Senador por MT lamenta demissão do general Santos Cruz e diz que ministro representava “estabilidade". Ele vinha sendo alvo de ataques de Olavo de Carvalho e filhos do presidente

RedaçãoNa tarde desta quinta-feira pegou a classe política de surpresa a saída inesperada do ministro da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto dos Santos Cruz, da equipe do presidente Jair Bolsonaro. Santos Cruz vinha fazendo articulação política elogiada por senadores que lamentaram a sua demissão, a exemplo do senador mato-grossense Wellington Fagundes que disse ser Santos Cruz um ponto de “estabilidade no governo”.A  sua queda está sendo atribuída como resquícios dos bombardeios e críticas, inclusive grosseiras e de baixo calão, que ele sofreu do guru do bolsonarismo, o escritor Olavo de Carvalho, e que foram ecoadas pelos filhos do presidente Jair Bolsonaro. Analistas políticos avaliam a exoneração do general como mais uma vitória de Olavo de Carvalho e dos filhos do presidente.O presidente comunicou a exoneração ao general em almoço nesta quinta-feira, 13, no Palácio do Planalto, antes de Bolsonaro viajar a Belém, no Pará, onde cumpre agenda. Bolsonaro avalia três nomes para substituí-lo na função. Um dos cotados é o general Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira, atual chefe do Comando Militar do Sudeste, que é próximo ao presidente. Segundo o jornal O Globo, o nome cogitado para substituir Santos Cruz é chamado por Bolsonaro de "meu pitbull".   No auge dos ataques que o general sofreu, Bolsonaro, porém, em nenhum momento saiu em defesa do seu ministro e chegou a condecorar Olavo com a Ordem Nacional de Rio Branco em meio à polêmica. A atitude incomodou a ala militar do governo. Nesta quinta-feira, antes de ser informado da saída, Santos Cruz esteve no Senado, em audiência na Comissão de Transparência, onde defendeu a permanência do colega de Esplanada, Sérgio Moro, no Ministério da Justiça. "O juiz Sergio Moro é uma pessoa que está muito acima desse absurdo aí criminoso de invasão de privacidade de telefone. O ministro Sérgio Moro presta um serviço ao Brasil incalculável na nossa história. Eu acho que não tem nada a considerar sobre risco para pessoa desse nível", disse Santos Cruz, em referência ao vazamento de supostas conversas do ex-juiz em que daria conselhos sobre investigações da Lava Jato.Senadores falam em prejuízo para articulação política com saída de Santos CruzA notícia da demissão do ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Alberto do Santos Cruz, surpreendeu senadores no fim da tarde desta quinta-feira, 13. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), manifestou preocupação com uma piora na relação entre o governo e o Congresso, de acordo com interlocutores que estavam reunidos no momento da informação.O senador Chico Rodrigues (DEM-RR), inclusive, havia agendado uma reunião com o chefe da Secretaria de Governo para esta sexta-feira, 14, no Palácio do Planalto. "Se for verdade, é uma lástima. Havia um bom relacionamento do Congresso com ele", comentou Rodrigues. O líder do bloco que reúne PL, DEM e PSC no Senado, Wellington Fagundes (PL-MT) avaliou a saída de Santos Cruz como mais um complicador na articulação política do Planalto. "É uma pessoa de estabilidade", afirmou, em referência ao ministro. "Temos uma instabilidade e uma imprevisibilidade com o que vai acontecer até a semana que vem, isso vai respingar para o governo? São perguntas que todos querem saber", declarou. "Vemos um governo que tem colocado à frente sempre a questão ideológica, e isso é sempre um 'dificultador' nas relações.", afirmou.