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Major expulso pela PM de MS por tráfico de drogas e lavagem de dinheiro é acusado de golpe que “ressuscitou” perante juiz em MT bilionário português que morreu em SP sem deixar herdeiros
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05/07/2019 - 00:11
RedaçãoFoi condenado a mais uma pena um ex-oficial da Polícia Militar do Mato Grosso do Sul que deixou marcas de sua trajetória de crimes também em Mato Grossp. Trata-se do ex-major Sérgio Roberto de Carvalho. Expulso da PMMS por tráfico de drogas, ele possui extenso prontuário criminal onde se inclui golpe em MT para se apropriar de bens de um bilionário que morreu em 2005 sem deixar herdeiros.
O ex-major Carvalho, que já se encontrava preso por outros delitos, foi condenado a mais 15 anos, 3 meses e 21 dias de prisão por lavagem de dinheiro pela 3ª Vara Federal de Campo Grande, segundo sentença do juiz federal Bruno Cézar da Cunha Teixeira publicada no diário oficial do órgão desta quinta-feira (4).O-major articulou a montagem de um esquema se empresas de fachada, no MS, para movimentar apenas entre os anos de 2002 e 2006 mais de R$ 100 milhões.Carvalho era responsável por operações fraudulentas para ficar com a herança de Olympio José Alves, um bilionário que vivia em São Paulo e morreu em 2005, deixando sem herdeiros uma fortuna estimada na época em mais de R$ 100 milhões e que, em valores atualizados, chegaria hoje na casa de R$ 1 bilhão ou mais.A denúncia aponta que uma usina de açúcar e álcool, esta localizada em Mato Grosso, e uma transportadora teriam sido compradas para fraudar o espólio do milionário. O ex-major teria conseguido se apossar de R$ 3,9 milhões, escondendo os valores com várias pessoas para dificultar o rastreamento.Na época da deflagração da Operação Vitruviano, em 2010, a Polícia Federal informou que teria 17 inquéritos instaurados para apurar crimes cometidos pelo ex-major. Entre eles lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, contrabando, tráfico de drogas, exploração de jogos de azar, estelionato, entre outros, registrados desde a década de 1980.Herança e suposta dívida bilionária em Mato GrossoEm janeiro de 2010, um homem se fez passar por Olympio Jose de Moura na Justiça de Mato Grosso.Nascido em 1918, Olympio morreu em 2005, no Hospital Beneficência Portuguesa, na Capital paulista, com pneumonia.Ele deixou fortuna em dinheiro e imóveis avaliada quando da sua morte há quase 15 anos em R$ 100 milhões, mas não fez testamento. A fortuna, desde então, virou alvo de supostos credores e está sendo disputada por parentes em Portugal e por mulheres que dizem ter sido suas companheiras. Para colocar a mão no dinheiro, falsários chegaram até a se passar por Olympio em audiências, e há documentação de supostas ex-companheiras com suspeita de fraude.O Português, como era conhecido, morava em um apartamento no quinto andar de um prédio no bairro do Itaim Bibi, área nobre de São Paulo. Ele também mantinha outra casa na Rua Professor Filadelfo de Azevedo, onde ficou parte da mobília, naquela cidade. O valor exato da herança ninguém sabe ao certo, mas era estimado em R$ 100 milhões, R$ 60 milhões em imóveis e R$ 40 milhões em aplicações financeiras. Entre os imóveis há um casarão no Centro Histórico do Rio de Janeiro, casas e prédios comerciais em áreas valorizadas da capital paulista.Entre as dívidas em que Olympio figura como devedor na Justiça, está uma que chega a R$ 1,6 bilhão. Esse é o valor corrigido que a empresa KLB Comércio de Combustíveis cobra de Olympio pela venda de uma usina de álcool.O contrato apresentado à Justiça mato-grossense em 2010 não foi assinado por Olympio, e sim por um procurador dele.A usina supostamente comprada por ele em Mato Grosso tinha como endereço um trecho na BR-364, entre Cuiabá a Juscimeira. Olympio Alves teria comprado a empresa, segundo os documentos apresentados à Justiça, por quase R$ 1 bilhão. Trata-se de uma usina de álcool que estava sucateada.Segundo o juiz do trabalho, Wanderley da Silva, informou naquele ano, a usina estava penhorada por causa das dívidas com credores e funcionários. Foi avaliada por peritos e vendida judicialmente. “Na ocasião, em 2007, foi avaliada em R$ 2,5 milhões e vendida para o pessoal que arrematou por R$ 2,2 milhões”, lembra Silva.Os indícios de fraude nesse negócio são flagrantes. Afinal, por que Olympio pagaria R$ 1 bilhão por uma usina que vale R$ 2 milhões?A KLB recebeu parte da dívida, quase R$ 4 milhões, sacados das contas correntes deixadas pelo morto, mediante ordem judicial expedida em Mato Grosso. O dinheiro, segundo ficou sabendo-se depos, foi parar nas mãos do ex-major da Polícia Militar do Mato Grosso do Sul.Novo ataqueUm novo e surpreendente ataque ao patrimônio do milionário foi verificado ainda em 2010. Olympio teria comparecido à audiência na 3ª Vara Cível de Várzea Grande, Mato Grosso, naquele ano. Mas ele havia morrido cinco anos antes de “ressuscitar” perante o então juiz ritular da Vara em Várzea Grande.Na audiência, o falso Olympio reconheceu uma dívida de R$ 8 milhões com a empresa Rio Pardo Agroflorestal. Após o acordo, o juiz Marcos José Martins de Siqueira mandou transferir o dinheiro para a conta dos donos da empresa.No local citado como sede da empresa Rio Pardo e a terra que teria sido vendida pela empresa para Olympio foi verificado, ainda em 2010, que havia apenas um assentamento de pequenos agricultores em uma área arrecadada pelo Instituto da Reforma Agrária (Incra). “Não temos nenhum conhecimento de transação nesse vulto”, disse Francisco Roberto Dias Neto, então executor do Incra.Quando dos fatos da “ressureição” de Olympio no fórum varzeagrandense, a Corregedoria Geral de Justiça de Mato Grosso abriu sindicância para investigar o juiz.