"Comendador" Arcanjo já impôs "governo paralelo" em MT, mas ainda continua sendo reverenciado como "chefão"
|
12/07/2019 - 21:30
arcanjo5
Redação
Mesmo sem o poder de antes, de cerca de 20 anos atrás, quando impunha uma espécie de "governo paralelo" em Mato Grosso e era cortejado por um séquito de colunistas sociais, bajuladores de várias esferas e altas autoridades do aparato institucional, João Arcanjo está envelhecido pelo passar dos anos, mas continua rico e dono de uma fortuna invejável cujos valores são estimados em mais de 500 milhões de doláres, mas ninguém sabe ao certo por se tratar de bens amealhados através de atividades ilícitas.
Agora, recentemente, o veterano "chefão", sob acusação de chefiar um grupo de jogo do bicho (coisa que ele nunca deixou de fazer) e comandar a prática de extorsão e ameaças, voltou à cadeia. Ele está preso preventivamente e, por enquanto, as tentativas de sua defesa para libertá-lo vem esbarrado em decisões contrárias da Justiça.
Folha corrida
Denúncias e processos contra o capo principal do crime organizado em Mato Grosso, João Arcanjo Ribeiro, vulgo “Comendador” - e neste caso não envolvendo apenas contravenção penal derivada do jogo do bicho, mas sim de desvios de dinheiro público -, remontam ao ano de 2002 e, desde então, “navegam” na morosidade de tramitações judiciais.“Herança” dessa fase em que o bicheiro era um dos protagonistas de crimes contra o erário estadual. mais três processos criminais contra Arcanjo originados na rumorosa Operação Arca de Noé, desfechada em 2002 e nos quais ele é indiciado por peculato e lavagem de dinheiro, receberam agora despachos da juíza Ana Cristina Mendes, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá. Em dois deles a magistrada marcou audiências de instrução para o dia 31 deste mês, a partir das 13h30 enquanto no terceiro ela abriu prazo para a defesa se manifestar sobre compartilhamento de provas do processo original que depois foi desmembrado. Há cerca de 17 anos, a Polícia Federal desarticulou vários esquemas de fraudes a licitações envolvendo empresas fantasmas utilizadas para desviar fortunas da Assembleia Legislativa de Mato Grosso no início da década de 2000, quando a Casa era comandada pelo ex-deputado José Riva. Desde essa época, várias ações criminais e cíveis estão tramitando no Judiciário mato-grossense contra Arcanjo. políticos e ex-servidores envolvidos nos esquemas de corrupção. Nomes emblemáticos como o de José Riva e Humberto Bosaipo, ex-deputado e ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, fazem parte desse esquema e constam como réus nas ações.. De acordo com o Ministério Público Estadual (MPE), eles faziam parte de um conluio para fraudar processos licitatórios onde empresas de fachada eram declaradas vencedoras e recebiam milhões de reais através de cheques emitidos pelas contas do Legislativo Estadual. Posteriormente. os cheques eram trocados na Confiança Factoring, de propriedade de João Arcanjo. “CURRÍCULO” NA CADEIADesde sua prisão no Uruguai, João Arcanjo Ribeiro esteve preso por 15 anos no Brasil, passando por vários presídios federais, considerados de segurança máxima. Em fevereiro de 2018, conseguiu a progressão para o regime semiaberto, monitorado por tornozeleira eletrônica.