anos. O problema é um bicheiro mandado dinheiro para fora do país, destinado a pessoas ligadas a Arcanjo”, destacou.Na investigação também consta foto de um recibo de R$ 20 mil entregue por um bicheiro a outro, no estacionamento onde João Arcanjo Ribeiro trabalha, o Estacione Parking, na Avenida Rubens de Mendonça (CPA), em Cuiabá.No dia e horário, o monitoramento eletrônico da tornozeleira de João Arcanjo aponta que ele estava no estacionamento, que é de sua propriedade, além da extração de conversa via aplicativo Whatsapp, autorizadas pela Justiça.Outro ponto considerado na investigação é o fato de João Arcanjo dividir a mesma secretária da empresa Granito, considerado pela PolíciaCivil como o estabelecimento comercial que mais “lavou” dinheiro.O estacionamento e a empresa são considerados o “QG” da Colibri e lá foram encontrado planilhas de contabilidade, que podem ser da jogatinha, sendo semelhantes a localizada no quarto de Giovanni Zem durante as buscas realizadas na operação.Esta última é igual a outra planilha apreendida com o gerente do jogo do bicho na região Norte de Mato Grosso, Mariano Oliveira, que ainda teve diversos produtos do jogo, como máquinas eletrônicas, cadernos dos sonhos, e outros localizados em sua posse.Giovanni Zem, quando ouvido, permaneceu em silêncio, assim como Frederico Muller Coutinho. Mas segundo a Polícia Civil, membros do grupo de Muller acabaram confirmando fatos descobertos ao logo de quase 2 anos de investigações, que estão nos relatórios policiais. Operação Mantus A operação deflagrada na quinta-feira (29) passada prendeu 29 pessoas, de um total de 33 mandados de prisão preventiva e 30 buscas e apreensão domiciliar.As ordens judiciais foram expedidas pelo juiz da 7ª Vara Criminal da Comarca de Cuiabá, Jorge Luiz Tadeu, para cumprimento nas cidades de Cuiabá, Várzea Grande e cinco municípios do interior de Mato Grosso. Giovanni Zem foi preso no Estado de São Paulo, no Areoporto Internacional de Guarulhos, com apoio da Polícia Federal. ApreensõesAo todo, a operação Mantus apreendeu mais de R$ 300 mil em espécie, dezenas de máquinas eletrônicas de aposta do jogo do bicho, documentos, jóias, relógios, e 11 veículos, dos quais dois foram devolvidos e nove continham em poder da Justiça. São duas SW4, um Chrysler blindado, Fiat Toro, S10 2019, entre outros automóveis.Foram ainda sequestrados, a mando da Justiça, o hotel Colibri que fica na cidade de Tangará da Serra, o estacionamento Parking na Avenida do CPA, em Cuiabá, e o imóvel da empresa Granito, todos de propriedade de João Arcanjo Ribeiro.