Até chegar ao ponto de delegadas interrogarem ex-comandante da PM sobre "grampos" em MT, a ação colocou Poder contra Poder desde quando o caso veio a público

Até chegar ao ponto de delegadas interrogarem ex-comandante da PM sobre GRAMPOS5
Até chegar ao ponto  de hoje em que delegadas da Polícia Judiciária Civil interrogam um coronel  e ex-comandante-geral da  PolÍcia Militar, a Redaçãio do Página Única levantou os principais desdobramentos  da chamada Grampolândia Pantaneira - um escândalo que sacudiu as entranhas dos Poderes em Mato Grosso. Veja mais abaixo retrospectiva sobre o caso a partir de 2017   RedaçãoA Polícia Civil de Mato Grosso, em trabalhos da Equipe Especial, designada exclusivamente para conclusão dos inquéritos sobre as interceptações ilegais, realizou na tarde desta quinta-feira (05), interrogatório do coronel PM Zaquel Barbosa,  com a finalidade de esclarecer e individualizar a atuação de cada um dos investigados envolvidos no esquema fraudulento dos “grampos ilegais”.A Polícia Civil destaca que não tem medido esforços para concluir o mais célere possível as investigações desse emblemático caso, primando por provas técnicas dentro da mais estrita legalidade.A equipe aguarda laudos periciais de vários equipamentos eletrônicos obtidos durante esta nova fase da investigação.As investigações prosseguem sob a gestão das delegadas Luciana Canaverde e Jannira Laranjeira, não havendo previsão de alteração na equipe, como vem sendo propagado em alguns veículos de mídia.   CONFIRA RETROSPECTIVA DA GARMPOLÂNDIAO caso das interceptações ilegais, mais conhecido como “Grampolândia Pantaneira”, causou discórdia entre Ministério Público Estadual, Tribunal de Justiça e OAB-MT, tão logo veio a público. O embate teve início a partir de uma notícia-crime, por meio da qual a Ordem apontava a presença de indícios de participação de membros do MPE no esquema.A Procuradoria-Geral de Justiça chegou a se manifestar pelo arquivamento da notícia-crime e ainda pediu a exclusão da OAB como parte interessada no caso. O Tribunal de Justiça negou o pedido.O escândalo dos grampos veio à tona em maio de 2017, quando o Fantástico, programa da Rede Globo, divulgou entrevista com o promotor do Ministério Público e ex-secretário de Segurança Pública Mauro Zaque, na qual declarou que o então governador Pedro Taques (PSDB), desde 2015 tinha ciência do esquema de arapongagem existente na equipe para espionar adversários.À época, Zaque disse que o esquema foi promovido para obter informações privilegiadas de políticos, jornalistas, servidores e médicos. As ligações teriam sido interceptadas por meio de “barriga de aluguel”, utilizado pela Polícia Militar para monitorar os adversários de Taques.A alegação da PGJ ao requerer o arquivamento foi que o Núcleo de Ações de Competência Originária (Naco) já havia instaurado um procedimento para apurar o fato noticiado em toda a extensão e que havia sido encaminhada uma cópia para a Corregedoria-geral do MPE para apreciação dos fatos no âmbito administrativo. Assim, defendeu que o segredo de Justiça deveria ser decretado pelo procurador-geral e que a OAB não poderia acompanhar a investigação.Diante disso, a OAB protocolou um pedido para que a deliberação sobre o arquivamento fosse avaliado pelo plenário do TJ, tendo em vista a relevância social do tema. Por unanimidade, o Pleno do tribunal negou o pedido de arquivamento e manteve a Ordem como parte interessada no caso.MPE de foraEm meio ao embate, já em setembro daquele ano, o desembargador do TJ, Orlando Perri, também apontou a suspeita de que um grupo de promotores de Justiça estaria envolvido na organização criminosa e interessado no afastamento das investigações do caso dos grampos ilegais.A suspeita foi levantada na decisão que determinou a prisão de secretários, ex-secretários e militares, para a qual dispensou a necessidade de ouvir o parecer do MPE para assegurar “sigilo total e absoluto das diligências”. O pedido das prisões partiu da delegada Ana Cristina Feldner.“De acordo com depoimento prestado pela testemunha tenente-coronel Soares, ao que parece, não cuidava de um único membro do Ministério Público Estadual, e, sim, que haveria um grupo do Ministério Público interessado em meu afastamento das investigações”, diz trecho da decisão.O presidente da Associação Mato-Grossense do Ministério Público (AMMP), promotor de Justiça Roberto Turin, reclamou do desmerecimento à imagem do MPE na condução das investigações. Turin disse que os membros do MPE não “são vacas de presépio” e afirmou que o alijamento do MPE se deu com base em falatórios.“Caso haja, de fato, participação de algum membro do MPE, ele precisa ser investigado, julgado e condenado. Mas, isso precisa ser feito dentro das regras legais. É inconcebível colocar sob suspeita toda a instituição e execrar publicamente um promotor, sem dar a possibilidade nem de argumentação. Com base em um falatório”, declarou.Quem também não se calou foi o à época presidente do MPE, o procurador-geral de Justiça Mauro Curvo. Em entrevista ao falou sobre o temor da anulação da investigação por conta das irregularidades na tramitação. Para Curvo, Perri não podia conduzir uma investigação que envolvia, diretamente, o então governador Pedro Taques (PSDB), que por conta de seu foro por prerrogativa de função só pode ser investigado pela Procuradoria Geral da República (PGR) com autorização do Superior Tribunal de Justiça.STJE foi o que aconteceu. Em 11 de outubro de 2017 o STJ avocou todos os procedimentos investigatórios relativos ao caso dos grampos ilegais que estavam em curso no TJ, nas mãos de Perri. No mesmo mês, o ministro Mauro Campbell soltou sete investigados e criticou a falta de manifestação do MPE.Taques negaO ex-governador Pedro Taque sempre negou veementemente qualquer participação ou ter sido conivente com os grampos. Taques taxou de lamentáveis os fatos e garantiu tomar medidas para investigar a situação, uma delas foi representar contra Zaque na Procuradoria Geral de Justiça (PGJ), no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e a Procuradoria-Geral da República (PRG).