Crescimento da mendicância e população de rua na Capital de MT reflete desemprego e cortes de verbas assistenciais

Crescimento da mendicância e população de rua na Capital de MT reflete desemprego e cortes de verbas assistenciais mprador de rua
Redação   Em Cuiabá, a prefeitura e nem o governo do Estado possuem estatística sobre o número de moradores de ruas e pedintes. As ONGS e entidades assistenciais locais dedicadas ao acolhimento desses marginalizados sofrem os efeitos dos cortes de verbas destinadas ao setor social, de uma maneira geral, pela gestão federal. A situação se agrava com o aumento do desemprego que neste ano se avolumou sobre a Região Metropolitana da Capital, a exemplo do que ocorre no restante do país – o que impacta de forma visível no crescimento da mendicância e situação de miséria extrema que se abatem sobre contingentes de pessoas nunca antes vistas na cidade nessa quantidade de sequer ter um teto. Inclusive, famílias com crianças.Essa realidade é mais ou menos comum em outras capitais brasileiras.  A escalada de aumento dessa população se repete pelo país,  ao longo da pior crise econômica enfrentada pelo Brasil e sua resultante de 13 milhões de desempregados. Não há, porém, estatística com critério uniforme para avaliação. Na tradicionalmente calorenta Cuiabá, a queda brusca da temperatura, na semana passada, por conta de uma onda gelada vinda do Sul, piorou os problemas enfrentados por essas pessoas. Foi o caso de Zulmira Ferreira, 37 anhos (com semblante de sexagenária,om três filhos pequenos, que tentava se abrigar do frio sobre marquizes do ginásio Aecim Tocantins, em Cuiabá. Porém, os desabrigados sofreram mais em capitais como Curitiba e Porto Alegre. Na segunda (8), quando fazia 3°C, um morador de rua de Curitiba, sexagenário, foi recolhido por policiais com sinais de hipotermia e acabou morrendo. Em Porto Alegre, em uma noite em que a temperatura em chegou a 2°C, Edson Luís Barbosa, 50, viu seu barraco no centro pegar fogo acidentalmente e perdeu o abrigo. "Uma mulher nos entregou dois cobertores, mas ainda assim foi congelante", diz Barbosa, que há seis anos deixou com a mulher o bairro onde morava para fugir do tráfico.No Rio, o número de moradores de rua contados pela prefeitura quase triplicou de 2013 a 2016, para 14.279 pessoas. Depois, a gestão Marcelo Crivella (PRB) mudou a metodologia e contou menos de 5.000 pessoas nessa situação -especialistas contestam. As marquises do centro ficam lotadas, com fila para a sopa levada por voluntários, e até na praia se dorme.Em Porto Alegre, a prefeitura estima em 4.000 as pessoas nas ruas, o dobro do registrado em 2016. Em Curitiba, o avanço foi de 50% em três anos, para 2.186 neste ano. Não há levantamento anual em Belo Horizonte, Recife, Salvador e Fortaleza, mas ONGs que atuam com pessoas em situação de rua confirmam o aumento recente.Na capital baiana, a prefeitura tem cadastradas 5.900 pessoas. Contudo, um estudo feito em 2017 pela ONG Projeto Axé aponta de 14 mil a 17 mil pessoas nas ruas de Salvador.O problema também avança no Recife. "Um termômetro é o número de quentinhas que distribuo em um dia. Mais de 3.000", diz a assistente social Renata Cavalcanti Damasceno, da ONG Missão Solidária.A prefeitura estima 1.220 pessoas nas ruas, mas usa dados de 2016. Entre os cadastrados não está Janaína de Santana, 36, que no ano passado deixou o barraco em uma comunidade da zona norte em busca de comida e dinheiro com os dois filhos pequenos. Com um colchão e algumas roupas, vivem diante do Tribunal de Justiça de Pernambuco.Marcos Cândido, cofundador do Projeto Axé, que atende crianças em situação de rua na Bahia há 30 anos, afirma que a mitigação do problema passa por acolhimento, educação e oportunidade. "É uma população que tem a mesma demanda que qualquer outro ser humano,  trabalhar e produzir. Elas vão para a rua pela sobrevivência."As prefeituras afirmam trabalhar no acolhimento. No Rio, as abordagens a moradores de rua triplicaram desde 2015, para 140 mil no ano passado, com 2.400 pessoas acolhidas por mês nesse período. A de Belo Horizonte diz ter equipes com 97 profissionais para o atendimento, e a de Salvador afirma ter 9 unidades de acolhimento e a meta de chegar a 14 neste ano, com 700 vagas. Recife anunciou um abrigo noturno para 200 pessoas e três restaurantes populares.Curitiba dispõe 1.200 vagas em casas de acolhimento, e Porto Alegre diz manter 415 vagas em albergues e 37 pessoas com Aluguel Solidário. Florianópolis afirma ter intensificado a abordagem com a oferta de abrigo, refeições e passagens de ônibus para que migrantes retornem. A de Fortaleza não informou açõe