CAIU NA REAL: Depois de ter criticado a China diversas vezes, Bolsonaro diz que vai se encontrar com líder chinês Xi Jinping e desfazer “mal entendido”

RedaçãoPelo jeito, o presidente Jair Bolsonaro parece ter entendido que o Brasil pode – e deve – manter boas relações com os Estados Unidos sem, necessariamente, ter que desprezar os laços com a China – maior parceiro comercial de nosso país – conquistados em governos passados através de uma diplomacia pragmática e de resultados.O presidente brasileiro, em sua política externa anterior, vinha defendendo um alinhamento total e absoluto com os EUA e com Trump, que beirava à subserviência. Mas, ao reconhecer a importância da China, como vem fazendo agora, no relacionamento econômico com o Brasil, Bolsonaro, ao que parece, tomou um choque de bom senso e está revisando o seu exarcebado viés ideológico nas relações internacionais.Confira o que ele disse neste sábado, duante entrevista coletiva no Japão:Bolsonaro enfatizou a importância da China como parceira comercial do Brasil, lembrando que planeja visitar o país no segundo semestre, possivelmente em outubro. Ele teria uma reunião bilateral com o presidente da China, Xi Jinping, neste sábado, mas o encontro foi cancelado por parte da agenda do líder chinês.Na entrevista, Bolsonaro disse que iria desfazer "qualquer mal entendido" no encontro com Xi e buscar ampliar o comércio com a China, após ter criticado Pequim diversas vezes."A China vai continuar fazendo comércio conosco", afirmou.Questionado sobre o encontro na véspera com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o presidente brasileiro disse que ambos discutiram formas de aproximação e também de ampliar o comércio.Segundo Bolsonaro, Trump deve fazer uma visita à Argentina ainda este ano, oportunidade em que defendeu um encontro entre o líder norte-americano com diversos presidentes de países da América do Sul.Bolsonaro também comentou encontro que teve com a chanceler alemã, Angela Merkel, que antes de embarcar para o G20 disse que gostaria de ter uma conversa franca com o líder brasileiro sobre a questão ambiental.Ele disse que Merkel "arregalou os olhos" em determinado momentos, inclusive quando a convidou para explorar a Amazônia "de forma racional e sustentável"."Se alguém pode falar sobre preservação ambiental é o Brasil", disse. "Não podemos aceitar certas observações e uma difamação do Brasil no tocante a essa área"."Mostramos que o Brasil mudou o governo e é um país que vai ser respeitado. Falei para ela da questão da psicose ambientalista que existe para conosco", acrescentou.Na agenda de política nacional, Bolsonaro disse que o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, permanecerá no cargo até segunda-feira, como todos os demais ministros. Antônio é suspeito de envolvimento em esquema de candidaturas laranjas do PSL, partido de Bolsonaro, investigado pela Polícia Federal.Sobre o sargento da Aeronáutica preso na Espanha em um avião da FAB na Espanha esta semana por porte de 39 quilos de cocaína, Bolsonaro disse que gostaria que o caso tivesse ocorrido na Indonésia, onde o crime de tráfico de drogas é punido com a pena de morte.     EU-MercosulO presidente Jair Bolsonaro afirmou também que o tratado de livre comércio entre União Europeia e Mercosul pode gerar uma "operação dominó" e encorajar outros países a negociarem acordos comerciais com o Brasil."Acho que é operação dominó, com toda certeza outros países terão interesse em negociar conosco, o Japão, inclusive", disse Bolsonaro em entrevista coletiva no encerramento da cúpula do G20 na cidade japonesa de Osaka, citando como exemplo a carne brasileira.Mercosul e União Europeia (UE) assinaram um acordo preliminar de livre comércio na sexta-feira, encerrando duas décadas de negociações e contrariando uma tendência global de crescimento do protecionismo diante da disputa comercial entre as duas maiores economias do mundo, a China e os Estados Unidos.